direito de secessão e tradição
" Sabe-se que, por volta de 1518, surgiram graves desavenças entre os moradores de algumas aldeias de Barroso, foreiros do Duque de Bragança, e os moradores de Randim, súbditos do conde galego D. Fernando de Andrade. ( ... ) O couto misto de Means era, na raia de Trás-os-Montes, era o mais extenso, e dentro dele incluía-se a velha aldeia, agro pastoril, de Tourém, terra de gente dotada de virtudes genuinamente trasmontanas, bem traduzidas no desassombro com que, por ocasião da eliminação do « couto misto », e da consequente fixação da linha da fronteira, optou, por uma espécie de " referendum " pela nacionalidade portuguesa, muito embora estivesse a cavaleiro do rio Salas, castiçamente galego. "
Padre João Gonçalves da Costa — em Tourém-Rua Duque de Bragança . (via Cristina Ribeiro)
7 comentários:
o couto mixto é das cousas mais curiosas que já vi. as leis pelas quais se regiam , tão bom , só dispensas :)
Excelente apontamento CN que eu desconhecia.
Mas já descobri umas coisas muito interessantes:
Nesta terra mandamos nós. Temos as nossas próprias leis. Não pagamos impostos, nem a Portugal nem a Espanha. Cada um de nós pode optar, livremente, pela nacionalidade portuguesa, espanhola ou mista. Nenhum de nós será militar de Portugal ou de Espanha. (Leis do Couto Misto, área que foi durante séculos um enclave entre Trás-os-Montes/Portugal e Galiza/Espanha até 1864). Foi o primeiro território peninsular com democracia.
O Couto Misto (em português) ou el Coto Mixto (em galego) vigorou durante cerca de cinco séculos. Naquela pequena terra transfronteiriça, com cerca de 27 km2 e com uma população que variava entre os 800 e os 900 habitantes, as autoridades portuguesas e espanholas não entravam sem autorização dos representantes máximos das aldeias do enclave.
Ao longo de centenas de anos o Couto Misto esteve desvinculado dos reinos português e espanhol e criou a sua própria organização social, política e jurídica.
Localização do Couto Misto
O Couto Misto, na fronteira entre o norte de Portugal e Espanha, gozava de uma autonomia ímpar na história dos dois países.
Cada família podia optar, livremente, pela nacionalidade portuguesa, espanhola ou mista. Quem escolhesse a nacionalidade portuguesa escrevia um “P” na porta da casa e quem quisesse ser espanhol colocava um “G” (Galiza) ou um “E” (Espanha). As famílias mistas tinham as duas inscrições.
No território falava-se português, galego e castelhano.
Os habitantes de Couto Misto não pagam impostos, taxas ou tributos aos reinos de Portugal e de Espanha.
Conquistaram o direito à utilização de um caminho privilegiado entre os dois países, com livre passagem de pessoas e de mercadorias (via entre Couto Misto e Tourém, concelho de Montalegre, Portugal).
Tinham direito a constituir o seu próprio Governo. O líder de Couto Misto tinha o título de Juiz Governativo e Político. Era eleito, para um mandato de três anos, numa assembleia composta pelos chefes de família das aldeias. Cada aldeia tinha um assessor do Juiz, chamado Vigário de Mês, e este, por sua vez, dois ajudantes, os Homes de Acordo.
Todos os homens do Couto Misto estavam dispensados de integrar os exércitos de Portugal ou de Espanha.
Tinham direito a licença de porte de arma.
Podiam dar asilo político e judicial a portugueses e a espanhóis, exceto a criminosos por homicídio.
Tinham direito ao livre cultivo do tabaco.
Placa comemorativa
Situado entre as Terras de Barroso, em Trás-os-Montes, e o Vale do rio Salas, na Galiza., o enclave do Couto Misto passou para a jurisdição e território espanhol por força de um acordo entre Portugal e Espanha (Tratado de Lisboa) celebrado em 1864.
Tanto em Portugal como em Espanha o enclave era conhecido por Terras Prosmíscuas, por coabitarem, livremente, cidadãos portugueses e espanhóis e por muitas famílias serem mistas.
O Couto Misto é composto pelas localidades de Santiago, Rubiás e Meaus, atualmente integradas na província Ourense (Galiza).
É uma história ímpar na Península Ibérica e o mais antigo modelo de democracia e de rebeldia que existiu em Portugal e na Espanha. Por esta e por outras razões, o Couto Misto é praticamente desconhecido nos dois países.
e há uma associação de vizinhos do coto mixto , Vivendi , que querem recuperar o seu antigo estatuto . se conseguirem emigro para lá , ainda por cima gosto imenso daquela zona .
Eu também estou fortemente tentado Marina.
Até tenho raízes transmontanas a não muitos km do local. Engraçado como nunca tinha ouvido falar de tal lugar.
Sabia da aldeia comunitária de Onor, do idioma Mirandês, mas sobre Couto Misto andava na ignorância.
Muito orgulho nas minhas raízes transmontanas também elas perto da raia.
Hoje Couto Misto também foi destaque na página Norte de Portugal ;)
https://www.facebook.com/eapronunciadonorte
Temos aqui um verdadeiro e genuíno exemplo para fazer a reconquista de Portugal.
Aprofunde na matéria CN. Merece uma bom artigo.
Jornalista: "Então, o que é que é proibido, na dieta mediterrânica?"
Convidada: "Nada. Não há proibições (...)"
at SIC Notícias
Jornalista: "Então, o que é que é proibido, na dieta mediterrânica?"
Convidada: "Nada. Não há proibições (...)"
Correcto. Está de acordo com a cultura católica, onde segundo PA, cabe lá tudo e o seu oposto.
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