27 setembro 2013

Voltando ao básico II

É preciso notar, que, é precisamente a sacralização do direito propriedade como norma que permite que os actos de inclusão/ostracismo sejam extremamente punitivos para os julgamentos morais, dado que o contrato livre e a capacidade de discriminação podem ser exercidos de forma livre e não condicionada pelo mesmo colectivismo que sem critério, e por mero acto de vontade geral, decide o que integrar como sancionável ou não, proibindo-se em seguida, quaisquer actos de discriminação.

Agora é engraçado tomar nota de duas posições: a des-criminalização de certos actos segundo este critério produz reacções pela falta aparente de punição. O que reparo é que quando convenço ainda que ligeiramente que a capacidade de ostracismo livre conduziria a formas de punição muito mais severas, recuam para trás. Conclusão: é a opinião conservadora do status-quo. Querem as coisas como estão, isso sim, é ajuizado e ponderado, de uma sapiência e bom senso ilimitado. Suponho que por isso Hayek não era "conservador" no sentido corrente do termo.

Portanto, é uma luta antiga minha, o conservadorismo e tradicionalismo têm de reencontrar o direito de propriedade e des-legitimar a vontade geral, utilizando a razão contra essa máquina de des-civilização que é o estado moderno.

PS: e agora o Rui, vai falar novamente das crianças. O aborto e o abandono como actos certamente imorais também podem ter contextos. E no contexto do menos imoral, muito mais moral será, para pais em dificuldades por alguma (muitas) razões a não prática do aborto e o abandono com guarda a terceiros. De resto, numa sociedade menos estatizada, a transferência da guarda de crianças seria infinitamente mais fácil que no presente, dado serem muitos os pais potenciais. A que temos de somar a sociedade civil, instituições religiosas e seculares com esse objectivo. A redução do aborto (e a sua crescente percepção como imoral) e a prática do abandono (visto como imoral, mas como mal menor, e até satisfazendo a procura de muitos pais potenciais) sim, parece-me uma boa causa moral.

Mas não vai ser assim, vai ser a esquerda e direita (há muita) progressista a invadir o espaço de soberania (para o bem e mal) dos pais sobre a guarda de crianças, e vai acabar até a proibir e reprimir o aborto por causa da sustentabilidade do estado social. E com isso vai educá-la também a ser um cidadão, obediente à vontade geral, para quem qualquer coisa a que se possa chamar de lei natural (um critério absoluto independente da vontade geral) será obviamente ridicularizado.

19 comentários:

zazie disse...

Não tem nada a ver com propriedade.

Enquanto v. insistir nessa trampa da propriedade material de bens para depois chamar a isso moral, só diz asneira.

e é por isso que aquele gráfico ali em baixo (que eu nem comentei) também é mentira.

Nunca, em momento algum, o S. Tomás de Aquino meteu a puta da propriedade à baila para explicar a moral e o direito.

Aquilo ali é mentira e manipulação idiota dos ancap

Ricciardi disse...

O abandono de que fala agora nada tem a ver com o abandono que falava antes.
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Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
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Um pai que não pode alimentar o seu filho por qualquer motivo e o entrega a um lar qualquer está a cuidar dos interesses do seu filho. Um pai que não pode alimentar o seu filho e o deixa morrer tem de ser preso.
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Rb

zazie disse...

Uma pessoa é propietaria de coisas inanimadas e de animais e, mesmo em relação a estes, também existem limites que preservam os próprios e a natureza.

Nenhum ser humano é propriedade de ninguém.

Esta merda devia estar de tal modo na cabeça das pessoas que nem permitiria discussão.

Esses trogloditas são judeus. Só a judiaria é que sempre teve a mania de fazer dos seres humanos propriedade e taxar tudo com penas em função do valor dela.

Mais nada. É abjecto.

zazie disse...

Claro, morgadinho.

Aquela trampa de um pai deixar um filho a morrer á fome, dentro de casa, é coisa gore.

É coisa de monstros. Só um monstro podia ainda pegar nisto para exemplificar uma puta de uma pseudo-teoria sei lá de quê.

De moral?

De propriedade?


Foi de poropriedade porque moral aqui é que nem de nome pode entrar.

zazie disse...

Eu tinha vergonha de andar a papaguear uma monstruosidade destas.

Mas o CN tem fé nos gurus e a fé é cega.

Ricciardi disse...

Porra, mas reprimir o aborto é reprimir a matança. Eu refiro-me a abortos da moda e não aqueles outros que tem tanta história para trás que nos confundem a cabeça.
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Um aborto por motivos fúteis tem mesmo de ser reprimido.
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Já se começa a falar do direito a abortar até aos NOVE meses. Ora bolas. Qual é a diferença entre abortar aos NOVE meses e matar o bebe assim que nasce?
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Nenhuma.
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É que até determinada idade de gestação ainda se pode argumentar que o sistema nervoso não está acabado e que eles nem sentem, nem tem dor, que se trata apenas de um vegetal. Eu não concordo, mas compreendo este ponto de vista. Agora isto não pode ser um problema de Esquerdas e Direitas, nem de Propriedades sobre o corpo. A moral e a ética não se compadecem com maiorias parlamentares.
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Não sei como se resolve isto. Mas custa-me a aceitar que o Aborto seja livre. Épa custa-me. Não por razões ideologicas, mas sim por razões insanaveis que tem a ver com o UNICO verdadeiro Direito que existe, a saber: o direito à Vida.
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Rb

zazie disse...

Sim, claro. Mas quem é que disse o contrário?

Esta passou-me ao lado.

Quem é que defendeu o aborto?

Ricciardi disse...

Não existem outros Direitos. Não há direito à saude, nem à educação, nem à segurança, nem à propriedade.
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Existe um Direito à Vida e tudo o que ela representa (a dignidade etc).
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Os outros não são Direitos. São deveres. É Dever da sociedade preservar a propriedade de quem a tem. É Dever prestar cuidados de saúde e educação e segurança etc.
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Mas estes DEVERES, e não Direitos, tem a ver com dinheiro. Se houver dinheiro executamos os Deveres se não houver não executamos ou executamos em menor quantidade.
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Portanto, da Constituição devia ser retirados os Direitos TODOS exepto o direito à Vida e seus sucedaneos (dignidade etc). E passar a figurar Deveres.
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Os deveres da sociedade são executados em função da capacidade financeira da mesma. Os direitos (à Vida) nunca podem ser sonegados. Venha quem vier.
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Rb

Ricciardi disse...

Não me referia a ti Zazie.
.Rb

CN disse...

Zazie

Não é "abandonar" à sua sorte. Tal como Walter Block complementou de forma consistente, é abandonar à guarda de terceiros. Prática de todos os séculos.

Pior, bem pior é o aborto e são feitos todos os dias em massa e subsidiados.

Ricciardi disse...

Mas oh CN, não é isso que diz o Roth. O Roth diz que um pai pode deixar de alimentar o seu filho por questões que tem a ver com variantes da sua teoria da Propriedade.
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Entrega-lo aos cuidados de terceiros é um atitute sensata e meritória dependendo do caso.
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Rb

CN disse...

RIcciardi´

o que o Rothbard diz, é que independentemente das considerações morais que podem ter as suas consequências, ninguém pode ser obrigado pela força a alimentar uma terceira pessoa. O filho é um caso particular. Mas porque teria o filho e não outro qualquer a necessitar?



Como dizem alguns progressistas já, os filhos são da sociedade, como tal, porque não temos todos de garantir a alimentação de todas as crianças?

Só existe uma arma contra progressista e vontade geral: uma aplicação consistente de uma filosofia que se demonstra a si mesma.

Estão continuamente a subvalorizar a capacidade punitiva do ostracismo.

O abandono a guarda de terceiros é defensável pela característica da "guarda": Se aceito à guarda e quero deixar livremente de exercer a guarda, tenho de providenciar a guarda por terceiro. Este apontamento está feito depois da publicação da obra.

CN disse...

"Este apontamento está feito depois da publicação da obra"

Por estritos rothbardianos como Walter Block já mencionado.

zazie disse...

ah, ok.

Quanto ao resto, passo.

Acho que isto nem é discussão que mereça a pena.

Antes as mulas do Birgolino

":OP

Ricciardi disse...

Caro CN,
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Não é a capacidade de raciocínio que falta a um psicopata. Falta-lhe isso sim clarividência para valorizar os sentimentos humanos.
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Dito isto, Roth leva ao extremo as sequências da lógica. Por exemplo, um colega seu dá este exemplo:
- uma menina de 12 anos encanta-se com um professor pedófilo, e os pais ficam totalmente impotentes do ponto de vista legal para impedir esta troca “voluntária”. Podemos descer ainda mais no nível da imaginação: o pedófilo oferece algo em troca de sexo para uma menininha, e como não ocorreu agressão alguma, pois ela consentiu, nenhuma lei que proibisse a troca seria justa. A lógica Rothbardiana pode levar a casos realmente bizarros.
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Roth diz isto acerca de um livre mercado para a guarda das crianças. “Devemos encarar o fato”, diz ele, “que em uma sociedade puramente livre teremos um crescente mercado de crianças”.
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Pais que não desejam seus filhos, em vez de levá-los a um devido processo de adoção, podem simplesmente abrir um leilão no eBay para ver quem paga mais para adotá-los.
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Está a ver onde chega a lógica. Luciferiana.
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Outro caso estudado no livro dele é o tema do aborto. Para Rothbard, não havia muito que pensar: trata-se de direito de propriedade, o seu princípio absoluto; então a mulher pode fazer o que quiser com o feto.
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Se a mulher decidir que o feto é indesejado, a qualquer momento da gravidez, ele torna-se um “parasita” (termo usado pelo próprio Rothbard), e ela tem total direito de expelir este invasor de seu corpo. “Aborto deveria ser visto, não como ‘assassinato’ de uma pessoa viva, mas como a expulsão de um invasor não desejado do corpo da mãe”, conclui Rothbard.
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PS: CN, um gajo até pode admirar certa pessoa/pensador, mas não tem necessáriamente de estar de acordo com tudo o que ele debita. Faz parte da sua liberdade não fazê-lo, para não se tornar um carneiro.
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Rb

Ricciardi disse...

Quanto ao que referiu acerca dos filhos serem da soceidade e nao dos pais. Isso não tem pés nem cabeça. Os filhos são de quem os cria. A sociedade só tem deveres quanto à criança e nenhum direito sobre ela.
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Tem o dever de prover educação, Saúde e segurança.
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Rb

CN disse...

Aborto deveria ser visto, não como ‘assassinato’ de uma pessoa viva, mas como a expulsão de um invasor não desejado do corpo da mãe”, conclui Rothbard.


Rb

O aborto é outra coisa?

Anónimo disse...

Claro. E é outra coisa CN. É uma VIDA.
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Nao é um parasita. Nem q a maluca da mae o considere um parasita, um feto é uma vida e a vida percente a que a tem.
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Rb

CN disse...

RB

Claro que eu considero que é uma vida.

Mas quem faz o aborto está a fazer o quê e porquê?