29 setembro 2013

o amor II

A fome, o abandono, de todo o ser humano são imorais. Porque não ser eticamente (legalmente = sob ameaça da violência) obrigado (numa visão não-socialista-colectivista que vai desvanecendo) a providenciar protecção a quem de tal sofre?

Porque (felizmente) ninguém pode (por definição) ser obrigado sob ameaça da violência a dar amor. Nunca seria amor. O amor torna-se compulsivo por quem o sente, nada mais.

19 comentários:

Anónimo disse...

Bate uma punheta, caralho.

Ricciardi disse...

CN,

Ninguém pode obrigar quem quer a dar aquilo que não tem. Muito menos dar amor.
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As consequencias, porem, de cada acto individual pode ter implicações. Graves, menos graves, sem gravidade.
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A consequencia do abandono puro e simples de um filho, são graves.
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Independentemente da caridade alheia (ou solidariedade do todo) para com a criança abandonada (que é um dever da sociedade), o pai que abandona tem de ser responsabilizado em função da Gravidade e forma de abandono. Se se tratar de um abandono sem cuidar da sobrevivencia do filho, o pai tem de ser preso para nao voltar a fazer o mesmo e servir de castigo.
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Se o abandono for para bem do próprio filho, por qualquer motivo, não há lugar a prisão, mas mantem-se a obrigatoriedade de prover alimento ao filho na medida dos rendimentos do pai.
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Rb

zazie disse...

Mas qual amor, qual carapuça.
É responsabilidade.

Por alguma razão se chama "poder paternal" aos direitos que se tem sobre filhos.

Esses direitos derivam de obrigações de responsabilidade.

Amor não se mede e nem se sabe. Mede-se e afere-se cumprimento de responsabilidade por quem se colocou no mundo.

zazie disse...

Mesmo sem abandono até as pensões de alimentos são obrigatórias.

E descontam no ordenado, caso se baldem a pagar.

zazie disse...

Outra coisa- o não se ser obrigado sob ameaça da violência é uma fantasia sua e nada tem a ver com a ética.

Ética vem de ethos- hábitos que permitem a harmonia social e o bem comum.

O PA também anda a dizer asneira mas nem merece a pena.

zazie disse...

Está aqui uma edição, sempre é melhor que nada.

Deviam ler antes de dizerem disparates.

Foi escrita no séc IV aC e no XXI dC há tanto letrado que nem isto consegue pensar.

http://portalgens.com.br/portal/images/stories/pdf/aristoteles_etica_a_nicomaco_poetica.pdf

zazie disse...

A finalidade da virtude, da prática da ética é levar à felicidade.

Ora os neotontos alteram isto e consideram felicidade até a maldade por egoísmo.

É esta a porcaria em que se baseia todo o liberalismo.

O egoísmo amoral acima acima da harmonia colectiva. E esse egoísmo até pode provocar infelicidade para o próprio e para o próximo que, para um liberal, isso não conta.

Porque o liberalismo foi buscar ao Antigo Testamento o Bem Supremo individual com o qual se faz toda a lei- a propriedade!

zazie disse...

É o Ter; antes do Ser.

Por isso é que é absoluta mentira que tenha como antecedentes o S. Tomás de Aquino ou os escolásticos ibéricos.

O Cristianismo é o oposto ao Ter, em nome do Ser.

zazie disse...

E já assim era no paganismo filosófico grego.

Aristóteles e Platão teorizaram tudo isso muito antes do mundo moderno destruir esse legado e impor de novo a falsa moral onzeneira mais o novo deus dinheiro.

zazie disse...

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http://www.documenta-catholica.eu/d_1225-1274-%20Thomas%20Aquinas%20-%20Aristotelis%20Libri.%20Sententia%20Libri%20Ethicorum%20-%20PT.pdf
5. Duas propriedades da amizade paterna.
[A primeira propriedade da amizade paterna está em que] os filhos têm amizade para com os pais, assim como a um bem super excelente, porque [os pais] lhes são maximamente benfeitores, na medida em que são a causa da existência dos filhos, de sua alimentação e disciplina. E esta também é a amizade do homem para com Deus, [ segundo as próprias palavras de Aristóteles].

[A segunda está em que] a amizade que existe entre pais e filhos possui também deleitação e utilidade, tanto mais do que a amizade dos estranhos quanto mais [tiverem levado] uma vida comum. Do que provém que [pais e filhos] são maximamente úteis e deleitáveis mutuamente.

zazie disse...

E continua:

6. As propriedades da amizade fraterna.
Na amizade fraterna encontramos o mesmo que é encontrado na amizade dos que foram alimentados juntos. E se os irmãos são virtuosos e totalmente semelhantes entre si nos costumes, tanto
mais haverá entre eles amizade devido à conutrição quanto [nisto] mais próximos forem entre si. Esta [proximidade] poderá dar-se segundo três [coisas].

Primeiro, segundo a duração do tempo, por se terem amado mutuamente desde o nascimento.

Segundo,
segundo uma semelhança mais perfeita, porque os que são gerados de um mesmo pai mais parecem ser do mesmo costume, por possuírem uma mesma disposição natural, terem sido alimentados juntos e educados pelos mesmos pais.

Terceiro, segundo [a própria] experiência da amizade, por um ter provado ao outro por muito tempo, tornado a amizade entre eles máxima e firmíssima.

Anónimo disse...


Sobre o Amor há um livro do Francesco Alberoni muito interessante.
O Amor não é apenas adquirido à nascença é "ganho" com a experiência na linha do que disse a Zazi.

zazie disse...

"O filho é como uma parte do pai"

Posse é neste sentido que S. Tomás a entende.

«4. Manifesta-se como o direito paterno e dominativo são direito
por modo de semelhança, e não de modo simples.

O direito dominativo, que é do senhor ao servo, e o direito paterno,
que é do pai ao filho não é o mesmo direito que o direito político.

Ambos têm semelhança com o direito político na medida em que de
alguma maneira [o justo dominativo e o justo paterno ] o são em
relação a um outro. [Mas não podem ser ditos direitos de modo simples], o que é manifesto por não poder haver injustiça de modo simples de homem para com aquilo que é seu, assim como nem
também justiça, porque ambos, [o justo e o injusto], o são em relação a um outro.

Ora, o servo é do senhor como uma possessão, e o filho, até que se torne grande e se separe do pai pela
emancipação, é como uma certa parte do pai.
E que não há injustiça
para com si mesmo, é evidente porque ninguém faz eleição de fazer
mal a si mesmo. De onde que fica patente que, falando de modo
simples, não há justiça ou injustiça para com o filho ou o servo,
[mas sim somente segundo algo].
»

zazie disse...

A justiça da lei abrange tudo o que é abrangido pela moral:

«3. A justiça legal inclui todas as virtudes.

À justiça legal pertence utilizar-se da virtude ao outro. Ora, qualquer
virtude pode ser usada por alguém para o outro. De onde fica manifesto que a justiça legal não é uma virtude particular, mas à mesma pertence toda a virtude.

E igualmente, a malícia contrária [à
justiça legal] não é parte da malícia, mas toda a malícia.
»

zazie disse...

Porque existe BEM COMUM

Coisa que os Liberais negam e daí ser pura mentira que a neotontice possa ter raízes cristãs ou vir da filosofia clássica.

«A justiça pode ser encontrada em ambos os casos segundo sua razão própria.

Pela segunda maneira, o bem de qualquer virtude, seja que ordene ohomem a si mesmo, seja que ordene o homem a outras pessoas singulares, pode ser referido ao bem comum, ao qual se ordena a justiça. Isto acontece porque aqueles que estão numa comunidade
se comparam à comunidade como a parte ao todo. Como a parte, aquilo que ela é o é do todo, qualquer bem da parte é ordenável ao bem do todo.


Segundo isto, portanto, os actos de todas as virtudes podem pertencer à justiça, na medida em que ordenam o homem ao bem omum, e quanto a isto a justiça pode ser dita virtude geral.

Vivendi disse...

Eu aceito a noção do bem comum.



Vivendi disse...

E neste post recente defendo a importância do bem comum:

http://viriatosdaeconomia.blogspot.com/2013/09/o-monopolio-da-agua.html

O monopólio da água


Um leitor do Viriatos afirma o seguinte:

"A melhoria em abastecimento de água e saneamento foi feita pelo estado, não pela iniciativa privada, agora infelizmente querem privatizar a água. A água/saneamento e a energia elétrica deviam ser geridas pelo estado, são bens de 1ª necessidade e a concorrência não é eficaz. Desde que a electricidade foi privatizada o seu preço subiu brutalmente."

O vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=I5X9ioO9x9A ) de um canal de tv alemão foca sobre este mesmo tema (com um caso prático de uma cidade portuguesa).

Que conclusões podemos tirar então sobre a problemática?

Já muito se alertou por aqui no blogue que a diferença entre o papel do estado e o papel das grandes empresas monopolistas é praticamente nulo pois ambos atuam de uma forma coerciva e muitas vezes agem até em conluio contra os interesses da população (o chamado capitalismo de estado).

Assim qualquer esquema (seja ele público ou privado) que interfira contra o bom funcionamento de uma comunidade deve ser prontamente combatido e rejeitado pela população e pelos poderes locais.

O exemplo do vídeo sobre Berlim, que é uma cidade-estado, vimos os berlinenses a tomarem a atitude correta quando consideraram que estavam com uma má qualidade na prestação do serviço.

É completamente legítimo que os cidadãos tenham ao seu alcance o poder de validar ou invalidar aquilo que acontece dentro da sua própria comunidade (mesmo podendo estar a cometer um erro na escolha) mas cabe sempre à população local a última decisão.

Vivendi disse...

E daí que o PA e a Zazie tenham total razão quando afirmam que não adianta uma qualquer ideologia quando não se tem como finalidade única o bem-estar da comunidade. E todas as tentativas de ações devem surgir de ordem espontânea.

muja disse...

"Acções", Vivendi.

Faça lá um esforço para escrever como deve ser deste lado do oceano.
Não se amofine com isto, mas é tal a trapalhada acordita que grassa por aí, que quem tem dois dedos de testa e "amor à terra" deve fazer todos os esforços para combater mais esse desconchavo e preservar o que é nosso.