A notícia da Sábado - que, na versão em papel, permanece até hoje a mais detalhada sobre o assunto (cf. aqui) - de que o HSJ está a ser investigado pelo DIAP não foi uma inteira surpresa para mim, como já referi noutro lugar (cf. aqui).
Ela permitiu também lançar luz sobre um mistério que desde o fim da Primavera eu procurava resolver e que tinha a ver com as movimentações que nessa altura ocorreram no escritório da Cuatrecasas do Porto e que eram, para mim, em parte, suspeitas.
São três as notícias. A primeira, no final de Maio, era a de que o Avides Moreira, o director da Cuatrecasas-Porto que sucedeu ao Paulo Rangel em 2016, tinha saído (cf. aqui).
Esta notícia não era surpresa. Eu próprio já tinha vaticinado neste blogue que, depois do meu julgamento em 2018, o Avides Moreira não ficaria muito tempo como director da Cuatrecasas do Porto.
A razão do meu vaticínio era simples. O escritório do Porto da Cuatrecasas é um escritório insignificante, por assim dizer, um escritório de vão-de-escada, face à dimensão internacional da sociedade. Não era aceitável que o seu director tivesse exposto a empresa à gozação nacional numa questão de lana-caprina como foi o meu processo judicial, e que eu publicitei até mais não poder. Portugal é o país, a seguir a Espanha, onde a Cuatrecasas tem maior presença.
E não tenho dúvida nenhuma de que ele foi empurrado, porque a sua nova posição é inferior àquela que ocupava na Cuatrecasas - passou de cavalo para burro, de director da Cuatrecasas-Porto para mero coordenador de departamento de uma sociedade de advogados concorrente.
A segunda notícia já me surpreendeu, e foi simultânea com a primeira. Com o Avides Moreira saíram da Cuatrecasas-Porto mais quatro advogados (cf. aqui). Como o escritório do Porto da Cuatrecasas é muito pequeno, pareceu-me uma debandada. Daí a pergunta:
-Será que eles iam a fugir de alguma coisa?
Mas foi a terceira notícia, que veio a público menos de uma semana depois, que me deixou mais perplexo. Para substituír o Avides Moreira, a direcção nacional da empresa, que está em Lisboa, não nomeou nenhum advogado do escritório do Porto, mas decidiu enviar um advogado de Lisboa.
E esse advogado é, nem mais nem menos, do que um velho conhecido dos leitores deste blogue - Paulo Sá e Cunha (cf. aqui). Este é o advogado que andou a chantagear o Guardião do Tejo com um processo judicial e um pedido de indemnização de 250 mil euros, e que depois desistiu do processo emitindo um comunicado em que implorava ao mundo: "Agarrem-me senão eu processo-o".
Ora, o advogado Paulo Sá e Cunha é conhecido, mesmo pela sua própria ex-mulher, por defender grandes criminosos (cf. aqui), o que me levou, na altura, a pôr a seguinte questão:
-Será que existem no escritório da Cuatrecasas-Porto, ou entre os seus clientes, grandes criminosos para defender?
Mas não apenas isso. No CV do novo director da Cuatrecasas chamaram-me ainda a atenção dois pequenos detalhes.
O primeiro é o de que ele é especialista numa área do Direito Penal conhecida pela designação anglo-saxónica de Business-crimes. E a pergunta:
-Será que o escritório da Cuatrecasas no Porto, ou algum dos seus clientes, andará envolvido em algum Business-crime?
E, depois, o segundo detalhe, o de que ele tinha servido num Governo do PSD entre 1989 e 1990, levando-me, primeiro à conclusão de que, tal como com os seus antecessores Paulo Rangel e Avides Moreira, a Cuatrecasas-Porto continua a ser uma célula do PSD. E depois à pergunta:
-Será que o PSD tem alguma coisa a ver com tudo isto?
Agora, depois da notícia da Sábado, eu respondo a todas estas questões com um rotundo Talvez, muitíssimo mais inclinado para o Sim do que para o Não.
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