02 junho 2018

optei pelas crianças

(Trato agora o ponto 4) referido no post anterior)

Evidentemente que ninguém gosta de fazer um comentário daqueles - não gostei eu, que estava do lado de cá, e acredito que os advogados da Cuatrecasas gostassem ainda menos, que estavam do lado de lá.

Mas eu tinha esgotado todas as vias de negociação, a obra estava parada há mês e meio, os custos a correr, a construtora à espera que eu lhe desse sinal verde para continuar os trabalhos. O meu comentário televisivo foi a solução de última instância - e a única solução que resolveu o problema. O Protocolo viria a ser assinado (sem as cláusulas das licenças) e os trabalhos seriam retomados.

Eu tinha também de responder perante milhares de pessoas que tinham acreditado naquela obra e se dispunham a contribuir para ela. A 23 de Abril tinham-se reunido no Pavilhão do Estádio do Dragão para um jantar a mil euros por pessoa, 300 pessoas, a maior parte empresários e gestores de grandes empresas nacionais e multinacionais.

O primeiro-ministro do país tinha emprestado a sua credibilidade à obra aceitando estar presente na cerimónia do lançamento da primeira-pedra a 3 de Março.

O Ministério da Saúde tinha já publicado um despacho a aceitar e a agradecer a obra e o Ministério da Segurança Social tinha reconhecido utilidade pública à Associação Joãozinho que a iria fazer.

Milhares de telespectadores do Porto Canal, a quem eu frequentemente apelava para serem mecenas do Joãozinho, esperavam a continuação dos trabalhos, cujo início eu lhes anunciara semanas antes.

E as crianças, instaladas nas condições "miseráveis" - palavras do actual presidente do HSJ - que nos últimos dois meses têm vindo abundantemente a público, ainda que sem me conhecerem, certamente estavam à espera (ou Alguém por elas) que eu lhes fizesse a obra que lhes tinha prometido.

Nas vésperas do meu comentário televisivo, eu tinha, pois, diante de mim, as seguintes opções: ou não fazia nada e a obra pararia ali para sempre;  ou manchava a reputação da Cuatrecasas e do Dr. Paulo Rangel - que, naquela instância,  merecia ser manchada porque o trabalho que produziram era incompetente -, e a obra das crianças avançava.

Eu optei pelas crianças.

Não estou nada arrependido.

Se fosse hoje faria exactamente o mesmo.

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