09 junho 2018

povo

As salas de audiência estão vazias. Não há ninguém a assistir aos julgamentos.

O Tribunal de Matosinhos é um edifício novo. Logo à entrada, do lado esquerdo, fica a secção do crime onde fui julgado. São quatro ou cinco salas de audiência umas a seguir às outras.

Já lá estive sete vezes. Antes da chamada, vêem-se os advogados, os réus, os chamados "assistentes" (trata-se do acusador privado: se me roubarem a carteira eu sou chamado "assistente" do acusador público, que é o MP), mais ninguém.

Povo a assistir aos julgamentos é que não há.

O nosso sistema de justiça dito democrático, e feito em nome do povo, conseguiu a notável proeza de pôr o povo fora das salas dos tribunais.

E o povo seria lá necessário?

Muito.

Não há justiça sem povo, embora não deva ser o povo a fazer justiça.

E a quem é que a presença do povo mais poderia ajudar?

Ao juiz.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas o MP não quer interferência do Povo.
Por essa razão, dão a importância que dão ao "segredo de justiça".

Rui Silva