31 outubro 2016

O revolucionário do ódio

O revolucionário do ódio.

11 comentários:

Incrédulo disse...

Com certeza, mas, como atenuante, o continente ainda não se tinha internacionalizado naquela altura; um homem revolta-se com os preços do pequeno comércio.

Anónimo disse...

Bah... só versão em espanhol... :/

Anónimo disse...

Os alemães andam todos entretidos a comemorar o pulha do Lutero.

De boas intenções está o Inferno cheio.

Anónimo disse...

O texto do link abaixo valeu a pena vir ao PC — lagarto, lagarto...

http://www.religionenlibertad.com/lutero-destruyo-verdad-teologica-con-nace-secularizacion-52813.htm

Euro2cent disse...

Os alemães são verdadeiramente um povo trágicamente desgraçado. Desde que os romanos, brutos ávidos que eram, desdenharam tomar aquelas florestas escuras e húmidas, os povos germânicos ficaram orfãos de pai.

E não foi por causa das três legiões que lerparam no Teutoburg Wald, ou lá como se chamava aquele buraco infecto em que o palermo do Varro se meteu. Mais do que isso lhes tinham limpo os africanos, quando Roma ainda mal tinha mão na Itália, e passado umas décadas os romanos tinham tomado tudo de Massilia a Cartago, semeando a última com sal.

Era mesmo falta de interesse. Isso dói.

Durante uns séculos lá se remediaram com a Igreja, mas depois deu-lhes para se tornarem interessantes. No sentido daquela maldição chinesa de "que possas viver em tempos interessantes." O camarada Martinho Lutero foi só o primeiro Hitler que deitaram cá para fora.

E é pena, porque quando se aplicam a fazer coisas como relógios de cuco, até saem coisas interessantes. Deviam era proibir-lhes outras artes. Aquela gente não bate bem da bola.

zazie disse...

Tenho um desses de cuco da Floresta Negra e não quero outra coisa (nem suiços de pulso)

":OP

zazie disse...

o Hitler foi aclamado em muitas igrejas protestantes como o Novo Lutero

Euro2cent disse...

> um desses de cuco da Floresta Negra

Exactamente o que eu tinha em mente.

Anónimo disse...

Então o que acham da aproximação do Papa?

Chico Valadares

Euro2cent disse...

Só vi de raspão um título - suponho que o Papa vá pela via "softly, softly, catchee monkee"

Funciona melhor se houver uns caceteiros que, quando vier uma alemoa abrir o bico sobre a importancia seminal do Lutero, lhe rosnem "Foi o primeiro Hitler".

"O quê?!!"

"O Q é uma letra. Hitler!"

Se os devotos da liberdade andam sempre com este cacete na mão para calar dissidentes, pode-se roubar para usar em boa causa, não?

;-)

Pedro Sá disse...

Bem esta autora não tem credibilidade nenhuma:

1. Se a influência luterana não chega ao Sul da Europa, é porque o movimento a que se chama Reforma tinha raízes culturais bem fundas nos países de línguas germânicas, e a coisa limitou-se a ser uma transposição para o cristianismo das bases culturais desses povos, que já estavam em choque com a visão romana. Nunca nos esqueçamos que a cultura é que influencia a religião, e não o seu contrário.

2. Lutero outorga aos príncipes poder absoluto precisamente por ser agostiniano. Só quem nada saiba de Santo Agostinho é que pode pensar que não é assim.

3. Eu chamaria basicamente NACIONALIZAÇÃO à questão das propriedades...

4. Dizer frases como "a Igreja sempre combateu o poder absoluto" só mostra limitação intelectual e que se vê tudo pelos olhos de hoje, com completa ausência de sentido histórico. Essa frase não é correcta, como incorrecto é dizer o seu contrário. E, neste caso, mesmo que estivesse correcta estava claramente descontextualizada e ficar-se-ia a perceber coisa diferente do ponto onde poderia ser verdade.

O problema é que tudo está viciado em termos de análise a partir do momento que a Igreja exerceu poder temporal. Os efeitos desse exercício, terminado com a unificação de Itália, só hoje começam a desaparecer, porque evidentemente tiveram influência numa série de coisas.

5. Ligar a Reforma à Revolução Francesa e à de Outubro...pá...menos. E, aliás, aqui a autora expressa muito bem o seu ponto de partida ideológico: considera que a Revolução Francesa foi causada por inveja e desejo de dinheiro. Estamos conversados quanto ao tipo de regime por ela defendido.

6. Se Lutero estava convencido de ser o verdadeiro intérprete de Cristo, é apenas mais um. Disso houve, há e haverá aos milhões.

7. Lutero pelos vistos não gostava de judeus como imensos cristãos à época não gostavam. Mas não se pode ligar isto ao anti-semitismo mais recente e ao nazismo, que têm por base o cientismo e o darwinismo.

8. Lutero não destruiu nem deixou de destruir a sociedade do seu tempo porque nenhum ser humano tem capacidade para isso. A autora parece desconhecer totalmente o que foi o percurso da filosofia medieval e parece acreditar no falso mito da Idade Média.

9. A autora basicamente está a defender que todo o trabalho científico deve ser baseado em dogmas religiosos.

10. Troca de um senhor por outro era (se não é ainda) o pão nosso de cada dia.

11. Dizer que um autor inglês defendia uma filosofia apenas iluminada pela razão é daqueles disparates absolutamente épicos. Toda a filosofia inglesa é de base empirista.

12. O processo de secularização é consequência do cada vez maior poder da burguesia, sejamos realistas. Seja isso em que lado for. Se chegou mais tarde à Europa do Sul e à Europa Central foi por serem sociedades menos ricas e desenvolvidas que as da Europa do Norte.

13. A autora parece precisar de ir ler Benjamin Constant, insuspeito de ser um perigoso revolucionário, para asber o que é a liberdade dos modernos...

14. Se Lutero entendia a liberdade como liberdade de Roma, isso era basicamente a mesma coisa que os húngaros entenderem o comunismo como ocupação soviética.

15. Reduzir a Revolução Francesa aos jacobinos é mesmo coisa de partidária da monarquia absoluta. E é mentira.

16. Em bom rigor, a chamada ideologia de género limita-se a seguir algo de muito velho no pensamento europeu: a prevalência da alma sobre o corpo.

17. Como??? A revolução comunista entende a liberdade como liberdade face ao poder e a Deus??? Bem, quanto ao poder, essa é mesmo para rir, para rebolar a rir. Quanto a Deus...bocejo mesmo, questão sempre secundária nesse tipo de regimes.

18. Lutero era pessimista sobre o Homem. Pois era. Santo Agostinho idem.

19. Se Lutero eventualmente via Deus como um monstro, provavelmente esse era o espírito da época, aliás não muito depois o Leviathan de Hobbes é aquilo que sabemos.