Gostaria de agradecer aos jornalistas que têm respondido aos meus pedidos neste blogue acerca do caso Rui Moreira.
Comecei por me queixar - num post a que dei o título "os melros" (cf. aqui) - que os jornalistas não estavam a reportar os nomes dos procuradores que acusaram o Presidente da Câmara do Porto. Em breve, eles estavam a fazê-lo.
Depois, queixei-me sobre a falta de informação acerca da identidade dos advogados (cf. aqui) a quem o Presidente Rui Moreira passou a famigerada procuração que o tornou um criminoso aos olhos do Ministério Público. Hoje, a Visão revelou a identidade dos advogados (cf. aqui).
Muito obrigado.
Agora, eu gostaria de chamar a atenção dos jornalistas para um aspecto em que manifestamente eles não estão a cumprir a sua missão democrática de escrutínio dos poderes instituídos.
Os jornalistas em Portugal escrutinam razoavelmente bem os titulares dos poderes executivo (v.g., ministros, autarcas) e legislativo (deputados). Mas praticamente não escrutinam os titulares do poder judicial (procuradores do MP, juízes e advogados) que é o mais importante dos poderes democráticos.
Frequentemente, têm sido os jornalistas a denunciar casos de corrupção entre os titulares dos poderes executivo e legislativo. Mas quantos casos de corrupção têm eles denunciado entre os agentes do poder judicial?
Praticamente nenhum.
É uma vergonha para os jornalistas que os poucos casos de corrupção no poder judicial que vêm a público sejam denunciados pelo próprio Ministério Público (que, na minha estimativa, denuncia um por cada cem casos de corrupção que esconde), como aconteceu este ano com a Operação Lex, a qual revelou alta corrupção entre juízes do Tribunal da Relação de Lisboa.
Já terá ocorrido aos jornalistas a ideia de que o criminoso e o corrupto no caso presente seja, não o Presidente Rui Moreira, mas os procuradores que o acusam?
Parece que não ocorreu. Porque, se tivesse ocorrido, já teriam reportado mais acerca dos "melros".
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