pela fé e pelas obras

É a questão primária que separou protestantes de católicos e a fonte de quase todas as outras divergências. Trata-se da doutrina da justificação. Como é que um homem se justifica perante Deus, pela fé e pelas obras, como sempre afirmou o catolicismo, ou somente pela fé (Solo Fidei) como viriam a afirmar os protestantes?

A discussão teológica que se seguiu ficou inquinada pelo problema que lhe deu origem - o das indulgências - e ainda hoje a doutrina católica fala da justificação sobretudo por referência ao pecado : "A graça do Espírito Santo tem o poder de nos justificar, isto é, de nos lavar dos nossos pecados e de nos comunicar a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo e pelo Baptismo...".

Mas o cerne da questão não é o pecado, mas uma questão mais geral à qual a citação acima também faz referência - a da justiça, que é a questão de "dar o seu a seu dono". Mais importante do que o pecado - que põe o ênfase no mal, e como reparar o mal  - a doutrina da justificação também  envolve a questão que um homem se pode pôr a si próprio, a qual põe o ênfase no bem, e que é a seguinte:

"Quando cheguei ao mundo encontrei cá pessoas que me acolheram e educaram, bens que me alimentaram e outros que fizeram a minha vida melhor, encontrei um país pacífico onde vivi...etc...etc.., e tudo isso foi uma dádiva, para a qual eu não contribuí em nada. Como é que eu posso retribuir às pessoas que me deram tudo isso,  a maior parte das quais já cá não estão?".

A resposta é dada por Cristo, mas é comum a todas as outras religiões, e é a regra de ouro: "Faz aos outros aquilo que te fizeram a ti". E isso implica obras, não basta a fé.