O NHS, do RU, há anos que dá às mães a opção
de escolher entre cesariana e parto normal (ver artigo bastante completo do Guardian, de 2011, sobre este assunto).
Em Portugal, o MS tem afirmado (julgo que pela
boca da ex-ministra Ana Jorge) que as parturientes devem poder fazer a mesma
escolha. Esta tornou-se, aliás, uma prática corrente e que reúne um certo
consenso entre nós. Se uma parturiente do SNS pedir uma cesariana, os obstetras
acomodam essa vontade.
Porquê? Porque os riscos da cesariana e do
parto vaginal, neste momento, são idênticos. Há uma vasta literatura sobre este
assunto, embora, como sempre em ciência, seja fácil encontrar opiniões
divergentes.
A afirmação das investigadoras Aida Isabel
Tavares e Tânia Rocha de que: ‹‹A saúde de mães e recém-nascidos pode ser
afetada pela realização de cesarianas desnecessárias›› carece de fundamento
médico. Uma vez que a mãe pode escolher e a cesariana e o parto vaginal são
métodos alternativos, uma cesariana nunca pode ser desnecessária.
Drª Aida Tavares e Drª Tânia Rocha, deixem-me
ser muito claro: UMA CESARIANA NUNCA PODE SER DESNECESSÁRIA, porque é sempre
necessário que se realize o parto.
No estudo citado no Expresso, afirma-se que se
fazem mais cesarianas no privado do que no Público. É verdade, porquê? Porque se
fazem a pedido das mães, na maior parte dos casos. Enquanto no SNS raramente as
doentes se atrevem a expressar a sua vontade.
Eu não teria escrito este post, contudo, para
contradizer as investigadoras, numa matéria que não dominam. Dava de barato que
se enganaram, ponto final. Não dignifica a Universidade de Aveiro, mas acontece
aos melhores.
Escrevo este post porque as doutoras erraram na
área das suas especialidades – economia e gestão. Erraram quando afirmam que se
fazem mais cesarianas na privada do que no SNS por motivos económicos.
Passo a explicar, as investigadoras dizem
que no SNS ‹‹o factor indutor das
cesarianas é a falta de médicos›› e ‹‹evitar as vigílias››. Ora aqui é que a
porca torce o rabo, então a falta de médicos não é uma questão económica? E a
vontade de evitar as vigílias não é outra? Os médicos não estarão a avaliar o “custo
de oportunidade” de passar uma noite em claro? Optar pela cesariana não é o
mesmo que remunerar o médico em descanso?
A única conclusão legítima do estudo é que
podem existir factores de natureza económica, tanto no privado como no SNS, a
condicionar o número de cesarianas. Mesmo assim, sem sabermos quantas
parturientes exigem a cesariana no privado e no público, é difícil tirar
conclusões.
Até é possível que se chegue à conclusão que
os médicos na privada respeitam mais a vontade das parturientes do que no SNS.
Mas será que essa conclusão interessa às investigadoras?
Vou enviar este texto à Drª Aida Isabel Tavares (aida.tavares@ua.pt)
e, se ela me responder, prometo publicar aqui a sua
réplica na íntegra.
17 comentários:
bom , fiquei a saber agora que a maioria das cesarianas era desnecessária posto que parto normal era saudavelmente possivel...não fazia ideia desse disparate moderno.
Pelos vistos as que parem não têm direito à sua vagina, isto é o corpo não é delas...
Estão chalados?
Está errado. Não é nada assim. O Birgolino há-de perceber de varizes mas de partos não percebe nada.
Não se podem fazer várias cesarianas seguidas.
Sei disso por informação directa de quem fez várias e teve filhos demasiado seguidos.
Não tem a menor comparação com parto normal- uma cesariana é uma operação e não se pode andar a abrir a barriga "a pedido".
È como injecção epdidural- não é a mesma coisa que parto nomral.
No parto normal a parturiente está acordada e ajuda a fazer nascer.
Não há necessidade de retirar de forma técnica, coisa que já causou excessivos danoss.
Também conheço quem ficou com defeito para o resto da vida por isso mesmo. Por não ter sido parto normal.
Só que uma coisa é ter de se fazer, por perigo, por estar a correr mal, outra por moda.
Agora a pedido e ao gosto do freguês só na terra dos birgolinos.
Já ninguém sabe é o que é ter filhos.
Daí esta treta até se ter tornado literatura de ficção.
Tudo de boca aberta- a especularem acerca de um fenómeno raro.
Olhe, de caminho envie também os meus comentários.
Parecem malucos a falarem de parto como se fosse mais um fenómeno de mercado em que quem dita a regra é o freguês.
A freguesa, neste caso eehehhe
Vai um partinho normal com gemideira, ou está indecisa entre epidural e cesariana?
leve lá o menu para escolher a tempo.
Zazie,
Não leve a mal, mas a menina vive em 1960
Joaquim
a ignorância é sempre atrevida.
Nessa altura era virgem
":OP
nasceste com a cona larga
Mas olhe, caro Joachim, eu posso garantir que no SNS fazem tudo para não fazer uma cesariana.
.
Dificultam a um ponto que têm de ser os pacientes a ter de provar (e pedir muitooo) que a mãe ou o bebe correm perigo de vida se fizerem parto normal. E o problema é que pensam que um gajo está a tentar ludibria-los quando pede uma cesariana. Torna-se numa conversa estranha e esquisita; parece que estamos a tentar vender um produto.
.
Os médicos estão de facto condicionados no SNS. A profissão de médico tem de voltar a ter a nobreza que as funções implicam. Há lá alguma profissão mais nobre do que essa?
.
Não há.
.
Isso tanto se aplica ao SNS como ao sector privado.
.
No privado tem estado condicionados a fazer mais cesarianas porque provavelmente dão mais dinheiro à entidade patronal.
.
Ora, uma cesariana não deve ser a regra, no entanto nós sabemos que há umas decadas atrás as mães ou as crias morriam à nascença muitas mais vezes do que agora acontece.
.
E nem preciso de ir muito longe. As minhas duas avós (paterna e materna) nasceram de parto normal, mas as respectivas mães morreram ao dar à luz. Por sua vez o meu pai nasceu e a mãe dele (minha avó) morreu no parto. E se isto se verificou na minha familia tambem deve ter acontecido nas outras.
.
Portanto, talvez se exagere nas cesarianas nos privados, mas que elas vieram trazer mais sossegozinho, lá isso vieram, principalmente porque no meio do exagero é bem provavel que se safem muitas mães e bebes que teriam morrido caso não optassem por esse 'luxo'.
.
Rb
Foi como eu disse.
Coneço médica que ia morrendo em Sta Maria porque atrasaram a cesariana.
E só um estúpido pode dizer que se podem fazer operações em cima umas das outras.
Não podem.
Pois.. e dia 3 de Março vai fazer um ano que perdi uma grande amiga minha... Foi no hospital de Loures.. Lembram-se de um caso em que uma mulher de 38 anos morreu horas após o parto e deixou assim 2 filhos?! Pois... era suposto ela ter feito uma cesariana (era uma gravidez de risco)... Agora só nos resta os "ses"... E se tivesse feito a dita cesariana?!
Maria Rebelo
Neste caso que conheço era parto de risco e a parturiente sempre tinha tido problemas no nascimento dos outros filhos.
Nem o facto de ser médica lá e o pai também, serviu para alguma coisa.
Deixaram-na uma noite inteira em trabalho de parto e ia morrendo.
Claro que a resposta para isto é básica- não havia por lá cirurgião e querem sempre poupar.
Aliás, quem disse ao Joaquim que são os médicos que assistem a todos os partos?
Treta!
São enfermeiras.
Enviar um comentário