Cada idade tem a sua maneira de pensar e, convencionalmente, a vida humana está dividida em três idades, numa divisão que tem para mim bastante significado. A primeira idade termina no fim da adolescência, iniciando-se a fase adulta por volta dos 20 anos. Esta "segunda idade" dura até aos 65, altura em que começa a terceira idade.
Um homem de 35 anos não pensa como quando tinha 5, e o mesmo homem aos 65 não pensa como quando tinha 35. É certo que as diferenças são menores neste último caso do que no primeiro, mas ainda assim são muito significativas.
O que é que se transforma, então, à medida que um homem vai pela vida?
Eu diria que são, sobretudo, as prioridades, a importância que se dá às coisas. Aquilo que é muito importante para um homem aos 35 anos de idade, provavelmente não tem importância nenhuma para ele aos 65.
E aos 65 é muito provável que ele tenha descoberto coisas importantes que nunca imaginou que existissem na vida, ou passe a dar muita importância àquilo que aos 35 não dava importância praticamente alguma.
A terceira idade, como todas as idades, tem imensos encantos, é preciso é descobri-los. E é um dos maiores encantos da terceira idade - na qual entrei no último Domingo -, que eu vou revelar a seguir.
Não sem antes dizer que quem chega à terceira idade já conheceu muito do que é a vida. Na realidade, tem pouco mais para conhecer, visto que esta é a última idade da vida. Por isso, na terceira idade, um homem procura sobretudo viver aquilo que há de bom na vida, evitando tudo o que é mau. Tanto mais que, nessa idade, ele tem a obrigação de saber distinguir entre o bem e o mal.
E como é que ele se afasta do mal, de modo a viver só com o bem?
Através de uma frase que está reservada às pessoas da terceira idade: "Olha...já não tenho idade para isso...". Poder agora dizer esta frase com toda a propriedade é, para mim, um dos maiores encantos da terceira idade.
Foi assim que eu hoje respondi a quem me perguntou como é que eu reagia à carta do HSJ, redigida pela Cuatrecasas (cf. aqui), e que me foi enviada por e-mail: "Olhe...já não tenho idade para aturar pantomineiros..."
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