07 maio 2013

A Grande Depressão (1)

Introdução de Paul Johnson:

"(...) A profunda recessão de 1920 foi corrigida em apenas um ano. Não havia razão para a recessão de 1929 ter demorado mais, porque a economia americana era fundamentalmente sólida. Se o governo permitisse que a recessão se ajustasse sozinha, como teria ocorrido ao fim de 1930, considerando as recessões anteriores, a confiança teria retornado e a queda mundial não precisaria jamais ter ocorrido.

Em vez disso, o mercado de ações se tornou um motor de destruição, levando a nação inteira à ruína e, em sua crista, o mundo. (...) Esse padrão se repetiu por todo o mundo industrial.  Foi a pior crise da história humana, e a mais prolongada.  De fato, não houve recuperação natural.  (...)

Trata-se de uma história horrenda, e não acho que historiador algum a tenha explicado satisfatoriamente.  Por que foi tão profunda?  Por que durou tanto?  Até hoje não sabemos efetivamente.  Mas o autor que, em minha opinião, chegou mais perto de oferecer uma análise satisfatória foi Murray N. Rothbard em A grande depressão americana.  Por meio século, a explicação convencional e ortodoxa, dada por John Maynard Keynes e seus seguidores, era a de que o capitalismo era incapaz de salvar-se de si próprio, e que o governo não fez o suficiente para salvar um sistema de mercado intelectualmente falido das consequências de seus próprios disparates.  Essa análise foi parecendo cada vez menos convincente à medida que os anos passavam, sobretudo porque o próprio keynesianismo foi se tornando desacreditado.

Nesse ínterim, Rothbard produziu, em 1963, sua própria explicação, que virou do avesso a explicação convencional.  Ele defendia que a severidade do crash de Wall Street não foi devida à licenciosidade irrestrita de um sistema capitalista bandido, mas à insistência do governo em manter artificialmente o boom expandindo o crédito de maneira inflacionária. (...)

Graças às intuições de Rothbard, agora vemos que o período Hoover-Roosevelt foi na verdade um continuum, que a maioria das "inovações" do New Deal foram na verdade expansões ou intensificações das soluções de Hoover.(...)

Conheço poucos livros que tornem tão vívido o mundo da história econômica, e que contenham tantas lições convincentes, válidas ainda hoje (...).

Paul Johnson
1999"

8 comentários:

Luís Lavoura disse...

É ridículo pretender aplicar teorias económicas como se elas independenssem do momento histórico. É ridículo pretender que todas as depressões económicas são idênticas, têm as mesmas causas e evoluirão, naturalmente, da mesma forma.

Não conheço a história económica, mas não duvido que a depressão de 1920 terá sido causada pela desordem demográfica originada pela gripe "espanhola" de 1919. A depressão de 1930 teve uma origem profundamente diferente - o estado de endividamento profundo causado pelo colapso da bolsa de valores - e naturalmente teria sempre uma evolução distinta.

CN disse...

LL

Se não aceitas a explicação da origem das crises nas bolhas que a precedem na expansão de crédito pelos bancos, presente desde que os bancos existem de facto só te resta ir a cada uma (e são dezenas delas ao longo da história) procurar explicações contextuais específicas.

A forma como as bolhas se manifestam claro que são contextualizadas, dependem da realidade própria do momento, também o "trigger" para a bolha arrebentar podem ser vários. ,o que não quer dizer que não exista uma explicação comum.

Quanto a 1920, os preços tinham subido e tinha existido um boom pós-guerra.

Anónimo disse...

Nao sei porque é que me apetecia mas e melhor ler o autor da tese que o tal pretendia demostrarse como falsa. Querese dizer, quais os autores que insinuavam que a severidade do crash de Wall Street não foi devida à licenciosidade irrestrita de um sistema capitalista bandido?
Algum autor concreto para ser citado, please. Bibliografia enfim sobre da temática.
O tal Keynes era um dos tantos da lista dos autores-economistas acima citada?

Luís Lavoura disse...

CN,
eu aceito que as bolhas sejam a causa de crises, talvez até da maior parte das crises. Não me parece de forma nenhuma que elas sejam a causa de todas as crises. Não vejo porque não possa haver crises causadas por outros motivos, por exemplo uma epidemia que causou um crash demográfico.
É natural que crises causadas por diferentes causas tenham evoluções diferentes.
No caso da crise de 1920, cabe ao CN demonstrar que ela teve origem numa qualquer bolha. Isso é coisa que se demonstra com investigação empírica, não com postulados austríacos.

CN disse...

A análise da história tem todo o interesse, tanto quanto sei existiu inflação e um boom de preço no pós-guerra, se a epidemia ajudou a acelerar o crash, sim, pode ter sido. Dificilmente foi a causa em si da crise. Mas existem dados sobre esse período.

Anónimo disse...

No caso da crise de 1920, cabe ao CN demonstrar que ela teve origem numa qualquer bolha. Isso é coisa que se demonstra com investigação empírica, não com postulados austríacos.
...
A análise da história tem todo o interesse, tanto quanto sei existiu inflação e um boom de preço no pós-guerra, se a epidemia ajudou a acelerar o crash, sim, pode ter sido. Dificilmente foi a causa em si da crise. Mas existem dados sobre esse período.

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Nao sei se o LL imbuido pelo espiritu Robhardiano que ainda aniha ou ja criou no CN sabe bem de que crise estavam eles dois a falar. Nem parece.
Deve ser desta crise que por cá foi uma crise de 4 anos e nos Massachussets só apenas chegou mas em em forma de mini-crisecinha...

"A crise do pós-guerra (1920-1924)
Depois da guerra, os antigos concorrentes começaram a reconstruir suas economias. 1919 foi um ano de crescimento da demanda relativa por bens de consumo interno e do efeito positivo exercido por créditos americanos.
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Mas o rescaldo da guerra (inflação, a desmobilização das tropas, a falta de empregos, a dívida, deslocamento financeiro, etc) levou a uma recessão que começou em 1920 e não foi superada até 1924. Essa queda deveu-se a causas relacionadas com as dificuldades na conversão de uma economia de guerra para uma de paz e de descasamentos entre oferta e demanda. O último estagnou após a atração momentânea que envolveu a aquisição de efeitos domésticos, adiada para a conquista da paz.
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Alimentada a crise dois problemas fundamentais: as dívidas contraídas durante a guerra, e as reparações de guerra que a Alemanha foi obrigada a pagar aos vencedores (Versailles). O relacionamento deles estava perto, eo papel desempenhado pelos empréstimos americanos na solução fundamental.
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Tratado de Versalhes
EUA, aliados credor, aplicado, a fim de controlar a inflação, política de crédito restritiva destinada a reduzir a oferta de moeda em circulação, ou o que é o mesmo, implementou uma estratégia de deflação, enquanto implantadas medidas protecionista. O efeito resultante é o declínio da actividade económica europeia eo aumento do desemprego."

CN disse...

Tirando os "austríacos" e pouco mais, todas as análises de crises ao longo da história concentram-se em procurar causas na situação social do momento.

Ou é a transformação tecnológica, ou mudanças demográficas, ou o "capitalismo", conflitos, etc.

É o habitual. Muitas dessas teses têm interesse dada a descrição que fazem do tal "contexto histórico" próprio, mas isso não quer dizer que produzam, uma investigação sistemática económica clara. E`como digo, mais "histórica".

Luís Lavoura disse...

Tirando os "austríacos" e pouco mais, todas as análises de crises ao longo da história concentram-se em procurar causas na situação social do momento.

Eu diria que essa é a atitude correta - procurar as causas das crises, em vez de postular essas causas. Procurar as causas, em vez de se afirmar a priori que já se sabe quais elas são.