Falemos talvez da relação mais natural do homem com a sua realidade externa - a posse da terra.
O que legitima a posse de um pedaço, maior ou menor, de terra, que se encontra sem proprietário (honesto) anterior?
A sua ocupação, trabalho, e delimitação. É o início da agricultura. É um princípio universal de justiça que seguramente é instintivo à própria natureza humana ainda antes de a conseguirmos racionalizar por princípios éticos.
Portanto, onde quer que este princípio seja violado, é cometida uma injustiça. Onde quer que institucionalmente este princípio foi violado, foi institucionalmente disposta uma injustiça.
Agora podemos avaliar os diferentes graus de gravidade da sua violação.
Na idade medieval, existiram muitas relações feudais fundadas não muito longe de uma relação contratual entre o senhor da guerra, cavaleiro, e as populações locais. O exemplo perfeito de elites naturais. Existem até exemplos minuciosamente estudados por libertarians académicos, como o sistema social que perdurou pela Irlanda por 1000 anos e na Islândia por cerca de 300 anos. A história da Europa, como qualquer história, é feita de complexidade e diversidade, e a forma com a instituição da propriedade e a relação da posse com a soberania mais próxima é feita de muitos "plus" e muitos "minus". Na diversidade da Europa, e precisamente porque o poder tendeu a estar disseminado e mais localizado com as populações locais, levou a que esse mesmo poder tenha cometido menos abusos que em outro cenário, e assim nasceu a civilização, para o qual a ideia de valores universais transposta pelo cristianismo seguramente contribuiu.
E quanto à diferenciação de julgamentos? Seguramente as experiências soviéticas e similares contêm um grau de violência institucional sem par. Mas seguramente, que a deposição de comunidades índias locais das suas terras (na medida, em que puderem ser consideradas suas) por parte do poder político aliado ao poder económico (ex: para beneficiar a sua posse por grandes empresas, ou antes disso, grandes proprietários bem conectados ao poder), configuram violações - coisa que aconteceu amplamente na América do Sul, em larga parte apoiada pela política externa americana. Daí a aversão histórica aos "gringos".
A procura de uma justiça universal, principalmente pautada por princípios negativos (a do direito a não ser invadido nos seus justos direitos negativos) que não conferem acções positivas, é de resto, um motivo que caracteriza o movimento libertarian, que pouco tem de interferir com os justos princípios gerais conservadores. Diria que um bom conservador o reconhece.
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