28 dezembro 2013

bê-á-bá


Podemos olhar para os seres humanos como simples animais? “Em verdade vos digo” que podemos e devemos.
Lá por estarmos no topo da escala evolutiva, não devemos esquecer as origens. Somos mamíferos primatas que partilham a maior parte do ADN com os outros primatas que habitam a Terra. Entre nós e eles há grandes diferenças, pois com certeza, mas parece-me que são mais as semelhanças do que as diferenças. Deformação profissional, talvez.
Enquanto escrevo estas linhas, tenho a Marta ao meu lado. É uma cadelinha Shi Tzu que adoptámos há 7 anos. É provável que eu e ela tenhamos um antepassado comum lá para o cretácico, há dezenas de milhões de anos. Tanto tempo, porém, não impede que nos entendamos razoavelmente. A Marta compreende a linguagem humana e eu também a compreendo.
A principal razão para nos entendermos tão bem é por partilharmos as mesmas emoções básicas: raiva, desgosto, medo, felicidade, tristeza e surpresa. Quando chego a casa, por exemplo, sei que ela fica feliz e transmito-lhe o mesmo sentimento.
Agora coloco outra pergunta, podemos olhar para os seres humanos como uma entidade físico-química? “Em verdade vos digo” que podemos e devemos.
Apesar da nossa complexidade, somos constituídos por elementos básicos que se encontram na natureza. Estamos integrados no meio ambiente e obedecemos às Leis da física e da química.
Mais uma vez, isto não quer dizer que sejamos comparáveis a um calhau. Apenas que fazemos parte do mesmo universo e que nos regemos por princípios comuns. Se formos atirados do cimo da Torre de Pisa, caímos como qualquer bala de canhão.
Enquanto “máquinas biológicas”, necessitamos de energia para funcionar e a eficácia do trabalho que desenvolvemos é sempre parcial. Parte da energia é dissipada sob a forma de calor.
Esta abordagem bio-físico-química só pode surpreender quem anda distraído ou se dedicou de tal maneira às ciências ditas humanas que se esqueceu que somos de carne e osso e que estes materiais são constituídos por átomos e moléculas.
A única coisa que verdadeiramente nos distingue é a cultura. A cultura humana é incomensuravelmente superior à de qualquer outra espécie animal e o modo como processamos a informação incomensuravelmente superior ao de qualquer outro maquinismo. Mas é tudo.
Eu gosto de pensar que sou um ser vivo constituído por elementos materiais que fazem parte de um Universo admirável, com princípios e Leis que estão ao alcance da minha compreensão. É uma espécie de milagre.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Dr., desde os meus 30 anos acredito que a Vida é matéria inorgânica organizada. Como? Mistério.
Abraço do eao

Anónimo disse...

Explique lá, caro Joachim, sob ponto de vista termocoiso, biocoiso etc, em que é que, e porque é que, o ser humano foi o único animal a ter inteligência.
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A biologia, quimica, evolução dos corpos, não explica porque é que um ramo dos primatas se distinguiu em inteligência dos restantes.
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Explica, isso sim, porque é que nos tornamos bipedes, e porque é que perdemos pêlo, explica várias outras transformações no corpo para se adaptar ao meio, mas não explica porque é que um ramo dos primatas se distinguiu em inteligencia, ao passo que outro qualquer ramo de outro qualquer animal nas mesmas condições manteve a mesma inteligencia. Um tigre de sabre continua a ser um tigre. Um elefante não deve ter inteligencia superior ao mamute. Um chimpazé continua a ser um chimpazé. Um crocodilo continua a ser um crocodilo.
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Mas um ramo especifico dos primatas distinguiu-se dos outros a determinada altura, tendo passado os mesmissimos processos de evolução e selecção que os outros passaram. E distinguiu-se pela inteligencia.
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Se conseguir explicar porque é que apenas um ramo de uma espécie logrou obter inteligencia chega à Verdade.
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Até lá, parece-me lógico crer que Algo externo interveio no processo de selecção que semeou num ramo dos primatas a semente da capacidade intelectual. Ou a capacidade de entendimento de si próprio. A Consciencia, a que alguns chama de Alma.
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Rb