06 janeiro 2014

Moeda e crescimento

Análise do período de 1870 a 1900 nos EUA:

Índice de Preços nos EUA em 1870: 12.65.
Índice de Preços nos EUA em 1900: 8.14.

PIB per capita EUA (2009 usd) em 1870: 3 040 Usd.
PIB per capita EUA (2009 usd) em 1900: 6004 Usd.

Portanto, num período sem guerras nos EUA, em que vigorou o padrão-ouro sem Banco Central (o FED foi criado em 1913) temos:

Deflação (queda de preços) no período: - 35.6%.
Crescimento no período: 97.5%.

Conclusão: crescimento com estabilidade monetária traduz-se na queda de custos e preços unitários. A queda de preços unitários não entrava o crescimento - é o próprio crescimento.

E quanto aos salários nominais? Tenho aqui defendido por raciocínio lógico que a queda de preços derivada do aumento da produtividade (queda de custos) em nada implica uma queda dos salários nominais, porque, como é evidente, o aumento de produtividade é conseguido pelo menor número de horas total necessárias por unidade de produto e não por redução do custo por hora desse salário. São as horas "libertadas" de um dado nível de produção que permite que mais produção do mesmo ou outro produto tenha lugar, a ser adquirido pelo poder de compra adicional materializado na poupança nominal conseguida com a descida do preço.

Vamos então ver os salários nominais no período em causa (não só não desceu, como subiu em termos nominais, como nota adicional manteve-se sensivelmente igual até 1883):

Salário nominal por hora em 1870: 0.11 Usd
Salário nominal por hora em 1900: 0.14 Usd

O que está aqui expresso é quase uma blasfémia para a doutrina económica corrente, mas que cada vez é mais difícil de contradizerem. Sendo fiel à epistemologia austríaca, o que prova esta verdade é a consistência do raciocínio lógico e não os dados empíricos, mas para quem tem dúvidas...

Todos os dados retirados de: http://www.measuringworth.com

9 comentários:

Anónimo disse...

Ora ainda bem que CN aparece a dizer o habitual: o que se mete pelos olhos dentro.
eao

Carlos Guimarães Pinto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Guimarães Pinto disse...

Carlos, deste post pode-se tirar as seguintes conclusões:

1. Pode haver crescimento económico com moeda deflacionária: de acordo.
2. Com ou sem moeda deflacionária, o crescimento decorre de ganhos de produtividade: de acordo
3. Com moeda deflacionária, o salário nominal agregado pode subir: de acordo.

Nada disto contradiz o que defendi lá no outro lado. A questão que se coloca é: uma moeda deflacionária prejudica ou não ajustamentos económicos quando estes são necessários? O actual ajustamento português seria ou não mais fácil de implementar politica e socialmente com inflação de 5% ao ano? Da mesma forma, ajustamentos mais pequenos, são ou não mais fáceis de implementar?
É ou não verdade que psicologicamente um indivíduo prefere manter o seu salário nominal com uma inflação de 5% a baixar o seu salário nominal em 5% com inflação zero.

Se concordarmos que existe alguma inflexibilidade nominal na economia e que tal prejudica o ajustamento quando este é necessário, podemos partir para a discussão de saber se a flexibilidade adicional compensa os riscos.

CN disse...

Carlos,o teu texto é contraditório, depois de relevares o mecanismo de preços, dizer que a melhor moeda é aquela que distorce os preços relativos nominais por uma ganho que é altamente duvidoso.

Ainda menos sentido faze antecipar que num processo de mercado livre de moeda, se escolheria não o ouro e prata e outros com quantidades estáveis, mas outra qualquer, pelo facto de as pessoas anteciparem que seria melhor nos casos e, que tu apontas.

Não bate certo.

Carlos Guimarães Pinto disse...

Em relação ao mecanismo de preços, é verdade que uma moeda inflacionária também distorce preços relativos, embora essa distorção tenha mais q ver com o mecanismo de expansão monetária do que com a expansão monetária em si.

Mercados livres de moeda já existem e em nenhum caso moderno o ouro foi escolhido. Pensemos no caso da Somália, Sudão ou Zimbabwe. Nos 3 casos não existiu qualquer controlo externo sobre a escolha, e todos escolheram o dólar.

CN disse...

CGP, tenho mesmo dificuldade em entender como podes considerar a escolha óbvia do Usd nessas situações.

A escolha é entre Usd, Eur, etc. Até eu escolheria o Usd.

Não entre moedas fiat e commodities ou mesmo bitcoins.

Aliás, o fenómeno bitcoin leva a induzir que esta como o ouro e prata seriam utilizados preferencialmente dado o seu sucesso apesar de :

- não ser moeda legal (com as consequências a nível de contratos)
- não serve para pagar impostos
- está sujeita a impostos sobre lucros

Carlos Guimarães Pinto disse...

O que impede os Sudaneses de utilizarem ouro ou prata nas suas trocas comerciais em vez de USD?

CN disse...

O dólar é aceite universalmente, o ouro, precisa de notas que o representem (para além do estatudo legal)para se tornar prático

Carlos Guimarães Pinto disse...

Em termos de legalidade e aceitabilidade, o dólar e o ouro partiram em igualdade no Sudão (ambos ilegais e inicialmente não aceites). Tanto um como o outro podem ser trocados por moeda estrangeira para efeitos de importação (O Sudão é até exportador de ouro)

"o ouro, precisa de notas que o representem"

Ou seja, precisa que o estado sudanês tome a iniciativa?