Se os primeiros sete meses de trabalho no Joãozinho tinham sido intensos e muito gratificantes, os quatro meses que se seguiriam, após o regresso de férias e até ao final do ano, seriam ainda mais.
As prioridades continuavam a ser as mesmas - primeiro a obra, e só depois o dinheiro. Era agora mais que certo que o dinheiro viria com a obra em andamento. Não me preocupava o milhão de euros que teria de pagar à construtora com o início da obra.
Esse dinheiro viria do HSJ, correspondente aos fundos angariados em favor do Joãozinho durante os cinco anos em que o Projecto esteve sob a sua direcção. Meses antes, no dia em que a Associação foi fundada, no seu gabinete, o Professor António Ferreira tinha falado em cerca de um milhão e duzentos mil euros.
No final de Setembro, já perto do final do prazo para apresentação das propostas, uma construtora bateu-me à porta - a Lucios - através de um seu director. Sabia que estava a decorrer um concurso para a construção da nova ala pediátrica do HSJ, não tinha sido convidada, mas gostaria de apresentar uma proposta.
Eu só tinha convidado as grandes empresas do sector da construção do país. A Lucios tem uma dimensão abaixo destas. É uma empresa familiar de média dimensão que já vai na terceira geração, com sede na Maia e muito conhecida no norte do país, menos no sul, embora também já com actividade multinacional.
A Lucios tinha construído o edifício da nova Faculdade de Medicina, anexo ao Hospital de S. João, onde eu já tinha estado e de que tinha ouvido falar muito bem. Decidi alargar o prazo do concurso por mais uns dias e admiti também a Lucios.
Em meados de Outubro, todas as propostas tinham dado entrada. Para me ajudar tecnicamente, eu contei com um engenheiro que me tinha sido recomendado pela Mota-Engil e que era dono de uma empresa de fiscalização. Em breve me transmitiu que todas as propostas eram igualmente credíveis do ponto de vista técnico - estávamos a falar das melhores empresas de construção do país, todas elas multinacionais.
A decisão seria, portanto, pelo preço. Entre a proposta mais barata e a mais cara a variação do preço era pequena, menos de 10%. Mas a proposta mais barata e a única abaixo de vinte milhões de euros era a da Teixeira Duarte.
Comuniquei a todas as empresas concorrentes - ao mesmo tempo que agradeci muito a cada uma delas -, que a obra seria realizada pela Teixeira Duarte. Fiz o mesmo à administração do HSJ onde a notícia foi muito bem recebida.
Nos últimos anos, a Teixeira Duarte tinha ganho quase todos os concursos no HSJ, e quem visitasse o Hospital não poderia deixar de notar a sua presença constante. Existia uma excelente relação entre a administração da empresa e a administração do HSJ, bem como entre o pessoal técnico da empresa e o pessoal técnico do Hospital.
Comecei imediatamente a trabalhar com o Eng. Gouveia Capelão, administrador da Teixeira Duarte, nos preparativos para o lançamento da obra que, em breve, teria data de início prevista: 3 de Março de 2015. Trata-se do dia do aniversário da assessora do presidente do HSJ que me tinha levado para o Projecto Joãozinho e que era agora minha colega na direcção da Associação.
Era uma pequena homenagem que eu lhe prestava pelos vários anos de dedicação ao Joãozinho. Chama-se Ana Maria Príncipe. A promessa que lhe tinha feito a ela, mas também a Deus, começaria a ser cumprida naquele dia.
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