Não é nada agradável ter sido acusado de um crime que não cometi, e pelo qual fui absolvido.
É ainda menos agradável estar condenado por um outro crime de que estou inocente, porque o juiz errou na jurisprudência.
Não me incomoda - caso a sentença venha algum dia a tornar-se efectiva - ter de pagar uma indemnização de 5 mil euros à Cuatrecasas e uma multa de 4 mil euros ao Estado português. Eu posso pagá-las.
Aquilo que me incomoda é o sentimento de injustiça que não consigo afastar.
O que me incomoda é a impunidade daqueles que se escondem por detrás das instituições, e utilizam as instituições, para praticarem o dano gratuito, o dano sem razão, fazerem o mal e a caramunha e ainda se ficarem a rir.
Incomoda-me a hipocrisia e a retórica daqueles que propugnam o Estado de Direito, mas que utilizam as regras e as leis para as aplicar aos outros, que não a eles.
Incomoda-me o sentimento de casta próprio de quem se sente sempre a excepção, sem mérito que se veja.
Incomoda-me, enfim, tudo aquilo que já incomodava Cristo há dois mil anos atrás, o qual também foi condenado sem razão.
Em suma, incomodam-me os novos fariseus. E começo a perceber - e, sobretudo, a sentir na pele -onde é que eles estão:
"Revelar as contas continua a ser uma tema tabu no mercado da advocacia português, com os próprios escritórios a evitar passar os números cá para fora.
Sobre a divulgação dos números, a opinião divide-se. José Luís Arnault, managing partner da CMS Rui Pena & Arnault, diz que a 'advocacia não é uma actividade industrial' e Daniel Proença de Carvalho, presidente da Uría Menéndez - Proença de Carvalho, considera que a advocacia não é um 'negócio' e que a divulgação deve 'ficar para as gerações mais novas' " (cf. aqui)
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