De maneira que tive de nomear um advogado. A lei obriga-me.
Eu sentia-me capaz e queria defender-me sozinho. Mas no regime político das liberdades eu não tenho essa liberdade.
Rendi-me à realidade. Chama-se Manuela Neto.
Para defender um homem não há nada como uma mulher. Conheço-a há vários anos. Estamos sempre em desacordo. Ela está habituada a defender criminosos. E criminosos da "pesada" - traficantes, assaltantes à mão armada, homicidas.
Eu devo ser o mais santinho de todos os seus clientes.
Em breve, o desacordo começou:
-Tem de nomear testemunhas...
-Testemunhas!?... Para quê se os crimes que eu cometi estão à vista de todos?...
-Tem de ser ...
-Nem pensar!... Vou agora incomodar pessoas por causa de uma palhaçada destas...
-Do outro lado nomearam sete...
-SETE!? ... Esses tipos não fazem isso por menos?... Não, não e não!...
Ao final de muito tempo, dei-me por vencido. Já tenho idade para saber que um homem nunca deve discutir com uma mulher. Perde sempre.
Indiquei-lhe duas.
Só mais tarde me dei conta que, por acaso, as duas se chamavam Fátima.
Por acaso ...
O acaso é a vontade de Deus.
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