20 julho 2020

Coitadas

8584. Já a ES IRMÃOS, empresa até aí não auditada, a partir de 2014 (relativamente às contas de 2013), e por ter sido catapultada para uma maior dimensão com a compra da participação na ESFG, passou a ser auditada pela KPMG, auditora que, posteriormente, assumiu também as funções de ROC e Fiscal Único da sociedade.
(…)
8587. Todas estas questões, e por opção deliberada de RICARDO SALGADO, MANUEL FERNANDO ESPÍRITO SANTO e JOSÉ MANUEL ESPÍRITO SANTO, porque decidiram escolher a KPMG como auditora da ES IRMÃOS, ao invés da E&Y como seria natural uma vez que esta já era auditora da RIOFORTE e a ES IRMÃOS passou a ser sua subsidiária, ficaram sob análise de três auditores:
− A E&Y enquanto auditora da RIOFORTE;
− A PwC no âmbito do ETRICC;
− E a KPMG enquanto auditora escolhida para a consolidação pró-forma das contas da ESI imposta pelo BdP e auditora e ROC da ES IRMÃOS. 
(…)
8605. RICARDO SALGADO, JOSÉ MANUEL ESPÍRITO SANTO, MANUEL FERNANDO ESPÍRITO SANTO, JOÃO MARTINS PEREIRA e José Castella, pela manipulação e ocultação de informação à E&Y, auditora da RFI, conseguiram que esta certificasse as contas consolidadas desta sociedade sem reservas. 
(J. Ranito et. al., Despacho de Acusação do Ministério Público sobre o caso BES, pp. 2668-2676).

Coitadas das auditoras. Todas multinacionais, todas gigantes, todas cobrando fortunas pelos seus serviços. E depois, deixam-se enganar desta maneira… ao mesmo tempo que a candura do Ministério Público é enternecedora.

As grandes auditoras são o equivalente, na esfera económico-financeira, das grandes sociedades de advogados. Nos momentos decisivos, não fizeram nada, não se lembram de nada, não viram nada. Excepto navios (cf. aqui)

Que o Ministério Público era dado a prender-se de amores por grandes sociedades de advogados, isso eu já sabia (cf. aqui). Agora, por grandes auditoras é que eu não sabia.

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