Se houvessem diferenças significativas entre o
PS e o PSD/CDS seria fácil conseguir um entendimento pós-troika. Esse
entendimento seria negociado e todos perceberíamos que cada parte tinha cedido
um pouco para benefício de todos.
Ninguém perderia a face, nem a identidade,
porque se trataria de uma negociação genuína, conduzida de forma aberta e
transparente. Pelo contrário, todos os participantes veriam o seu estatuto
melhorar junto da opinião pública.
O problema, na minha perspectiva, é que esse
entendimento não é possível precisamente porque não há quaisquer diferenças
entre os partidos do chamado arco da governação. São todos socialistas e todos
mais ou menos democratas. As nuances que diferenciam o socialismo democrático
da social-democracia e da democracia cristã são já de si ténues e na prática
governativa condicionada, em que vivemos, não são nenhumas.
Daí que ninguém se queira chegar à frente, na
resposta ao apelo de Cavaco. Um entendimento exporia a total ausência de
diferenças e frustraria as respectivas bases eleitorais.
Como as coisas estão, o partido que governa
sempre se pode ir queixando da herança que recebeu do anterior e a oposição
sempre pode ir prometendo que fará melhor. O “pseudo-desentendimento” é mais
conveniente para o atual sistema político-partidário do que qualquer entendimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário