11 abril 2016

como seria?

"Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade."
(Declaração de Independência dos EUA, aqui).

Esta é uma das frases iniciais da Declaração de Independência dos EUA, e talvez a mais citada. Só em parte é verdadeira. A verdade é "... são criados iguais e diferentes..." (v.g., todos têm nariz e nesse aspecto os homens são todos iguais, mas os narizes são todos diferentes, e nesse aspecto os homens são todos diferentes). É também uma frase distintamente escrita por homens enfatizando a igualdade (as mulheres teriam enfatizado a diferença)

Como é que teria sido a Constituição dos EUA, e como é que a sociedade americana seria hoje, se em lugar daquela meia-verdade (iguais) se tivesse escrito outra meia-verdade (diferentes), ou  a verdade inteira (iguais e diferentes)?


14 comentários:

Ricciardi disse...

Acha mesmo que o tamanho do nariz, das mamas e do pénis tem alguma a ver com o espírito que subjaz à declaração de independência?
.
Se naquela declaracao estivesse a palavra 'diferentes' (na cor da pele e no tamanho do nariz), estariamos perante a declaração de impertinencia adolfina e não a declaração de independencia gringa.
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Rb

Anónimo disse...

Desde sempre que as pessoas, os animais e as restantes formas de vida sentiram, perceberam, que não há igualdades. Quando muito, há parecenças.
Todas as formas de vida actuam com o fundamento da diferença. Seja na alimentação, na reprodução ou na sobrevivência.
Tendo o homo sapiens sapiens a «cagança» que tem o melhor cérebro e o melhor raciocínio, é supinamente estúpido procurar diferenças. Entre si, entre a minhoca e a baleia, entre a alcagoita e o ananás.

Os sapiens que criaram os EUA prantaram «... dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade.» com a tola convicção de nunca haver evidências. Acentuando que eles é que sabiam "da poda" e deram-se ao trabalho de o escreverem para os "outros", os ignóbeis.

Acredito que eu não tenho que aturar sapiens idiotas. Acredito que há muitas pessoas que pensam como eu.

José Lopes da Silva disse...

Aquela meia-verdade foi um "veneno" que a sociedade americana do século XVIII deixou ao futuro. Lançou as bases para que os descendentes dos senhores de escravos que a redigiram tivessem de encarar que os escravos poderiam querer deixar de o ser. Foi como se deixassem escrito "acreditamos que o futuro vai ser tão diferente do que é agora que nem podemos imaginar."

Anónimo disse...

Sempre foi assim...

Lincoln:

July 17, 1858: "What I would most desire would be the separation of the white and black races".
August 21, 1858: "I have no purpose to introduce political and social equality between the white and black races (...) I, as well as Judge Douglas, am in favor of the race to which I belong having the superior position". And, "Free them [slaves] and make them politically and socially our equals? My own feelings will not admit of this. We cannot, then, make them equals”.
August 22, 1862: "My paramount object in this struggle is to save the Union, and it is not either to save or destroy slavery. If I could save the Union without freeing any slave, I would do it".

Bill Clinton durante a campanha de 2008
«The only reason you are endorsing him (Barack Obama) is because he's black. Let's just be clear.»
Bill Clinton para Edward Kennedy, a respeito de Barack Obama, durante a campanha de 2008
«A few years ago, this guy would have been getting us coffee...»

Euro2cent disse...

Àrvore errada.

O truque é que onde está "procura da felicidade" deve ler-se "propriedade".

Era o que estava num rascunho inicial, mas depois resolveram mandar um balde de publicidade para cima do texto, para o gado comum não desconfiar muito.

E foi assim que o governo dos publicitários, pelos publicitários, para os publicitários, foi plantado e não pereceu da face da terra.

(Uma história tão linda que deviam fazer um filme a explicar ... ah, espera, já fizeram 3,567,232 ... oops, 233, acabou de sair mais outro ... )

zazie disse...

Nem felicidade nem propriedade- Foi sempre o Destino Manifesto pelo progresso que a deusa Columbia levou à América.

Telégrafo, meu caro. Linhas de telégrafo. Tudo comunica

https://nicholaspayton.files.wordpress.com/2013/07/american_progress.jpg

Vivendi disse...

PA deixe lá os americonços e ponha os olhos nisto:

O IRS americano iniciou 1500 processos-crime em 2012. Portugal o ano passado abriu 18 mil. Este foi um dos sinais de que algo está mal que Tiago Caiado Guerreiro denunciou em entrevista ao Observador.

"Ser latino não é uma doença.

Pode ser doença para algumas pessoas que dizem isso mas se têm uma doença tratem-se.

Eu sou latino e tenho muita honra e considero excelente. Gosto de viver, gosto de trabalhar e gosto mais de me divertir que trabalhar embora trabalhe bastante por isso acho que sou uma pessoa sã."

Tiago Caiado Guerreiro


Não perca a excelente entrevista.
http://observador.pt/2015/04/19/tiago-caiado-guerreiro-o-estado-faz-macicamente-ilegalidades-todos-os-dias/

José Lopes da Silva disse...

Foi uma pena que um racista esclavagista como o Lincoln tenha liderado uma guerra que abriu caminho ao fim da escravatura. A História prega-nos cada partida...

Harry Lime disse...

É dificil imaginar alguém (catolico ou protestante, homem ou mulher) no sec.XVIII a escrever uma consituição (ou qualquer outro documento) a fazer distinções entre homens e mulheres.

Na realidade, é dificil imaginar alguma mulher (catolica ou protestante) a participar na escrita de qualquer documento oficial no sec. XVIII.

O que aocontece implicitamente na consituição dos EUA no sec. XVII foi nem sequer reconhecer o estatuto de cidadania completa às mulheres. como de resto acontecia na epoca em todas as sociedades (prots ou catolicas).

Rui Silva

PS. Isso não sognifica que muitas mulheres não tivessem poder informal. Mas isso acontecei tanto nas sociedades prots como catolicas.

Harry Lime disse...

Já agora esta forma de ver a historia sob a perspectiva feminina (que o PA parece defender) lembra muito certos conceitos feministas como a herstory (https://en.wikipedia.org/wiki/Herstory ).

O que eu acho bizarro (sem fazer juizos de valor) é que a "feminilidade" das feministas as levem num caminho progressista e a "feminilidade" do PA o leve num caminho catolico.

Quem estará mia sproximo do verdadeiro espirito feminino: as feministas (que são... bem... femeas) ou o PA (que aparentemente apenas leu as enciclicas papais e as dimensões culturais do Hofsteder)?

é uma pergunta pertinente.

A minha posição é que nem o PA nem as feministas são de fiar. Ambos falam das mulheres mas na realidade a sua agenda é outra.

No caso das feministas, os direitos das mulheres são apenas um pretexto para combater o capitalismo e a sociedade burguesa (aqui estou 100% com a zazie). No caso do PA, as mulheres são apenas um pretexto para defender uma sociedade "catolica" aka democracia organica aka salazarismo.

As mulheres em sí interessam muito pouco aos intelectuais (como o PA e as feministas).

Rui Silva

zazie disse...

Declaração de Independência dos EUA- 1776

Direito de voto das mulheres nos EUA- 26 de Agosto de 1920

Não sei a que título a cena igualitária tem a ver com mulheres, uma vez que a única coisa em que podia haver uma falsa igualdade era entre extractos sociais masculinos.

Harry Lime disse...

Não sei a que título a cena igualitária tem a ver com mulheres, uma vez que a única coisa em que podia haver uma falsa igualdade era entre extractos sociais masculinos.

Sem dúvida... E mesmo assim a igualdade era apenas entre extractos sociais masculinos de raça branca. :-)

Rui Silva

Euro2cent disse...

> american_progress.jpg

Quando exportaram isso do progresso para a Rússia, o tipo da "franchise" local disse que o comunismo (a marca que estavam a usar lá) era "sovietes mais electrificação".

Podia ter usado o mesmo boneco.

zazie disse...

Pode crer. Lembro-me sempre dessa- comunismo são sovietes a electricidade. Cópia do Destino Manifesto dos transcendentalistas.