13 novembro 2019

O DIAP e o Joãozinho (V)

(Continuação daqui)


V. Crimes de Saco Azul



Chegado a este ponto, só me resta, por agora, procurar responder à questão:

-O que é que se pode esperar do inquérito que o DIAP está a levar a cabo no HSJ acerca dos donativos recebidos para o projecto do Joãozinho?

Não espero muito. Existirão muitas pressões para que tudo seja abafado.

Porquê?

Porque, vir ao de cima toda a verdade, causará uma pequena revolução no país.

A verdade, em princípio, é esta:

A administração de um grande hospital em 2009 decidiu angariar dinheiro junto de mecenas privados para  construir uma ala pediátrica para o hospital. Dez anos depois, em 2019, não havia ala pediátrica e uma parte do dinheiro tinha sido desviada para outros fins. Entretanto, durante esses dez anos, as crianças estiveram internadas em contentores metálicos onde, a partir de certa altura, chovia lá dentro, existiam pragas de moscas no verão, o aquecimento falhava no inverno...

A administração pública, simbolizada na administração deste hospital, não se sai bem.

Uma grande sociedade de advogados, que assessorava a administração do hospital, também não.

A grande sociedade de advogados é uma célula partidária até certo momento chefiada por um destacado dirigente de um dos maiores partidos políticos do país.

E o que dizer da Justiça?

A ter havido crimes de Saco Azul, o Ministério Público, através do DIAP-Porto, só dez anos depois de os crimes terem sido iniciados é que abriu um inquérito para saber o que se passava.

E há condenados?

Sim, há um condenado. Não pelos crimes de Saco Azul mas pelo crime de ter ofendido aqueles que os cometeram.

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