O escrivão chamou-nos e entrámos os três para a sala de audiências. A mim, sentou-me no lugar reservado aos arguidos. Aos advogados, sentou-os em secretárias, uma de cada lado. Ele próprio sentou-se ao meio da sala, junto de um equipamento de gravação e de vários documentos.
Preveniu-nos:
-Por favor, quando o juiz entrar levantem-se.
Poucos minutos depois entrou a juíza, seguida de um cavalheiro, que presumi ser o magistrado do Ministério Público. Sentou-se ao centro, na tribuna, e ele à direita dela.
Inquieto com a observação do meu amigo dias antes, passei imediatamente a observar os primeiros sinais. Aparentava cinquenta anos. O cabelo arranjado. Vestia de maneira discreta, mas elegante, apropriada à sua função. Chamou-me a atenção o belíssimo anel que usava na mão esquerda.
-É uma senhora..., pensei
Confirmou-se durante audiência. Exprimindo-se num tom de voz sempre sereno, deixou-me falar tanto quanto quis e tratou-me sempre de maneira educada e respeitosa.
No fim, quando saí cá para fora, o primeiro comentário que fiz foi:
-Gostei muito da juíza.
Não fosse aquele episódio final que - creio eu - desagradou tanto a ela como a mim, e tudo teria sido perfeito.
Chama-se Catarina Ribeiro de Almeida.
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