10 agosto 2020

a moral da história


Nos últimos dias o jornal Público, com a linguagem do Bloco de Esquerda, tem vindo a veicular uma campanha contra o Novo Banco que, na minha opinião, tem origem no Governo e nos partidos da geringonça.

Esta campanha visa criar um clima de opinião pública que leve o Governo a não cumprir o contrato que assinou com o fundo Lone Star, comprador do Novo Banco, e mediante o qual, através do Fundo de Resolução, o Governo se compromete a indemnizar o Lone Star até ao limite de 3.9 mil milhões de euros de perdas do Novo Banco.

Essa campanha teve hoje o segundo episódio, com destaque de primeira página. Desta vez, é uma seguradora que o Novo Banco terá vendido por menos de metade do valor pelo qual a seguradora estava inscrita no seu balanço.

Como no caso anterior - e que tratei noutro post (cf. aqui) - a jornalista parte do princípio que o valor inscrito na balanço é o verdadeiro valor do activo e que, portanto, ao vender abaixo desse valor, o Novo Banco está a incorrer em perdas pelas quais se faz depois ressarcir a partir do Fundo de Resolução, que é maioritariamente financiado pelos contribuintes portugueses.

O artigo de hoje, assinado pela jornalista Cristina Ferreira, tal como o anterior, é uma história mal contada e uma patranha do princípio ao fim, e já mereceu um comunicado do Fundo de Resolução que aprovou a transacção (bem como a Autoridade dos Seguros) (cf. aqui).

Não. Os patifes desta história não são nem os administradores do Novo Banco, nem o Lone Star nem o Fundo que agora comprou a seguradora.

Não. Os patifes são os governantes portugueses que quiseram enganar o Lone Star e vender o Novo Banco por um preço muito superior ao seu valor de mercado, inscrevendo no balanço vários activos por um valor superior ao seu verdadeiro valor de mercado.

Quer dizer, a moral da história é exactamente ao contrário daquela que o Público pretende passar, imagina-se ao serviço de quem. Há histórias que só se compreendem quando se presume que o Estado português é uma associação de criminosos.

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