05 agosto 2018

não pode ser

Escreveu-me há dias um leitor do PC a perguntar se o meu silêncio tinha algum significado, e eu interpretei a pergunta no sentido de saber se estava relacionado com a sentença de que recentemente fui alvo (cf. aqui) e que me foi em parte favorável e em parte desfavorável (mais para o lado favorável do que para o lado desfavorável).

A resposta é não. Desde que foi proferida a acusação contra mim por difamação agravada ao Paulo Rangel e por ofensas à Cuatrecasas em finais de Junho do ano passado, eu escrevi mais de mil posts sobre o assunto. Com a produção da sentença em Junho passado completou-se mais uma etapa do processo, que ainda não está acabado, e era altura de descansar um pouco, e também ganhar distanciamento. Mas é claro que eu tenciono completar o meu case study (cf. aqui).

Esta situação de ser parte do processo e ao mesmo tempo comentador tem os seus riscos no que respeita à parcialidade. E eu pretendo ser imparcial. Eu não quero um Portugal melhor só para mim. Ora, um dos problemas da falta de cultura democrática em Portugal, é que os governantes democráticos, admitindo embora que querem um Portugal bom para todos, muitos deles visivelmente querem um Portugal melhor só para eles.

As leis que criminalizam a difamação e a ofensa servem sobretudo para proteger esta casta. Por isso, fiquei muito satisfeito quando um outro leitor deste blogue me chamou a atenção para uma notícia recente que dá conta da entrada na Assembleia da República de uma petição que visa revogar a legislação que criminaliza a difamação e a ofensa (cf. aqui).

Não estou muito optimista no curto prazo, mas é um primeiro passo. É que os deputados, que são também na maioria advogados, são uma das classes que mais beneficiam dessa legislação.

Portugal é um país católico e, portanto, um país de tudo. Se existe terrorismo no mundo, nós também temos de o ter.  Um país que importa tudo como Portugal, não o faz, porém,  de forma bruta e, no que respeita à violência, adapta-a à sua cultura, suavizando-a e tornando-a menos agressiva e certamente não-letal.

Nós não temos aquele terrorismo que põe bombas nas ruas das cidades, atira aviões contra prédios ou  camiões contra a multidão. As nossas formas de terrorismo são muito mais brandas. Uma delas é o terrorismo judicial. E é para isso que servem os artigos 180º a 184º do Código Penal.

Ora, no dia em que forem revogados estes artigos, nós ficamos sem terrorismo nenhum. E isso não pode ser. A cultura não permite.

4 comentários:

Anónimo disse...

Um desafio, pensar numa situação em que o terrorismo possa ser uma coisa boa.

José Lopes da Silva disse...

Não temos terrorismo... mas o sr. Carvalho continua a ser candidato a presidente do Sporting CP, com uma grande falange de apoio.

Daniel Ferreira disse...

Usar o sistema judicial para perseguir vozes incómodas sempre foi imagem de marca dos governos genocidó-comunistas, como o senhor sabe bem melhor que eu.

O facto de lhe terem aberto processos "por nada" é apenas para tornar o mais incómoda possível a sua vida pessoal, tentando-o falir em custas nos entretantos. Ainda bem que é uma pessoa de bem e não tem (muitos?) fantasmas no armário, ou este processo "do nada" ia ser uma bola de neve transformada em avalanche que o ia arrastar a si e aos seus.

Continue na luta caro conterraneo, o Bem vence sempre no fim.

Daniel Ferreira disse...

E por falar em terrorismo (do a sério), este governo sombra do sr. Soros que nos desgoverna atualmente assinou 2 acordos no ano de 2017:

Um com o governo do país com mais campos de treino do Daesh (Iraque) com o intuito de "modernizar material administrativo" (I kid you not). O que será que não cabem nos contentores que são precisos para trazer aquelas mesas de 15 metros das salas de administração das empresas do PSI20?!

E outro com o país sobejamente conhecido por patrocinar 90% das mesquitas que aparecem como cogumelos por essa Europa fora (KSA) em que o nome do acordo tinha a palavra "Felicidade". Como imagino a felicidade dos comunas quando recebem o que de lá vem.