26 fevereiro 2016

a-ju-da-da

Um dia, "nessa idade louca dos trinta anos", como recentemente lhe chamou o Papa Francisco, escrevi uma série de artigos para o Jornal de Notícias comentando a Encíclica "A Solicitude Social da Igreja" (1986) do Papa João Paulo II. O meu texto era bastante crítico (a Encíclica era dedicada a temas da Economia), embora não hostil.

Uns dias depois, através do Jornal, recebi uma carta de um leitor a dar-me os parabéns pelos meus artigos e a dizer que gostaria de me conhecer. E assim aconteceu. Era engenheiro e um pequeno industrial, e teria na altura perto de 60 anos. Acabámos amigos até á sua morte, cerca de dez anos depois.

O que é que ele tinha para me transmitir?

Depois de elogiar os meus artigos, disse-me assim, enfatizando as sílabas da última palavra: "Sabe, a Igreja, em lugar de ser criticada, precisa de ser a-ju-da-da". Só anos mais tarde entendi perfeitamente o significado desta mensagem.

Primeiro, que já ninguém consegue ser original a  criticar  Igreja, já lhe foram feitas, ao longo dos séculos, todas as críticas que se lhe podem fazer - e  algumas, em certos momentos e circunstâncias, eram merecidas.

Segundo, não se critica a Mãe e a família em público. Se existem críticas a fazer, elas fazem-se dentro da família, discretamente e em privado. Este engenheiro era um católico convicto e discreto, a melhor espécie de católicos.

Finalmente, a Igreja precisa, de facto, de ser ajudada. Quando se trata de confrontar os seus adversários, ela, que é uma figura de mulher, defende-se mal, é frouxa e desajeitada a falar em público, fala sempre da forma delico-doce que é típica da mulher. É necessário ali uma voz de homem que faça ouvir a sua mensagem.

O Papa Bento XVI sentiu isso quando pediu ajuda aos leigos para propagar a mensagem da Igreja. Os padres estão desgastados por séculos de propaganda anti-católica e já não são ouvidos em público. Os próprios adversários da Igreja, a primeira coisa que querem é pôr os padres fora do espaço público. Alguém tem de lhes tomar o lugar e de falar por eles.

Um exemplo:
http://portocanal.sapo.pt/programa/15/

4 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado.

Para mais com o link para a emissão televisiva. Não sei se sabe mas "vejo-me à nora" para apanhar uma intervenção sua no Porto Canal. Censura...
O tema mereceria mais exemplos do Mal. E das consequências deste.

O post está bom mas poderia estar melhor. No seu "estilo".

Abraço

Anónimo disse...

Tem muita razão. A sua voz é muito importante. Continue, por favor.

Anónimo disse...

Concordo 100%. Penso que tal como os padres, também os leigos se sentem intimidados a falar em público não só porque receiam essa pressão anti-igreja mas também pq conhecem pouco a doutrina e os evangelhos. A verdade é que poucos estudam a palavra de Deus e como em qualquer matéria, é preciso estudar, reflectir e compreender. Infelizemente estamos mais à vontade a discutir a bola e a ler os jornais desportivos de manha à noite do que a tentar alimentar a fé. Um abraço. Jorge.

Pedro Sá disse...

Essa visão burguesa da mulher...completamente contraditória com a realidade.