06 maio 2013

A teoria do estado de tudo

Sempre que se fala em baixas dos rendimentos dependentes do OE (salários e pensões) há sempre quem se preste a dizer que isso contrai a economia porque é consumo que "desaparece" da economia, mas na verdade nunca propõem depois a sua subida (de salários e pensões), o que seria o corolário lógico de tal afirmação.

Assim, defendem:

- não baixar a despesa para não retirar estímulo à economia.
- à custa de aumentar a dívida, porque esta não retira procura (nem interna nem externa).

A origem disto parte dos economistas para quem o crédito monetário deixou de ser o abdicar por alguém de capacidade aquisitiva para depois ser transferida mas sim a pura criação de capacidade aquisitiva depois transferida para os credores (estado e privados). Bate certo e é consistente com a visão keynesiana em que:

- os consumidores devem... consumir e evitar o aforro, que só prejudica.
- o crédito não tem ligação à poupança, é uma função autónoma do sistema monetário desenhado superiormente pelo legislador, claro [um grande responsável por isto é Schumpeter]

De igual modo a moeda em vez de ser:

- um meio de troca escolhido pelas pessoas (a definição do fundador da escola austríaca, Carl Menger), que resulta de um determinado bem ser crescentemente utilizado em trocas até estar presente em todas as transacções

é

- o que estado diz que é, que a cria no momento em que a sua própria existência dá lugar a impostos a serem pagos... na moeda assim criada, moeda é assim uma convenção só possível pela existência de uma entidade que inicia a sua circulação ao determinar uma unidade de conta no acto de a emitir, fazer despesa e depois cobrar impostos. Daí que fazer despesa é o início de todas as coisas.

Ou seja: não há conceitos intrínsecos a relações de cooperação e troca voluntária entre pessoas, tudo tem existência apenas pela definição que um dado desenho institucional compulsório conferido pelo acto legislativo que formata a realidade.

Isso é visível na economia como no direito. Daí emana a teoria estatista da moeda e crédito, ou a teoria estatista do direito, como cada vez há mais uma teoria estatista da moral (a do bom "cidadão", onde o mais alto ponto como ser moral é "contribuir" e "participar" nessa massa orgânica de vontade geral).

A realidade social sou eu, diz a ordem política.

5 comentários:

Ricciardi disse...

Além da agricultura, alguns economistas deviam dedicar algum tempo à pastorícia e estagiar numa quinta de criação de porcos. É verdade. As teses de doutoramento com os Recos.
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Imagine-se, há alguns economistas que defendem que, para melhorar o rácio de Rendimento da exploração, a porca parideira deve comer menos e emprenhar sem descanso. A ideia é parir bacorinhos mais vezes, alimentando-se menos.
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Fantástico.
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Esses economistas, do alto da sua estimada sapiência perguntam, como é possível que os pastores nunca se tenham lembrado disso?
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Eu confesso, quando oiço economistas a defender que os particulares e empresas devem abdicar de riqueza e conforto para a transferir para os cofres do Estado, fico preocupado.
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Eles afirmam, que a Porca alentejana tem de abdicar do seu soldo, digo, da sua ração, porque consumir é coisa feia e inútil, bem se vê. No poupar é que está o ganho.
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Poupar é bom. Pois se a Porca for demasiado gorda e tem parido com uma velocidade acima das necessidades, não é má ideia emagrace-la na justa medida. O pastor Keynes, nesta fase de boa saúde da porca, aconselhava extactamente isso: que a Porca gorda emagrecesse.
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Mas quando é pedido à Porca que produza mais bacorinhos do que suíra, é bom que se cuide de a alimentar melhor. Não é possivel produzir mais, com menos Investimento ou Gasto na comida e nas condições do chiqueiro.
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Ora, o governo quer o melhor de dois mundos: quer que a Porca emagreça e ao mesmo tempo dê mais bacorinhos. Uma impossibilidade lógica.
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O pastor Hayek aconselha mesmo que a porca deve ser sujeita a sessões de fome deliberada. Esse pastor acha que emagrecendo, a Porca vai dar mais bacorinhos no futuro.
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Ora, um bom pastor não faz nada disso. Cuida da porca com bom senso. Se ela estiver gorda de mais, poupa ligeiramente na comida até ela obter o peso ideal. Se ela está magra demais, dá-lhe mais comida para a engordar.
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O mesmo é dizer que poupamos nuns tempos, para gastar e investir noutros tempos, e gastamos nuns para lograr obter poupanças ou lucros noutros.
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É, enfim, o ciclo da natureza das coisas.
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Rb

Ricciardi disse...

Mais a mais, o Investimento que o país necessita, para poder crescer, empregar e consequentemente pagar mais impostos, não vai depender da Poupança interna, ao contrario do que alguns crêem, durante muitos anos. Nada disso.
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O Investimento terá de ser financiado por Poupança Externa. O mesmo é dizer que Portugal precisa de convidar Capitais Estrangeiros a Investir DIRECTAMENTE no país. A Poupança Interna está destinada, obviamente, ao pagamento do Endividamento monstruoso que temos.
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Então, o governo só tem duas alternativas:

1º tomar medidas que atraiam Investimento estrangeiro. Como? Diminuindo Impostos.
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2º tomar medidas que diminuam os Custos de contexto do país para as empresas. Como? Diminuindo o IVA das materias primas que integrem processos de fabrico e licenciando negócios que façam diminuir os Custos Energéticos do país (Gas e Nuclear).
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Rb

José Lopes da Silva disse...

Haja ideias práticas:

"deve ser retomado um sistema como aquele que foi precursor da união monetária, o Sistema Monetário Europeu, que permite fazer “desvalorizações e valorizações controladas” das moedas nacionais, defende, o que exigira um controlo muito apertado sobre os fluxos de capitais. Os países em situação mais débil cujas moedas seriam necessariamente desvalorizadas teriam, num período de transição, de ser ajudados pelo Banco Centro Europeu, por exemplo, para evitar o colapso."

http://www.publico.pt/economia/noticia/fundador-do-euro-pede-fim-da-moeda-unica-para-deixar-o-sul-recuperar-1593476

Harry Lime disse...

No fundo o CN defende o bit-coin :):):)

A sério :):):)

Rui Silva

Anónimo disse...

É muito simples: a economia portuguesa, conduzida por uma cambada de incompetentes produzida na universidade dos "Jotas", subiu tanto tanto, descolou tanto da realidade que navega no etéreo mundo do além... E como se sabe, em tais paragens há muita falta de... ar! Resultado prático: é muito dificil respirar...
Problema sério, porque não temos vai-vém para lhe ir dar ar, nem "guita" para puxar a nave para níveis mais baixos da atmosfera, onde, como também se sabe, há muito arzinho respirável!...
Há quem diga que o melhor mesmo é cortar o cordão umbilical que ainda liga precariamente a nave ao solo, deixá-la vogar para alturas sem retorno e construir um equipamento novo de raiz, que tenha menos "asa" e mais "lastro"!...
Como é evidente, vai aparecer sempre um "inginheiro" qualquer a dar bitaites para a contrução da nova máquina.
Quanto a isso, acho melhor, antes de dar início aos trabalhos de construção, fazer uma escolha bem feita dessa gente, e, fazendo um esforço, alocá-los na nave velha antes de a soltarmos em direcção ao sol!...
E podem levar junto, uns milhares largos de funcionários públicos como lastro, porque se temos que os despedir para alijar carga, também é verdade que essa gente, por nada saber e nada querer fazer, não são mão de obra adequada para a nova construção.
Resolvem-se assim, duma penada, uma série de problemas, e, deste modo, talvez se consiga fazer renascer o 5º Império do Pessoa. Quem sabe?!!!