Dias depois daquela notícia do "bolo" (cf. aqui), faz agora dois anos, o presidente do HSJ telefonou-me. Queria falar comigo.
Lá nos encontrámos.
E o que é que ele tinha para me dizer?
Que, em vista daquela notícia do Público, pretendia que eu desmontasse o estaleiro e abandonasse o espaço porque o Governo iria fazer a obra.
Disse-lhe que a Associação Joãozinho - que tinha a obra parada ia agora para um ano - nunca seria impedimento a que a obra se fizesse e se o Governo a queria fazer, muito bem. Porém, dados os compromissos assumidos, havia certas condições mínimas que tinham de ser respeitadas para que a Associação Joãozinho renunciasse à sua missão e abandonasse a obra.
Dias depois, apresentei-lhe as três condições que viria a apresentar mais recentemente também (cf. aqui).
Não aceitou nenhuma.
Concluí que ele estava a dar-me um ultimato: "Ponha-se daqui para fora!".
E, no entanto, as minhas condições eram eminentemente razoáveis e o mínimo que eu poderia aceitar.
A primeira, permitia-me responder perante os mecenas, gastando todo o dinheiro que eles me tinham entregue para a obra (a partir do momento em que a obra foi interrompida, a Associação Joãozinho passou a ter um problema inédito - excesso de dinheiro e escassez de obra).
A segunda, evitava que a Associação Joãozinho saísse do espaço e ficasse o vazio. Eu, pura e simplesmente, não acreditava na notícia, nem na jornalista Margarida Gomes do Público.
A terceira era óbvia, se o Governo queria continuar a obra, que assumisse as responsabilidades contratuais da Associação Joãozinho no contrato de empreitada em vigor.
Chegou a vir o Secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo, falar comigo - juntamente com o presidente da ARS-Norte -, mas eu não podia fazer outra coisa senão manter as mesmas condições, ou esperar que me propusessem outras, ao mesmo tempo que reclamava que o HSJ desimpedisse o espaço para a Associação Joãozinho continuar a obra por sua conta.
Que não, que não, que seria o Governo a fazê-la, já estava tudo decidido e em breve sairia uma Despacho do Ministério da Saúde a anunciar o início da obra.
Poucas semanas depois, em Março, saiu de facto um Despacho do Secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado. Mandava criar uma comissão para avaliar a necessidade da obra e estudar formas alternativas do seu financiamento (cf. aqui).
Conclusão. A administração do HSJ, a ARS-Norte e o Ministério da Saúde, em colaboração com a jornalista Margarida Gomes do Público, tinham criado uma fake new cujo único objectivo era pôr a Associação Joãozinho dali para fora.
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