18 março 2018

o descalabro

No seguimento do meu post anterior, é caso para perguntar: então a Cuatrecasas é assim tão ingénua que vá pôr um processo judicial  correndo o risco de, afinal, ele constituir uma ratoeira onde ela própria e o seu cliente  - a administração do HSJ - iriam ser apanhados?

É isso mesmo. Não contaram com esse risco. São uns incompetentes, fazem as ratoeiras onde eles próprios são apanhados. Por alguma razão eu disse no meu comentário televisivo, pessoalizando no seu director, que são juristas de vão-de-escada, uma expressão que muito os ofendeu.

Está-lhes a sair o tiro pela culatra. Esperavam uma coisa e está-lhes a sair outra, exactamente ao contrário.

E o que é que esperavam?

Basta olhar para o rol de testemunhas, onde apenas seis têm algum conhecimento da obra do Joãozinho, enquanto as outras sete - mais os dois advogados de acusação - não têm nenhum.

Aquela armada destinava-se a ir ao tribunal dizer que o Rangel mais os outros advogados da Cuatrecasas são distintos juristas e que eu, pelo contrário, sou um comentador televisivo exaltado, que nem jurista sou, e que me atrevi a comentar depreciativamente o trabalho de tão distinta elite jurídica (e política, sobretudo isso).

A primeira testemunha a depôr foi o Rangel, que só falou bem de si próprio - na realidade falou bem de mais, apresentando-se também como um distinto Professor universitário (em duas universidades, para que não fosse só uma)

Em seguida, veio o Paulo Mota Pinto, este sim, Professor universitário - para além de ex-juiz do Tribunal Constitucional e ex-chefe dos Serviços de Informação, dois lugares onde foi posto pelo Partido - que falou imensamente bem do Rangel e, pelo caminho,  também de si próprio.

E quis falar tão alto do Rangel que no fim cometeu uma gaffe imperdoável. Foi uma pena - disse ele - que o Rangel, possuindo tão elevadas qualidades, não tivesse seguido a carreira académica. Teria dado um excelente Professor. Assim, ficou só como Assistente.

Apesar de tudo, pode dizer-se que até aqui as coisas estavam a correr de feição.

Até que começaram a desfilar as três testemunhas seguintes, os ex-administradores do HSJ, António Ferreira, João Oliveira e Amaro Ferreira. (O julgamento está interrompido neste ponto).

E em relação a estes, o tribunal não estava nada interessado em saber quão alto eles pensam do Rangel ou dos advogados da Cuatrecasas, mas sim em conhecer ao detalhe a obra do Joãozinho e, em particular, as circunstâncias que rodearam o meu comentário televisivo.

Foi o descalabro.

As próximas testemunhas a depôr são os advogados da Cuatrecasas Filipe Avides Moreira (seu actual director no Porto) e Vasco Moura Ramos.

Estou em pulgas para os ouvir.

Eu não gostaria nada de estar no lugar deles, que é o banco das testemunhas. Prefiro o banco dos réus, que fica logo atrás, donde eu os posso ouvir com clareza.

E ver-lhes o corpo a tremer, como já vi noutras testemunhas.

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