-O que é que tencionas fazer na vida com as capacidades e os talentos que Eu te dei?
pergunta o Deus calvinista a cada homem.
-Eu quero ser professor, responde um.
-Eu quero ser jogador de futebol, diz outro
-Eu quero ser cozinheiro, responde ainda outro.
-Pois bem - diz o Deus calvinista - Eu não permitirei que ninguém se ponha no vosso caminho e vos crie qualquer impedimento a que cada um de vós venha a ser aquilo que deseja.
É esta a ideia de liberdade individual, ninguém se pode pôr no caminho de cada homem impedindo ou dificultando que ele atinja os fins que ele próprio se propõe na vida. É assim que a Liberdade tritura a pobreza.
E é esta ideia de que cada homem é chamado a desempenhar uma função útil na vida, utilizando as capacidades e os talentos que Deus lhe deu que inspira religiosamente o liberalismo. É a ideia calvinista de calling.
O Deus calvinista não tem paciência para um homem saudável e que permanece pobre. Inquire-o com severidade e uma óbvia desconsideração:
-Então, dei-te múltiplas capacidades (força física, inteligência, etc.) e múltiplos talentos (beleza física, jeito para o desenho, gosto pela cozinha,...) e tu não os utilizaste para te livrares, e aos teus, dos horrores da pobreza!?
O homem que nasceu pobre - principalmente este - e que se torna rico, utilizando as capacidades e os talentos que Deus lhe deu (v.g., tornando-se um grande empresário, um grande profissional, um grande jogador de futebol) é o maior orgulho do Deus calvinista.
O pobre é a Sua grande decepção.
E aos olhos do Deus católico, como é que Ele vê o pobre e o rico e, especialmente, o pobre que se torna rico, às vezes chamado depreciativamente novo-rico?
Aos olhos do Deus católico, o pobre é um coitadinho e o novo-rico é de certeza um pecador, senão mesmo um criminoso (pode lá ser que neste mundo católico um pobre possa enriquecer sem ser por meios desonestos…)
Sem comentários:
Enviar um comentário