14 setembro 2018

os mouros

Esta semana estive com o ex-jornalista Júlio Roldão, o promotor de um abaixo-assinado para a construção da ala pediátrica do HSJ, que teve impacto mediático (cf. aqui).

Tinha duas coisas para lhe dizer.

A primeira era felicitá-lo pela iniciativa.

A segunda era um pequeno reparo respeitante ao facto de o abaixo-assinado ser dirigido ao Governo e à Assembleia da República em Lisboa para que desbloqueassem a obra do Joãozinho.

O reparo foi precedido de uma nota autobiográfica. A seguinte.

Embora eu tenha vivido a maior parte da minha vida no Porto, eu sou de Lisboa onde vivi até aos 18 anos, altura em que vim frequentar a universidade para o Porto.

Hoje, a maior parte dos meus descendentes (filhos e netos) são naturais do Porto, mas a minha família de origem (irmãos, cunhadas, sobrinhos, sobrinhos-netos, etc.) continua a viver em Lisboa.

Eu gosto de viver no Porto, caso contrário já teria mudado. Mas também gosto, naturalmente, da minha cidade-natal, Lisboa. O meu coração divide-se entre as duas.

Embora o regionalismo portuense tenha muitas vezes razão, acontece outras vezes exagerar, e eu não posso subscrever o exagero, que é o de, perante um qualquer problema, um mal, um desconforto, apontar prontamente o dedo a Lisboa e aos mouros.

E não posso subscrever o exagero, às vezes acompanhado de uma certa injustiça, pela óbvia razão de que eu também sou mouro.

E, agora, depois desta explicação, o reparo que lhe fiz:

Quem está a bloquear a obra do Joãozinho não é nem o Governo nem a Assembleia da República em Lisboa, a quem o abaixo-assinado foi injustamente dirigido.

Os bloqueadores da obra do Joãozinho estão aqui entre nós, no Porto - não em Lisboa. A administração do HSJ que desimpeça o espaço e na semana seguinte a obra estará em andamento.

O senhor Júlio Roldão parece que não tinha esta informação.

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