08 dezembro 2017

lixo

"Quanto aos processos findos no mesmo período, o estudo indica que foram encerrados 3.337 inquéritos, dos quais 457 deram origem a uma acusação do Ministério Público, 2.734 foram arquivados e foi aplicada a suspensão provisória do processo em 146, o que significa que em 18,1% dos inquéritos encerrados foi exercida a ação penal pelo MP". (aqui)


Dos 3337 processos findos apenas 457 deram lugar a acusações, isto é 13.7%. Mesmo contando com aqueles que foram suspensos (146 ou 4.4% do total) esta percentagem sobe para 18.1%.

Então e os restantes 81.9%?

Foram para o lixo. Mesmo perante a contabilidade generosa do próprio Ministério Público 81.9% do seu trabalho é lixo.

Então por que é que o MP abre tantos inquéritos por corrupção?

É preciso dizer em primeiro lugar que o "inquérito" já era no tempo da Inquisição o instrumento através da qual ela desencadeava a sua tenebrosa acção.

A abertura do inquérito  permite ao MP devassar a vida das pessoas, escutar-lhes os telefones, criminalizá-las com o estatuto de "arguido" e com medidas de coação - mesmo se, no fim, a esmagadora maioria dos inquéritos acaba no lixo.

Quando, portanto, vir na televisão ou ler nos jornais que o MP abriu um inquérito por corrupção, não esqueça - a probabilidade é superior a 80% que acabe directamente no lixo.

A montanha pariu um rato.

Porém é daqui que em larga medida os portugueses formam por vezes a opinião de que Portugal "é um país de corruptos".

Ninguém contribui tanto para difamar Portugal e os portugueses, e a democracia portuguesa,  como sendo um país de corruptos como o MP. O caso Sócrates é o pináculo: num país onde até o primeiro-ministro é corrupto...como é que hão-de ser aqueles que o elegeram?

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