31 agosto 2016

Pobres diabos

Eu posso ser um comunista convicto e pregar a igualdade a outrance em todos os sectores da vida social.

Mas se eu nasci em Portugal, que é um país de cultura profundamente católica, aquilo a que eu não posso escapar é ao facto de que desde que eu nasci, todos aqueles que me rodearam e me queriam bem  quiseram fazer de mim um ser humano diferente de todos os outros.

A começar pela minha mãe - a diferença é um valor muito mais feminino do que masculino.

Tudo isso aconteceu sobretudo num tempo de que eu já não tenho recordações. Mas as marcas estão cá. À espera de serem desencadeadas, para além da minha consciência, num momento em que eu, defendendo a igualdade para todos, reclamo a diferença para mim, senão mesmo a excepção.

Com que razões? Invento-as. Cada um inventa as suas.

Este episódio das propriedades imobiliárias do Partido Comunista e do IMI é o excepcionalismo católico no seu melhor. IMI deve existir e ser igual para todos - excepto para eles.

Pobres diabos.

3 comentários:

José** disse...

Prof.,
No tempo da União Sovietica, existia officialmente duas redes de distribuição de produtos de consumo para alimentação e vestimento : uma rede era para o povo e outra rede era dedicada a "nomenklatura".

Pedro Sá disse...

Eu acho uma piada a esses insurgentes...criticam que os partidos não paguem IMI mas depois já acham mal que as confissões religiosas e outros paguem.

Regime único para todas as entidades não lucrativas, com uma ou outra norma específica, é o que se exige!

Rui Alves disse...

Caro Pedro Sá
A diferença é que um partido é uma entidade não lucrativa cujo objectivo é dominar o país.