15 maio 2019

a maminha da mamã

Uma estatística recentemente divulgada pelo Eurostat, o organismo de estatística da União Europeia, diz mais do que um milhão de explicações acerca da ausência de uma cultura liberal nos países de tradição católica do sul da Europa, em comparação com os países de tradição protestante do norte.

A estatística é esta: cf. aqui.

Num post anterior caracterizei o liberalismo como a proclamação de que "Quem decide a minha vida sou eu!" (cf. aqui).

Ora, uma cultura onde, em média, as pessoas ficam em casa da mamã e do papá até aos 30 anos e, nalguns casos, para além disso, é uma cultura de pessoas que não têm pressa nenhuma em decidirem a sua vida por si próprias.

E quando, aos 30 anos, deixam de ter a maminha da mamã, habituaram-se de tal maneira à maminha, que são já um caso perdido para o liberalismo. Agora, querem a maminha do Estado.

Portugal é uma sociedade híper-protegida onde as pessoas se fazem à vida muito tarde, se é que muitas alguma vez se fazem. São, literalmente, pessoas muito mimadas quando comparadas com as gentes do norte da Europa, onde o liberalismo nasceu (o liberalismo é a doutrina política que emergiu do protestantismo calvinista).

É muito difícil fazer uma sociedade liberal com esta matéria-prima. Mas não se perde nada em tentar.

1 comentário:

francisco disse...

Não estará aqui a confundir alguns conceitos? O que é que a tradição católica tem a haver com esta situação?

No estudo a França, Bélgica, Áustria e Luxemburgo são países de tradição católica e todos eles têm uma média de idade muito mais baixa.

A questão parece ser muito mais de possibilidade e oportunidade económica do que de mentalidade e tradição. E neste aspecto sim, acho que pode indicar que a Iniciativa Liberal é uma melhor escolha em relação aos socialismos dos outros partidos pelas oportunidades e propostas económicas que promove.

A tradição católica no nosso pais sempre promoveu a saída de casa bem cedo, de tenra idade sempre se iniciou a praticar e a aprender um ofício, sempre incentivou a casar-se cedo e a formar família. Sempre foi uma proposta que apela à responsabilidade e ao dever e não à «maminha da mamã».

A questão de sair-se de casa mais tarde acontece em todo o mundo ocidental, vem precisamente da ideologia liberal como filosofia de vida, retirando o lugar ao sentido cristão. É a lógica do «Quem decide a minha vida sou eu!» que promove a idolatria da juventude, do aproveitar a vida e o ser-se jovem (esticando até aos 30 anos), é o querer adiar para mais tarde as responsabilidades e os deveres querendo formar família cada vez mais tarde e ter filhos cada vez mais tarde. Tudo isto é lógica de uma vida liberal e não de uma vida cristã.

Acontece então que nuns países é possível seguir essa lógica do «Quem decide a minha vida sou eu!» saindo cedo da casa dos pais e noutros não existe a mesma oportunidade.