23 novembro 2013

não há candidatos

Os partidos políticos são, obviamente, a primeira e a mais divisiva de todas as instituições entre os portugueses.

Ao fazer esta afirmação, eu tenho sido confrontado frequentemente com uma pergunta que revela tanto de surpresa como de incredulidade:

-O quê, uma democracia sem partidos?

As pessoas estão de tal modo viciadas nos partidos - lavagem ao cérebro seria um termo brando - que não concebem a democracia sem partidos. E, no entanto, é muito simples.

Além de proibir os partidos, a lei também proíbe os candidatos.

Suponhamos que queremos eleger o Presidente da Câmara da Amadora. Definindo a lei as condições de eleitor e de elegibilidade (v.g., quanto a idade) cada cidadão vota no homem ou mulher que considera mais competente para dirigir a Câmara da Amadora.

Ao final desta primeira volta, existirão várias pessoas nomeadas com diferentes números de votos. A lei define então o número mínimo de votos acima do qual os nomeados passam a uma segunda volta. E depois a uma terceira, que pode ser a volta final.

Obviamente, qualquer pessoa nomeada pode excluir-se.

O povo escolheu o Presidente da Câmara. Esta é que é a  verdadeira democracia e a democracia  da nossa tradição (a comunidade, o povo, é que escolhe) ao passo que na "democracia" actual são os partidos que escolhem o Presidente da Câmara, limitando-se o povo a escolher entre os candidatos apresentados pelos partidos - candidatos que, na maior parte dos casos, são apenas aparelhistas com a presunção de que sabem governar alguma coisa quando, na realidade e frequentemente,  não sabem e nunca governaram coisa nenhuma. Às vezes, até nem são da terra.

16 comentários:

Vivendi disse...

Democracia contra eles...

El 20 por ciento de los croatas fuerza un referéndum para definir el matrimonio como unión entre hombre y mujer.

Más de 750.000 ciudadanos croatas han pedido el parlamento convocar un referéndum sobre una disposición constitucional que sirva para definir claramente el matrimonio como «una unión de vida entre una mujer y un hombre.»

Es la primera vez en los 22 años de la independencia de Croacia de que una iniciativa ciudadana ha logrado reunir el número suficiente para forzar un referéndum. Y se logró en sólo 2 semanas. Ahora se acerca el día de la votación.

http://infocatolica.com/?t=noticia&cod=19196&utm_medium=email&utm_source=boletin&utm_campaign=bltn131123

Anónimo disse...

Pedro Arroja,

Democracia directa...

ra

zézinho disse...

Boa malha. Se assim fosse, duvido que algum destes primatas que treparam "democraticamente", mas à revelia do povo, à arvore do poder, aparecesse nela escarrapachado, como agora acontece, para mal dos nossos pecados, da moralidade pública e da estética. E desta pátria que já era... Ou já foi.

marina disse...

pois , e quando se conhece um bocadinho os candidatos dos partidos , como acontece nas autárquicas , a abstenção ainda é maior que nas legislativas :)

Pedro Cruz disse...

O município da Amadora é demasiado grande para que as pessoas se conheçam entre si. Ganharia o maior populista ou demagogo, mesmo sem existirem candidaturas oficiais.
O país ainda é maior. Ganharia o Goucha, ou coisa assim.
Entretanto, gastaríamos o dinheiro todo e a paciência aos cidadãos com sucessivas eleições.
Mas confesso que não tenho ideia melhor, reconhecendo que as pessoas detestam os partidos e que estes são uma parte importante do problema.

Pedro Cruz disse...

Por acaso, gostaria de saber e não sei como é que eram designados os representantes do Terceiro Estado (Povo) nas Cortes. Como é que os municípios os designavam. Talvez a saída para justa e democrática composição da assembleia nacional passasse por aí...

Rui Alves disse...

Caro Pedro Cruz
Se não me engano, acho que cada concelho designava "homens-bons", ou seja, gente que pela sua actividade e condição detinha prestígio junto do povo do concelho para o representar.

Vivendi disse...

O líder de Couto Misto tinha o título de Juiz Governativo e Político.

Era eleito, para um mandato de três anos, numa assembleia composta pelos chefes de família das aldeias. Cada aldeia tinha um assessor do Juiz, chamado Vigário de Mês, e este, por sua vez, dois ajudantes, os Homes de Acordo.

marina disse...

pois é Vivendi , é só olhar para as instituições do Couto . e claro , big is ugly , só dá confusão:)

Vivendi disse...

Marina,

;)

Vivendi disse...

O interesse pelo Couto Misto ressurgiu em meados da década de 1990, tendo levado ao incremento da investigação histórica e a várias publicações sobre o território.

Um programa conjunto de verão foi organizado pela Universidade de Vigo e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em 1999 visando a história do Couto Misto.

Em 1998 a Associação de Amigos do Couto Misto (Asociación de Amigos do Couto Mixto) foi fundada, seguindo-se em 2003 pela Associação Comunitária do Couto Misto (Asociación de Veciños do Couto Mixto).3 Ambas as entidades restabeleceram a figura dos Homens de Acordo, com uma pessoa a representar cada uma das aldeias, e a do Juiz Honorário que era nomeado anualmente numa cerimónia na igreja de Santiago. A Arca das Três Chaves também foi reavivada com cada uma das três chaves a ficar sob custódia dos vários Homens de Acordo.

Movimentações políticas relativas ao Couto Misto levaram a debates e resoluções dos parlamentos galego, espanhol e europeu: em maio de 2007 uma moção (Proposición no de ley) foi discutida e aprovada (com 303 votos a favor) pelo Parlamento Espanhol reconhecendo a singularidade do Couto Misto como enclave histórico e cultural, apelando a medidas que permitam o desenvolvimento social e económico do território.

Ao mesmo tempo, uma moção semelhante foi aprovada pelo Parlamento da Galiza. Em 2008 uma questão foi colocada por escrito ao Parlamento Europeu em relação à contribuição da União Europeia para reavivar o Couto Misto, definido como "instituição que era politicamente e administrativamente independente das coroas espanhola e portuguesa."

Anónimo disse...

Acho que Pedro Arroja disse tudo em poucas linhas.
eao

José Lopes da Silva disse...

Alguns comentadores podem estar esquecidos de que o PA defende democracia "censitária". ...se bem que, mesmo assim, é de pensar se não ganhariam alguns populistas por aí.

muja disse...

Populismo é o nome com que a esquerda designa os que a vencem usando as mesmas técnicas propagandísticas.
De facto, como em tudo, a esquerda acusa os outros dos seus próprios defeitos. Não há coisa mais "populista" que o discurso esquerdalho: sempre ao lado dos trabalhadores/operários/oprimidos/discriminados. Reivindicar direitos sem nunca mencionar deveres. Etc.

Sempre achei engraçado que houvesse gente preocupada com "populismos". Ahahah! Dizem-se democratas, mas depois temem o popular. Ou seja, a democracia é boa, mas para os iluminados. Os que não são iluminados, são populistas!
É com este tipo de tangas que a esquerdalha militante leva a deles avante enganando os tolos que se dizem moderados. Põem-nos a fazer o trabalho por eles.

Eu pergunto: se o tal Goucha disser as coisas acertadas, se demonstrar os princípios correctos, se mobilizar as gentes, em que bases se poderá negar-lhe a legitimidade? O que faz dele populista e de alguém como, por exemplo, o Costa-edil, "democrata"?

Pedro Sá disse...

Isto é viver na redoma de vidro burguesa do século XIX, esquecendo a realidade e a relevância da representação sociológica.

Pedro Cruz disse...

O Mujahedin tem parcialmente razão, eu não conheço o Sr. Goucha e as suas eventuais propostas e capacidades políticas. Agora, registo que o referido comentador se considera a si próprio democrata e me considera parte da «esquerdalhada militante». Ou, pelo menos, «tolo».
Bem visto!
Confesso, porém, que não me importo nada de estar na companhia de Platão e de Aristóteles (só para mencionar os clássicos) no receio da Demagogia e do Populismo e sugeria-lhe que consultasse a entrada(s) do(s) termo(s) em alguma enciclopédia, para evitar escrever disparates.