E o magistrado X, o que é que ele andou a fazer no meu julgamento?
Antes de responder, duas considerações.
Em primeiro lugar, é absolutamente desproporcional que um julgamento relativo a ofensas tenha oito sessões e dure quatro meses e que seja escolhido um juiz especialista em criminalidade financeira.
Em segundo lugar - e o mais importante para os meus fins presentes - é absolutamente desconcertante que, à terceira sessão do julgamento, o magistrado X tivesse compreendido perfeitamente a tramoia concertada entre a administração do HSJ e a sociedade de advogados Cuatrecasas, e nada tivesse feito.
Eu cheguei a ter muitas esperanças de que o magistrado X, em vista daquilo que tinha apurado logo à terceira sessão do julgamento, pedisse ao juiz para tirar uma certidão e abrisse um inquérito-crime ao HSJ para investigar o que se tinha passado com o Joãozinho.
Dessas esperanças dei conta em numerosos posts neste blogue entre Fevereiro e Junho de 2018, o período em que decorreu o meu julgamento. O magistrado X pôs às testemunhas todas as questões relevantes, chegando a perguntar a um administrador do HSJ quanto é que o HSJ tinha transferido para a Associação Joãozinho (cf. aqui).
Esperanças vãs, ingenuidade minha.
É nesta altura que volto à questão inicial: o que é que o magistrado X andou a fazer no meu julgamento?
Só encontro uma resposta plausível. Foi lá para procurar abafar aquilo que os camaradas de partido, dele ou dos seus chefes, na administração do HSJ e na sociedade de advogados Cuatrecasas tinham feito com o Joãozinho entre 2009 e o início de 2014 quando eu tomei conta dele, e depois em 2015 quando paralisaram a obra.
Ainda parece que o estou a ver, nas alegações finais, a dizer que a CEDH não se aplicava a Portugal e a pedir ao juiz para me condenar. E que eu não podia andar por aí a ofender políticos e advogados. Sobretudo, acrescentaria eu, sendo camaradas de partido dele ou dos seus chefes.
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