(Continuação daqui)
L. Os fuzileiros
Do Almirante Gouveia e Melo espera-se que seja uma verdadeiro Chefe de Estado, que zele pela decência do Estado que chefia, e que seja um verdadeiro chefe em relação a todos os membros do Estado, a começar pelo primeiro-ministro.
Como Chefe de Estado, o Almirante será avaliado por critérios muito mais estreitos e exigentes do que qualquer outro candidato ao lugar. Espera-se, em particular, que ele não seja um mero compincha do primeiro-ministro como o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa foi em relação a António Costa e deseja ser em relação a Luís Montenegro.
Exige-se muito mais dele. Quando o Estado não estiver a funcionar em alguma área (v.g., saúde, educação, justiça, segurança) segundo os padrões do Almirante - que são os padrões de serviço a todos os portugueses - , exige-se que ele dê instruções ao primeiro-ministro para que corrija a situação. E caso o primeiro-ministro decida fazer ouvidos moucos, ou não fôr capaz para a tarefa, espera-se que o Almirante o demita e nomeie outro. Tem poderes para isso.
Na condição de Chefe de Estado, o Almirante não só tem poderes para demitir governos como tem uma capacidade persuasiva que nenhum Presidente da República civil possui, e é isso que põe os partidos políticos, os sindicatos e outros interesses sectoriais nervosos com a sua candidatura, a tal ponto que um dirigente partidário e um dirigente sindical já se chegaram à frente para combater o Almirante.
É que, em caso de conflito, o Almirante, em última instância, pode sempre chamar os fuzileiros.
Sem comentários:
Enviar um comentário