A Liga dos Amigos do Hospital de S. João não é, nem de longe, o principal mecenas do Joãozinho. Mas é, de certeza, o mais presente. Em todos os momentos importantes para o Joãozinho, o Professor Serafim Guimarães, catedrático jubilado da Faculdade de Medicina do Porto, que preside à direcção, está presente, às vezes com um emblemático cheque na mão.
A Liga dos Amigos, desde há muito tempo que tinha uma importância para entregar ao Joãozinho, mas, por qualquer razão, nunca o tinha feito. Em matéria de dinheiro, o Professor Serafim Guimarães ouvia bastante o Dr. Miguel Cadilhe que, embora já não ocupando qualquer lugar nos órgãos sociais da Liga, tinha uma especial palavra a dizer no que respeitava ao Joãozinho.
Ora, eu encontrava-me agora frequentemente com o Dr. Miguel Cadilhe, e não apenas por causa do Joãozinho, de que ele também era mecenas. Ele mora a quinhentos metros do meu escritório. Pouco tempo antes, ele tinha feito uma apresentação do meu livro F. - Portugal é uma Figura de Mulher no auditório da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, com o produto das vendas a reverter para o Joãozinho.
Sendo um homem dado aos números, foi o único crítico que notou uma particularidade do livro, e fê-lo logo a abrir: "Embora seja um livro dedicado à sua neta, o professor Pedro Arroja ocupa mais de um terço do livro a tratar da Justiça no país".
Eu conheci o Dr. Miguel Cadilhe em 1972, muito antes de ele me conhecer a mim. Foi quando entrei para a Faculdade de Economia da Universidade do Porto, ele era já assistente - talvez o mais prestigiado de todos os assistentes, certamente aos meus olhos, e ainda não teria 30 anos. Mais tarde, como director do gabinete de estudos do BPA havia de lançar o primeiro boletim de análise económica da conjuntura no país.
Mas não apenas isso. Os cursos de Economia chegaram a Portugal através do Direito e do Instituto Superior de Comércio, e o curso que eu fui encontrar no Porto, em um quarto era Direito, em outro quarto Contabilidade e Gestão, no terceiro quarto Matemática, e só o último quarto era Economia. Ora, devia-se ao Dr. Miguel Cadilhe um novo modo de encarar duas disciplinas centrais num curso de Economia - Estatística e Econometria - as quais, juntamente com Economia I e Contabilidade Industrial constituíam os cadeirões do curso.
Faltavam poucos meses para eu ser aluno dele em Estatística, estava no segundo ano do curso, quando se deu o 25 de Abril e quase todos os professores foram politicamente saneados. Acabaria eu, dois anos depois, a ser monitor de Estatística - ainda como estudante do 4º ano - e mais tarde assistente.
Nessa qualidade, fui co-autor de uma sebenta que dava seguimento àquela que ele tinha deixado na cadeira. Dez anos depois, fui o primeiro regente doutorado da cadeira de Econometria, uma cadeira que ele próprio tinha ministrado juntamente com o Dr. António Filipe.
Nessa qualidade, fui co-autor de uma sebenta que dava seguimento àquela que ele tinha deixado na cadeira. Dez anos depois, fui o primeiro regente doutorado da cadeira de Econometria, uma cadeira que ele próprio tinha ministrado juntamente com o Dr. António Filipe.
Curiosamente, como ele, também eu já tinha sido empregado no BPA, logo depois de terminar o meu curso comercial em Lisboa. Mais tarde, depois de abandonar o Governo, e ainda no seio do BPA, ele fundou o Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais no Edifício Heliântia em Valadares e foi o seu primeiro presidente. Dez anos depois, era eu o presidente.
Ele também já tinha sido presidente de uma Associação mecenática - a Fundação Rei Afonso Henriques -, e eu agora era o mesmo, na Associação Joãozinho. No sector financeiro, ele tinha sido presidente de bancos mas, também aqui, eu não conseguia igualá-lo - eu só tinha conseguido ser presidente de pequenas sociedades financeiras.
Ele também já tinha sido presidente de uma Associação mecenática - a Fundação Rei Afonso Henriques -, e eu agora era o mesmo, na Associação Joãozinho. No sector financeiro, ele tinha sido presidente de bancos mas, também aqui, eu não conseguia igualá-lo - eu só tinha conseguido ser presidente de pequenas sociedades financeiras.
Ministro das Finanças é que nunca fui, nem ele decidiu seguir a carreira académica. Apesar de todas estas coincidências, só conheci o Dr. Miguel Cadilhe no final do seu mandato como ministro - na minha opinião, o melhor e o mais produtivo ministro das Finanças que Portugal teve em democracia - e mesmo aí o contacto foi breve. Na altura, eu comentava para os jornais, as rádios e televisões sobre assuntos económicos e financeiros.
Em Janeiro de 1990 o Dr. Miguel Cadilhe abandonava o Ministério das Finanças farto da escalada de ataques, mesquinhezes e perfídias, que retrataria num livro que escreveu poucos meses depois. Não há montanha sem névoa, nem mérito sem calúnia", dizia a abrir. E, depois, resumiria o seu trabalho à frente do Ministério das Finanças, escrevendo: "Quem semeia reformas, colhe tempestades"
Em Janeiro de 1990 o Dr. Miguel Cadilhe abandonava o Ministério das Finanças farto da escalada de ataques, mesquinhezes e perfídias, que retrataria num livro que escreveu poucos meses depois. Não há montanha sem névoa, nem mérito sem calúnia", dizia a abrir. E, depois, resumiria o seu trabalho à frente do Ministério das Finanças, escrevendo: "Quem semeia reformas, colhe tempestades"
Pois neste encontro que tive com ele no meu escritório, para além de outros assuntos, falámos dos progressos do Joãozinho - um Projecto que ele acompanhava desde o seu início em 2009. Podia agora anunciar-lhe que a obra seria feita pela Teixeira Duarte e teria início a 3 de Março.
Disse-lhe também que tinha estado com o Eng. Vergílio Folhadela, administrador da RAR (Refinarias de Açúcar Reunidas, SA), e que fiquei muito entusiasmado com a reunião. Foi então que ele me contou um episódio passado com o senhor Macedo Silva, fundador da RAR, e um dos grandes mecenas da cidade do Porto.
O Dr. Miguel Cadilhe era presidente da Fundação Rei Afonso Henriques, e andava - como eu agora -, a recolher contribuições junto das grandes empresas do país. Nunca lhe ocorreu bater à porta da RAR. Aconteceu, porém, que um dia recebeu um telefonema do senhor Macedo Silva - pretendia encontrar-se com ele.
No encontro, o senhor Macedo Silva vinha dizer-lhe que apreciava muito a obra que a Fundação hispano-portuguesa vinha a fazer, especialmente em prol da candidatura do nosso Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial, e confiava muito na pessoa do seu presidente para a realizar. Em seguida, tirou um cheque de montante avultado do bolso e deu-lho a fim de ser consignado à referida candidatura. Era assim o senhor Macedo Silva - um legado mecenático que, depois de morrer, deixou para sempre na RAR.
O Dr. Miguel Cadilhe era presidente da Fundação Rei Afonso Henriques, e andava - como eu agora -, a recolher contribuições junto das grandes empresas do país. Nunca lhe ocorreu bater à porta da RAR. Aconteceu, porém, que um dia recebeu um telefonema do senhor Macedo Silva - pretendia encontrar-se com ele.
No encontro, o senhor Macedo Silva vinha dizer-lhe que apreciava muito a obra que a Fundação hispano-portuguesa vinha a fazer, especialmente em prol da candidatura do nosso Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial, e confiava muito na pessoa do seu presidente para a realizar. Em seguida, tirou um cheque de montante avultado do bolso e deu-lho a fim de ser consignado à referida candidatura. Era assim o senhor Macedo Silva - um legado mecenático que, depois de morrer, deixou para sempre na RAR.
Duas semanas depois de me encontrar com o Dr. Miguel Cadilhe, recebi da Liga dos Amigos do HSJ vinte mil euros para a obra do Joãozinho, que estavam bem guardados e consignados no balanço da Liga.
Poucos meses depois, eu estava a assinar com o Eng. Vergílio Folhadela, na sede da RAR, um Acordo de Mecenato mediante o qual a RAR se comprometia a contribuir com 500 mil euros para a obra do Joãozinho, ao ritmo de cinquenta mil euros por ano, durante dez anos - o primeiro cheque entregue na altura.
Quarenta mecenas como este - fiz as contas - e a obra estaria paga.
Poucos meses depois, eu estava a assinar com o Eng. Vergílio Folhadela, na sede da RAR, um Acordo de Mecenato mediante o qual a RAR se comprometia a contribuir com 500 mil euros para a obra do Joãozinho, ao ritmo de cinquenta mil euros por ano, durante dez anos - o primeiro cheque entregue na altura.
Quarenta mecenas como este - fiz as contas - e a obra estaria paga.
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