27 dezembro 2013

as grandes Leis Universais


É irrefutável que os seres humanos estão submetidos às Leis da física. Aceitar este princípio é o mesmo que aceitar a existência da realidade e a possibilidade de a conhecermos.
Todos os dias convivemos com essas Leis, naturalmente, porque assim foi toda a nossa vida e assim será para sempre. Mesmo que um dia venhamos a habitar noutros planetas ou noutras galáxias.
Sentimos a ação da gravidade, aproveitamos a energia solar, procuramos energia (sob a forma de alimentos) para sobreviver e temos consciência do espaço que nos rodeia e do tempo que passa; temos consciência, também, de que envelhecemos, de que o tempo nos afecta.
De todas as Leis da física, há duas que têm uma importância excepcional. A Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica. A sua designação, nesta época, é bastante infeliz porque parece circunscrever o seu âmbito às relações entre a energia e o trabalho, ora nada poderia estar mais errado. Tão errado que eu proponho que se altere a nomenclatura em uso.
A Primeira Lei da Termodinâmica deve passar a chamar-se Primeira Lei do Universo e a Segunda Lei da Termodinâmica deve passar a chamar-se Segunda Lei do Universo, tão grande é a sua importância. E que rezam estas Leis?
A Primeira Lei do Universo (PLU) diz que a energia não pode ser criada nem destruída e a Segunda Lei do Universo (SLU) diz que a entropia de um sistema isolado só pode aumentar. Ora a importância destes princípios é tão grande que não se limita ao estudo das máquinas a vapor.
A PLU remete-nos imediatamente para a metafísica. Se a energia do Universo não pode ser criada nem destruída, de onde vem e para onde vai? Já aqui afirmei que aceitar a PLU obriga a aceitar um Princípio Criador. Querem algo mais relevante?
A SLU afirma algo ainda mais importante. Há uma seta do tempo no Universo que está constantemente a passar da ordem para a desordem. A energia disponível dissipa-se e torna-se inutilizável, ao ponto da chamada “Morte Fria” do Universo. Para quando? 300 biliões de anos? O prazo não conta, sob o ponto de vista filosófico, o que é importante é a trajetória.
Tudo no Universo se degrada, por efeito da SLU. A entropia aumenta... As únicas entidades que escapam temporariamente aos efeitos da SLU, fazem-no à custa de energia que retiram do meio ambiente (embora o balanço seja sempre o aumento da entropia).
Os seres humanos estão obviamente submetidos à PLU e à SLU. Para manterem a sua organização biológica necessitam constantemente de energia. Para a obterem, trabalham, sendo claro que a energia que despendem a trabalhar tem de ser inferior à que obtêm do meio ambiente. A "máquina humana" tem uma eficiência limitada, desde logo pela temperatura exterior. Ninguém de boa fé pode contestar estes factos, que, na realidade, não têm nada de novo.
O que surgiu de novo nestes últimos anos foram hipóteses e teorias que explicam a origem da vida por abiogénese e propõem um propósito físico para a existência da vida. Como disse em posts anteriores, a vida terá surgido por um gradiente de entropia entre o Sol e a Terra e o seu propósito é reduzir este gradiente.
Foram estes conhecimentos que me atraíram para a física por responder a perguntas que me inquietavam há muitos anos. Como é que surgiu a vida e com que propósito? Como biólogo (médico) conseguia entender que a vida podia ter surgido da chamada sopa primitiva, mas como? Também entendia que todos os seres vivos procuravam "Crescer e Multiplicar-se", mas para quê?
A física moderna desenvolveu uma teoria que dá resposta a estas perguntas, responde ao “como” e ao “para quê”. E aqui entra o meu contributo pessoal, se o propósito da vida é reduzir um gradiente de entropia a melhor via é: Crescer e Multiplicar-se. Eureka!
Agora, usemos a inteligência que o Princípio nos deu. É possível desenvolver uma Ética com base no imperativo de crescermos e nos reproduzirmos? Com certeza que sim. Então, se tal é razoável, também temos de aceitar como razoável que a Ética possa ir buscar os seus fundamentos à física, porque os meios se sobrepõem.
É possível que esta abordagem seja nova para muitos. Até é possível que eu seja a única pessoa no mundo a defender esta hipótese, mas não é por pensar que o Homo Sapiens é uma espécie de panela de pressão, é porque sei, de saber certo, que estamos submetidos à PLU e à SLU.

2 comentários:

Euro2cent disse...

“It is a truth universally acknowledged,

[wait for it, wait for it, wait ... ]

that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife.”

dixit a camarada Jane Austen. Leis universais "are a dime a dozen".

Toda a gente tem disso para vender, a começar no camarada Marx e a acabar na camarada Austen.

As leis universais servem para resolver os problemas de canalização. Coisas prosaicas.

Para tudo o resto, há a metafísica. Sublinhe-se o meta. Os antigos não eram parvos.

Anónimo disse...

As LEIS foram engenhocadas por humanos e, talvez, outros bichos com capacidade de elaborar pensamentos. São uma frustrada tentativa de se aproximar do PORQUÊ. Na nossa óptica, de Deus.
Abraço do eao