21 novembro 2013

the after-life instinct



O Yav é o tipo mais lunático que podem imaginar. Acorda de madrugada e fica sentado à entrada da caverna a ver nascer o Sol. É uma rotina tão repetida que receamos que, se um dia o Yav adormecer, o Sol não surja no horizonte.
Durante o dia, o Yav vagueia pelas redondezas, quase sempre calado. Para junto de certas árvores e ajoelha-se prolongadamente. O que é que lhe vai na cabeça? Mistério!
Ao pôr do Sol, visita as campas dos nossos antepassados e conversa com eles. De regresso traz recomendações do mundo-dos-mortos. Alerta-nos para a necessidade de respeitar a tradição e a Lei. Só há uma Lei: - Não matarás!
Se seguirmos a tradição, como recomenda o Yav, o nosso espírito será venerado depois da morte, pelos familiares e amigos. E os nossos filhos terão melhores condições de sobrevivência.
Por vezes, o Yav pede-nos sacrifícios, por um futuro melhor. Com 29 anos, eu sou o mais velho do grupo e não espero viver muito mais. Mas não posso só pensar em mim, quero ser lembrado como um homem Bom e retribuir o que recebi da comunidade, por isso sigo os conselhos do Yav.
Joak
Comentário: Nós somos filhos dos que se preocuparam com o futuro, para lá das suas próprias mortes.

1 comentário:

Anónimo disse...

“Não se ensina filosofia; ensina-se a filosofar.”
―Immanuel Kant