05 setembro 2014

Aleksandr Solzhenitsyn, 1994

"9/5/1994, entrevista concedida a Paul Klebnikov, revista Forbes

Forbes: O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew Brzezinski diz que os EUA têm de defender a independência da Ucrânia.

 Aleksandr Solzhenitsyn: Em 1919, quando seu regime chegou à Ucrânia, Lênin deu ao país várias províncias russas. Essas províncias jamais, historicamente haviam pertencido à Ucrânia. Falo dos territórios do leste e do sul da Ucrânia que conhecemos hoje. Depois, em 1954, Khrushchev, com a leviandade arbitrária de um sátrapa, deu a Crimeia, “de presente” à Ucrânia. Mas nem ele conseguiu “dar de presente” à Ucrânia o porto de Sebastopol, que permaneceu como cidade separada, sob a jurisdição do governo central da URSS. Tudo foi feito pelo Departamento de Estado dos EUA, primeiro verbalmente, através do embaixador Popadiuk em Kiev e, depois, de modo mais oficial. Por que o Departamento de Estado decidiria quem devia ficar com Sebastopol? Se alguém se lembra das declarações, absolutamente sem qualquer tato, do presidente Bush, sobre apoiar a soberania da Ucrânia, mesmo antes do referendo sobre o assunto, pode-se concluir que tudo isso só tem a ver com um único objetivo comum: usar todos os meios, não importam as consequências, para enfraquecer a Rússia.

 Forbes: Por que a independência da Ucrânia enfraquece a Rússia?

 Aleksandr Solzhenitsyn: Como resultado da repentina e violenta fragmentação de povos eslavos, todos interconectados, as fronteiras romperam milhões de laços de família e de amizade. Pode-se aceitar isso? As recentes eleições na Ucrânia, por exemplo, mostram claramente as simpatias russas dos povos da Crimeia e de Donetsk. Uma democracia tem de respeitar isso. Eu próprio sou quase metade ucraniano. Cresci ouvindo os sons da língua ucraniana. Amo a cultura ucraniana e desejo sinceramente todo o sucesso à Ucrânia, mas dentro de seus reais contornos étnicos, sem tomar outras províncias russa"

22 comentários:

muja disse...

Pensa tu ó estúpido!

Só mesmo um retardado mental é que olha para os mapa das bases americanas no mundo e vem falar em "imperialismo" russo...

Olha para o mapa.

Qual é a parte de "aquela gente nao quer fazer parte da Russia" que ainda nao percebeu?

A parte em que és um burro.

Mostre uma manifestacao a favor da integracao da Russia no Donbas ou Crimeia antes desta crise fabricada e financiada pelo Putin? Mostre os estudos de opiniao, mostre qualquer facto, por favor!

Notícias, pode ser? Ora atão:

Donetsk:

Maio

Miners hold pro-Russia rally in Donetsk
http://www.theguardian.com/world/2014/may/28/miners-russia-rally-donetsk

Julho

Thousands cheer pro-Russia rebels at Ukraine rally
http://www.foxnews.com/world/2014/07/06/pro-russia-rebels-regrouping-in-donetsk-vowing-to-renew-fight-against-ukrainian/

People in Donetsk rally in support of pro-Russians
http://www.presstv.com/detail/2014/07/06/370173/donetsk-renews-support-for-prorussians/

Thousands cheer pro-Russian rebels at Ukraine rally
http://www.washingtonpost.com/world/europe/thousands-cheer-pro-russian-rebels-at-ukraine-rally/2014/07/06/f50d074e-053a-11e4-a0dd-f2b22a257353_story.html

Lugansk:

Abril

Hundreds of pro-Russian ukrainians rally in Lugansk
http://usatoday30.usatoday.com/video/hundreds-of-prorussian-ukrainians-rally-in-lugansk/3492382743001
https://www.youtube.com/watch?v=IJDn6mmeh2Y

Agora, factos que provam ou sequer indiciem que todo este sarilho foi criado pelos russos. De caminho, explicar o que faziam membros do governo americano no meio dos protestos Maidan...

Anónimo disse...

Em suma, se em virtude dos colonatos no West Bank se começar a falar mais hebraico do que arabe o Muja acha que Israel deve anexar a região como a Russia está agora a fazer. Afinal de contas ele há razões historica, de lingua...
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Existem no west bank cerca de 500 mil israelitas para 1,5 milhoes de palestinianos. A este ritmo Isarel ganha legitimidade para impor a anexação. É isso, Muja?
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Não é, pois não?
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Então, na Ucrania é a mesma coisa. A Russia não tem que meter o bedelho, sai e deixa que a Ucrania resolva o assunto internamente. A Ucrania resolveria o assunto dando autonomia total à crimeia e leste e/ou condições super especiais de corrida que até estavam a decorrer no seu devido tempo. E isso sim, é forma justa e digna de fazer as coisas.
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A ideia peregrina de que o vizinho pode arrogar-se no direito de usar/inventar argumentos sobre um país que lhe faz fronteira é insano e imoral.
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Rb

Anónimo disse...

Este muja nao sabe ler, so pode.

Volte para a escola antes de pretender intrometer-se em discussoes civilizadas com insultos.

Foi mal-criado, azar o seu.

José Lopes da Silva disse...

Realmente é pena que tantos comentadores se dediquem a ataques pessoais ao Carlos Novais para reforçarem os argumentos que expõem, que são geralmente lógicos. Já estamos habituados a isso, mas há ocasiões em que realmente se torna aborrecido. Só vem diminuir a vossa argumentação.
Venho "deixar" um desafio geracional à Rússia, atenção do Carlos Novais: que a Rússia aja de forma a que os seus vizinhos queiram aderir a ela tal como os países da Europa quiseram aderir à CEE. Que os vizinhos da Rússia queiram aderir a uma organização de segurança tipo NATO, em vez de quererem aderir à NATO. Que os habitantes dos países da Europa de Leste queiram emigrar para lá, em vez de quererem ir para a Europa Ocidental - ou para os Estados Unidos, como fizeram tantos europeus de leste e russos nos últimos 200 anos. O primeiro passo até já está dado com o sr. Snowden. Seria um belo projecto - mas estará de acordo com o perfil político e psicológico do povo russo?

Anónimo disse...

Caro José Lopes da Silva,

no meu caso estava apenas a tentar espicacar saudavelmente o CN.

Se se considera anarquista/libertário entäo nao ha principio mais sagrado do que a nao iniciao de violencia.

E no entanto, aqui está ele - qual neo-con reinventado - a defender uma potencia imperial, militarista, revanchista, decadente, contra um povo pacifico, que nunca iniciou qualquer guerra.

caso mais claro de uma agressao nao provocada, com tiques colonialistas que esta, é dificil.

Joao

CN disse...

Caro João

A razão porque uma boa boa pate dos libertários têm uma atitude antiwar sem serem pacifistas, é por reconhecerem o problema do estatismo que sai das guerras e da destriução da ordem natural de cooperação.

Dito isto, está a trocar a ordem.

As disputas territorias quase todas partem de status quos mal resolvidos.

A infantilidade de a cada época se dizer: não, mal ou bem, agora esta é que vale, é, bem, infantil.

Os povos e a história têm uma dinâmica de identificação que não pára.

O facto dos russos da ucrânia de Leste, ou uma parte, querer agora uma autonomia ou se quisermos, querer sair da Ucrânia e querer forçar a situação, corrresponde ao que sempre se passou e vai continuar a passar quando a questão da identidade por algum motivo é levantada.

E o atiçar do Ocidente pelo Ocidentalismo da Ucrânia que sendo real existe apenas num parte do território, foi o que o acordou.

POr isso, uma atitude libertarian-anti-war tenta sempre conter o conflito às partes em questão, apontar para as unintended consequences de se meter entre marido e mulher, etc.

ADM disse...

Muitos comentadeiros com 0,01% da capacidade analítica de CN.

Anónimo disse...

fónix ainda na mesma. V. mija nas cuecas com este tema. Tempo de trocar de cuecas, que já cheira mal.....

Anónimo disse...

Caro CN,

em relacao a relacao intrinseca entre estatismo e guerras, 100% de acordo.

Em relacao a disputas territoriais mal resolvidas, talvez a excepcao da Crimeia, nao é o caso. A maioria da populacao do Sul e Leste ucraniano quer continuar na Ucrania. Apenas uma minoria violenta pretende continuar um processo de colonizacao à ponta da espingarda (processo a que CN chama eufemisticamente "dinamicas de identificacao").

A Crimeia, foi incorporada de forma voluntária para ambas as partes na Ucrania e serviu como "compensacao" pelas limpezas étnicas que os russos fizeram na regiao. Onde está o respeito pelos contractos voluntariamente realizados CN? Eu posso vender-lhe o meu carro, recolher o dinheiro, e passados seis meses roubá-lo dizendo que tinha um alto valor sentimental para mim?

Em relacao ao papel do Ocidente, tem que se analisar de duas perspectivas.

Em primeiro lugar, Os EUA e o UK comprometeram-se no memorando de Budapeste a defender a soberania e integridade terroritorial da Ucrania, uma nacao que abdicou pacificamente (e tragicamente) do seu arsenal nuclear, para á primeira oportunidade ser invadida por uma potencia militarista (tambem envolvida na Georgia, Chechenia 2x, Moldova,...)

Em segundo lugar a questao moral - inclusivamente de uma perspectiva libertária. Se o marido espanca a mulher, é esperado que a comunidade voluntariamente no minimo exerca algum tipo de ostracismo social para desencorajar comportamentos nao civilizados. Isto faz parte do que é esperado numa sociedade livre e voluntarista.

Se, por exemplo, a Austria invadisse o Liechtenstein, o que seria esperado por parte de uma comunidade internacional civilizada seria o isolamento da Austria, de forma a desencorajar este tipo de agressoes nao provocadas. O mesmo sucede perante a Russia, após uma invasao nao provocada, moralmente o Ocidente tem o dever isolar a Russia internacionalmente, para haver uma perspectiva de paz na regiao a prazo.

Joao

Anónimo disse...

Folgo em saber que, afinal, o CN não quer que a Russia meta o bedelho e deixe que a Ucrania resolva os seus problemas regionais internamente, negociando as autonomias que tiver que negociar sem a pressão militar russa pelo meio.
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Rb

Anónimo disse...

Como bem sabe o 'ocidente' foi um mero agente passivo. Predispos-se a receber, eventualmente, a Ucrania no espaço da UE.
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Rb

Anónimo disse...

A ciumeira Putinana e a respectiva tentação imperialista é que precipitaram as coisas.
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Ainda pode ser que o assunto acabe bem, caso a Russia aja com a mesma verticalidade com que o 'ocidente' tem agido neste dossier.
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Talvez até saia a ganhar com isso.
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Rb
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Anónimo disse...

E não é preciso vir com teorias libertárias manhosas para cima da mesa. Basta que pense nos assuntos através dos olhos da moralidade e bons costumes. Por este prisma acerta sempre.
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Rb

CN disse...


Querem retorcer o conceito de não-intervencionismo façam-no. Acho que isso fica claro a todos.

Caro João

Como disse, onde existem fronteiras e estados mal resolvidos, mais tarde ou mais cedo, os povos tratam de os resolver.

E neste caso quem incendiou o rastilho foi o Ocidente que se preparava para por a NATO na Crimeia e depois de se meter nos processos eleitorais, etc.

Não ponho em causa as acções diplomáticas, etc.

Ponho em causa o "Jingoism" moralista-puritano-de-anjinhos.

A única forma racional de resolver pacificamente disputas territoriais é por referendos. Só conheço o Lichetenstein onde Constituição dispõe o direito de secessão por referendo a qualquer altura por cada uma das suas 10 ou 11 comunas.

Anónimo disse...

« foi o Ocidente que se preparava para por a NATO na Crimeia e depois de se meter nos processos eleitorais, etc.» CN
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Está a fugir com o rabo à seringa. A Ucrania é que pediu adesão à NATO, não foi a NATO que pediu à Ucrania para aderir.
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Rb

Anónimo disse...

Portanto, cabe aos Ucranianos decidirem a que querem aderir e não aos Russos o direito de impedir que eles adiram.
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As eleições que vc diz que o 'ocidente' se preparava para se meter é agora o próprio Putin que o propoe, que seja a comunidade internacional a fisclizar o processo eleitoral.
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Rb

Anónimo disse...

E em paz, sem pressão militar da Russia, a Ucrania vai poder fazer os seus refrendozinhos como bem entender que ninguem tem nada com isso. E se decidirem ser russos, sê-lo-ão, se decidirem pertencer à UE e a NATO sê-lo-ão.
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Rb

muja disse...

Em relacao a disputas territoriais mal resolvidas, talvez a excepcao da Crimeia, nao é o caso. A maioria da populacao do Sul e Leste ucraniano quer continuar na Ucrania.

Mas quem diz? Eu pus aí meia dúzia de links para jornais e comunicação social a demonstrar o contrário.

Vs. põem... merda nenhuma.

Pois.

Quanto ao mal criado, não gostas, deixa à beira do prato.

Euro2cent disse...

Ainda estou para perceber as contorções mentais de quem acha bem que se tire o Kosovo da Sérvia, mas não admite que se tire a Crimeia (e/ou Donetsk, etc.) da Ucrânia. A auto-determinação dos povos é só molho para o pato, e não dá para o ganso?

Sem falar das eleições que o actual presidente da Ucrânia não ganhou, com democratas impolutos a apoiar tomadas do poder por arruaça, etc. etc.

Os bons mentirosos primam pela consistência. Estes trazem umas histórias um bocado mal contadas. Mas gritam muito, e muito alto, e repetem muitas vezes. Dizem que funciona.

A coisa costumava ser um bocado mais bem feita. Por mim, acho o trabalho de propaganda muito fraco. Mas se vos basta ...



zazie disse...

eheheh

Mais outra grande boca.
O Morgadinho ainda pode enganar porque aquilo é megafone da cubata.
Agora este não:

http://www.huffingtonpost.com/bernardhenri-levy/with-the-ukrainian-presid_b_5671486.html

zazie disse...

http://www.dailystormer.com/jew-bernard-henri-levy-gives-a-speech-to-the-ukrainian-protesters-welcoming-them-to-the-eu/

É assim que o lobby funciona.

Este também começou por ser marxista. Depois foi dos primeiros a deitá-lo abaixo.

A seguir montou bar na Rive Gauche, depois encontrou causa mais rentável.

E não é estúpido, claro.

zazie disse...

Ou no Marais? já não me lembro de que lado ficava o bar do filósofo.