28 setembro 2017

absolutamente nada

A obra vai recomeçar mas com uma amputação do projecto mecenático.

A cedência de uma parcela de terreno (presentemente sem utilização útil) que tinha sido acordada com a anterior administração do HSJ e o anterior Ministério da Saúde, para a instalação de um supermercado que permitiria pagar metade da obra, esta administração do HSJ e este Ministério da Saúde não concedem.

A mensagem é clara: "Vai para a frente com a obra mas cortamos-te uma perna para que caias mais depressa pelo caminho".

É possível ao HSJ/Ministério da Saúde ceder terrenos no espaço do Hospital, para aí instalar um hotel, um banco, uma farmácia privada, lojas privadas de variadíssima natureza, até  um centro comercial. Mas ceder uma parcela de terreno sem utilização útil - e que seria a única contribuição do Estado a esta obra mecenática - para tirar crianças doentes de um barracão metálico, não, para isso já não é possível.

Nunca vi tamanha crueldade e tamanha ingratidão. Parecem estar mais interessados em que a acção mecenática falhe do que em tirar as crianças do barracão.

A um mês do reinício da obra, eu vou ter de ir arranjar uma perna de substituição, se é que a nova perna que vier a arranjar agrada a S. Exas (a perna que agora se pretende substituir demorou ano e meio a fazer). Uma coisa é certa. Esta obra não vai cair pelo caminho.

Mas hipocrisia tamanha eu nunca vi. Não estendem nem um dedo em favor daquelas crianças. Nada, absolutamente nada. Morro de vergonha porque os portugueses não são assim. Algo está mal, muito mal, na cultura do sector público em Portugal. O cinismo não tem limites.

1 comentário:

Camisa disse...

É realmente incrível, mas não deixa de ser compreensível à luz da rasteirice política que grassa neste país.
O Estado tem um vasto património imobiliário que até já demonstrou ter interesse em obter rendimentos do mesmo, quer através da venda, arrendamento, etc.
Neste caso é proporcionada uma oportunidade de ouro para tirar proveito de uma parcela desse património imobiliário mas apenas porque não traz vantagens políticas (talvez até pelo contrário), renegam-se todos os princípios.