02 fevereiro 2022

o feminismo

 

Nossa Senhora do Bom Sucesso (cf. aqui)


Cristiano Ronaldo é um extraordinário jogador de futebol, e muito admirado por isso. É um homem importante da sua geração, o exemplo acabado de um grande talento e de um excelente profissional na sua actividade.

A sua mãe, D. Dolores, também é hoje uma pessoa importante na sociedade, embora menos que o filho. A razão é que a importância de D. Dolores é uma importância derivada - deriva do facto de ela ser mãe de quem é.

Hoje é dia de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Nossa Senhora não é deusa nenhuma, tal como D. Dolores não é jogadora de futebol. O seu filho, Cristo, esse sim, é que é Deus, enquanto o filho de D. Dolores, Ronaldo, é uma espécie de deus do futebol

Em termos de relação, Nossa Senhora está para Cristo como D. Dolores está para Cristiano Ronaldo, mas com uma diferença importante, um verdadeiro paradoxo em que a religião católica é fértil. E o paradoxo é que, embora não seja deusa, é Nossa Senhora e não o seu Filho - a Mulher e não o Homem - que está no centro do culto popular católico. (Veja, por exemplo, que em Portugal o maior centro de devoção católica - Fátima - é dedicado à Mãe, e não ao Filho)

Cristo pretendeu fazer de toda a humanidade uma comunidade, uma família, mas a tradição popular pôs no centro dessa comunidade a sua Mãe e não Ele próprio. A própria Igreja (uma palavra que vem do grego ecclesia e que significa comunidade) é a figura teológica de Maria - isto é, a própria Igreja é uma figura de Mulher.

E isto é assim também na comunidade mais elementar da sociedade que é a família. No centro da família portuguesa está, em geral, uma figura de mulher - a mãe. Quer dizer, na cultura católica dos portugueses, a mulher é mais importante do que o homem.

Deixe-se cair a veneração da Virgem Maria, como fizeram os protestantes,  e fica só o Homem, Cristo - o princípio protestante Solo Christo - retirando à mulher toda a centralidade que a cultura católica lhe confere. 

O resultado nos países onde o protestantismo se impôs foi a quase destruição da Igreja ("comunidade") que se partiu em numerosas seitas, todas elas lideradas por homens. Lutero e Calvino são os nomes mais conhecidos.

Essa sociedade protestante e masculina onde só o homem conta, e a mulher não tem importância nenhuma, que ainda hoje prevalece no norte da Europa onde o protestantismo se impôs, é uma sociedade que desvaloriza as mulheres. Não surpreende que os movimentos feministas tenham nascido no norte da Europa e que se justifiquem aí.

Mas como justificá-los numa cultura católica como a de Portugal onde a mulher é posta num pedestal? A própria Igreja Católica é a figura teológica de uma Mulher - Maria - servida por muitos milhares de homens - os padres. Como justificar numa cultura assim, a revolta das mulheres contra os homens?

Não existe justificação possível. É por isso que o Bloco de Esquerda, que trouxe para Portugal o feminismo dos países protestantes do norte da Europa, não tem futuro nenhum no país e está a morrer. As militantes do BE enganaram-se no país.

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