Num artigo recente, a que fiz referência em baixo (cf. aqui), a Maria de Fátima Bonifácio faz a comparação entre a cultura católica e a cultura protestante para concluir que a cultura da corrupção ficou do lado católico.
Mas não apenas a cultura da corrupção. Também a cultura mendicante.
Uma das primeiras medidas do protestantismo foi acabar com as ordens religiosas e, em particular, com as ordens mendicantes.
Ter homens válidos a pedinchar pelas ruas - na qualidade de frades franciscanos ou outros - e, alegadamente a serem louvados por Deus na sua pobreza, não era apenas uma péssimo exemplo para as gerações mais novas. Era também uma ofensa a Deus que tinha dado ao homem enormes talentos (inteligência, força física, etc.) para que ele se livrasse da pobreza.
No catolicismo permaneceu a cultura mendicante, do pobrezinho e da pedinchice.
Na cultura católica de Portugal, o pobrezinho é apreciado por Deus. Na cultura protestante dos países do norte da Europa nem a pobreza nem o pobrezinho são apreciados. Ao pobrezinho - excepto se for um inválido -, Deus põe-lhe a seguinte pergunta embaraçante: "Por que é que não usas os talentos que te dei para saíres da pobreza?"
Foi uma tristeza ver a cultura mendicante exibir-se esta semana em toda a sua grandiosidade oficial, protagonizada pelo primeiro-ministro e pelo presidente da República, a pedinchar dinheiro, ostensiva e vergonhosamente, à presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen durante a sua visita a Portugal (cf. aqui).
Não nos podemos depois queixar do desprezo que os "países frugais" - que são, na realidade, os países de cultura protestante - nutrem por nós.
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