O segundo passo que o liberalismo dá para acabar com os pobres é classificá-los.
Divide-os entre pobres merecedores (deserving poor) e pobres não-merecedores (undeserving poor).
O critério de classificação é muito simples. Pertencem à segunda categoria todos aqueles que têm condições para trabalhar e à primeira os incapazes para o trabalho.
Aos pobres não-merecedores, o liberalismo tem um presente para lhes oferecer e que tratarei no post seguinte: múltiplas oportunidades de emprego.
Ficam apenas os primeiros, só esses constituem verdadeiros pobres e um fardo para a sociedade.Em relação aos outros (undeserving poor), o liberalismo aplica-lhes a regra: "Quem não trabalha não come", isto é, quem, sendo válido, não participa no produto social também não tem direito a uma fatia dele.
Não conferindo aos pobres qualquer estatuto especial aos olhos de Deus ou da sociedade, o liberalismo desencoraja o aparecimento dos pobres. E arranjando trabalho a todos aqueles que podem trabalhar, o liberalismo reduz a pobreza ao mínimo - a pobreza fica reservada aos incapazes para o trabalho. (A maneira como o liberalismo lida com estas pessoas e as socorre será tratada noutra altura).
Ora, ninguém gosta de parecer incapaz, por isso, numa sociedade liberal ninguém gosta de ser pobre porque os dois termos se tornam sinónimos.
A pobreza, que numa sociedade católica é uma graça que Deus confere aos seus eleitos, torna-se um estigma social numa sociedade liberal. Ninguém quer ser pobre nesta sociedade.
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