(Continuação daqui)
SIC Notícias: "Costa quer perceber e resolver os problemas dos portugueses que votaram no Chega" (cf. aqui)
3. Pedro Frazão
O distrito de Santarém é o distrito emblemático do CHEGA em mais do que os dois aspectos que mencionei anteriormente - a defesa da agricultura e da tauromaquia.
Quem estivesse atento aos detalhes na noite das eleições legislativas teria notado que o primeiro deputado do CHEGA a ser eleito foi o deputado pelo distrito de Santarém. Já meses antes, na noite das eleições autárquicas, quem estivesse atento aos mesmos detalhes, teria notado que o primeiro vereador a ser eleito pelo CHEGA em todo o país foi o vereador à Câmara Municipal de Santarém.
Em ambos os casos se trata de Pedro Frazão, o vereador da Câmara de Santarém que agora passou a deputado na Assembleia da República pelo CHEGA. Também aqui existe uma singularidade. Em Santarém só foram eleitos deputados do PS e do PSD, com uma única excepção.
A excepção é obviamente Pedro Frazão que tirou o lugar no Parlamento ao histórico militante do PCP, António Filipe. Um partido que se declara oficialmente cristão tirou o lugar a um partido que se declara oficialmente ateu. E fê-lo através de um homem que é supranumerário do Opus Dei. Quem lê a linguagem de Deus na realidade, e não apenas nos livros, não pode deixar de encontrar aqui um sinal e um tema para reflexão.
Entre todas as tradições que contribuíram para formatar a identidade portuguesa, a principal é a tradição cristã, na versão católica, e o CHEGA foi o primeiro partido, através do seu presidente André Ventura, a trazer Deus para o espaço público e para a política, que é o lugar próprio de Deus num país de tradição católica, como Portugal.
Desde a revolução de Abril de 1974 que o Estado português, imitando os países protestantes do norte da Europa - onde a religião e, portanto Deus, é um assunto privado - virou costas à mais importante das tradições do povo português - a sua tradição católica - e meteu Deus no armário, passando os portugueses a viver na esfera pública como se Deus não existisse (etsi Deus non daretur).
E que mal vem daí ao mundo, o de encarcerar Deus no armário e retirá-lo da esfera pública num país onde Deus tem uma tradição de figura pública?
Vem um mal extraordinário. É que desaparecendo Deus da esfera pública desaparecem também da política todos os valores que Deus representa de forma suprema - a verdade, a justiça, a liberdade, a honestidade, o amor ao próximo, a bondade, a lista é sem fim.
Tirar Deus da vida pública tem consequências catastróficas. É abrir a porta à mentira, à injustiça, à corrupção, à maldade, à opressão, ao ódio, à violência, a lista não tem fim.
Este é mais um problema - eu diria mesmo, o maior problema - dos portugueses que votaram no CHEGA.
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