05 junho 2021

se fossem laranjas


O DIAP do Porto, ao serviço do PSD, tem andado a perseguir o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, por causa de uma procuração que passou a um advogado da Câmara. Houve conflito de interesses de que resultaram prejuízos para a Câmara, diz a acusação. (A verdadeira razão é que Rui Moreira reduziu à insignificância o PSD na sua cidade natal).

Nunca ocorreu ao DIAP do Porto perseguir o antecessor Rui Rio que, apesar de ter um enorme gabinete jurídico e muitos advogados da Câmara ao seu dispor, durante anos pagou em média 15 mil euros por mês à sociedade de advogados Cuatrecasas-Porto dirigida pelo seu colega de partido Paulo Rangel (cf. aqui). Aqui não houve nenhum conflito de interesses nem nenhum prejuízo para a Câmara.

Foram milhares de horas em assessoria jurídica por ano (cf. aqui e aqui). Ora, se fossem laranjas, nós ainda podíamos contá-las, agora, horas de assessoria jurídica, esfumam-se pelos dedos.

E - já agora, é caso para perguntar -, o PSD que pôs Rio a presidente da CMP e Rangel a eurodeputado e director da Cuatrecasas, não recebeu nada, nem uma comissãozita - o PSD virou associação de beneficência?

A explicação para tudo isto é que, quer a abertura do inquérito-crime a Rui Moreira (2014), quer os cambalachos entre Rui Rio e Paulo Rangel com dinheiros públicos, ocorreram quando a PGR era Joana Marques Vidal (nomeada pelo PSD) e o director do DIAP-Porto era António Vasco Guimarães, promovido a procurador-geral adjunto (a categoria mais alta do Ministério Público) e nomeado director do DIAP-Porto logo após o PSD ter chegado ao governo (cf. aqui). Em suma, o DIAP-Porto estava nas mãos do PSD.

A nível nacional, em 2018 o Ministério Público tinha 13 processos abertos por financiamento ilegal dos partidos (cf. aqui), mas continuam todos na gaveta. Até o Tribunal Constitucional se esquece de cobrar aos partidos umas multas por irregularidades no financiamento... (cf. aqui).

Aqui ao lado, em Espanha, é que a coisa parece estar feia para o partido-irmão do PSD, o Partido Popular (PP). O ex-tesoureiro do PP, Luís Bárcenas, que apanhou 33 anos de prisão, decidiu pôr a boca no trombone (cf. aqui).

Nem a sociedade de advogados Cuatrecasas, que é próxima do PP (cf. aqui e aqui) e especialista a defender mafiosos (cf. aqui), vai conseguir resolver a situação. 

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