16 março 2009

é isto que a direita quer?

A Dr.ª Manuela Ferreira Leite, líder do principal partido de oposição ao governo do Partido Socialista, declarou hoje que é favorável ao investimento público como meio para a saída da crise. Colocou, todavia, três condições para o investimento do estado: a) que não onere orçamentos futuros; b) que não empregue “componentes importadas”; c) que utilize “mão de obra nacional”, mutatis mutandis, que não utilize mão de obra estrangeira. É difícil imaginar tanto disparate junto e dito por um líder de um partido que se supõe, já não digo liberal, mas pelo menos não socialista.

Primeiro, porque a estafada fórmula do investimento público como processo para desenvolver a economia nacional é por demais conhecida e caracteriza a acção governativa dos partidos socialistas. Como a realidade comprova, ao contrário das suposições da Dr.ª Ferreira Leite, ele gera sempre endividamento, em regra, em Portugal, astronomicamente acima do que é inicialmente orçamentado. Esta é, certamente, a estratégia tradicional do Estado Social e do socialismo. Não dos partidos e dos governos conservadores e liberais.

Segundo, porque Portugal está na União Europeia, isto é, num mercado aberto de livre-concorrência, o que implica, caso a Dr.ª Ferreira Leite desconheça, a livre circulação dos factores de produção, entre eles o capital e o trabalho, nos 27 países-membros. Assim, não vemos com facilidade que o governo português ponha como condição para adjudicar obras públicas que elas sejam feitas com “componentes” não “importadas”, ou que empreguem apenas cidadãos portugueses.

Em terceiro lugar, porque é lamentável assistirmos, por parte do líder do PSD, o maior partido da oposição à direita do Partido Socialista, a um discurso barroco, mercantilista, estatista, ultrapassado e anti-liberal.

Na verdade, nesta altura do campeonato, apelar ao nacionalismo económico como condição para o investimento público, e para o investimento público como condição essencial ao desenvolvimento nacional é um programa político saído do estatismo e do socialismo mais radicais. Já nem Sócrates e o Partido Socialista dizem coisas destas.

É isto que a direita portuguesa quer?

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