O leitor Francisco diz o seguinte:
"Mas mesmo rejeitando o utilitarismo determinístico, e bem, os "Austríacos" não saem da mesma caixinha iluminista de que é possível descobrir verdades económicas a partir de uma natureza humana postulada.
Esta natureza humana austríaca inclui, por exemplo:
1 - é impossível modelar as preferências que cada indivíduo tem
2 - dado uma certa preferência, cada indivíduo age racionalmente para a obter.
Este ponto 2. o CN nunca fala muito dele, mas é uma suposição extremamente duvidosa e de impossível generalização universal.
Se as ideias "Austríacas" alguma vez tiverem sucesso, que eu não tenho capacidade para avaliar, vai ser porque um economista tradicional vai pegar nelas e chamá-las "modelo Austríaco". Vai testá-las empiricamente e descobrir que se aplicam a um fenómeno qualquer."
Vou aqui provavelmente alongar-me demais no meu comentário:
Dizer "pressupor que age racionalmente para os [os fins] obter' é duvidoso" é pressupor a não-acção. A acção como conjunto sucessivo de actos, só pode ser objecto de estudo pela praxeologia na medida em que quem age faz uma relação, ainda que por hipótese, de eficácia duvidosa, de causalidade entre actos, meios e fins. Crusoé pode pretender aumentar a sua própria capacidade de recolher alimentos em menos tempo por dia, e para isso terá necessariamente (uma verdade universal, certo?) de produzir bens de capital [dedicando tempo na produção de bens afastados das necessidades ou preferências imediatas de consumo] (redes, lança, etc) da melhor forma ou pior, mas age. Se deseja simplesmente um fim mas actua de forma perfeitamente desconexa, não-age. Porque ou como o faz pertencerá à psicologia, psiquiatria ou antropologia, mas deixa de ser objecto da praxeologia (economia).
Por exemplo, na medida em que se "age" em direcção a obter fins com uma relação de causalidade, existe uma preferência temporal por inerência, e isso leva a deduzir a preferência universal por antes do que depois, e assim decorre valorizar inferiormente um bem disponível apenas depois do que antes ou imediatamente disponível, constituindo o rácio entre as duas valorizações (perfeitamente subjectivas) o juro [dito "originário", assim, nem é uma manifestação da produtividade do capital nem uma preferência por liquidez]. A alguém é indiferente o tempo? Se lhe for, um fim hoje ou nunca é indiferente, não age.
E por curiosidade, as crianças tendem a altas taxas de preferência temporal e assim dificilmente adiam o consumo de um fim mesmo se esse adiamento por hipótese for muito premiado (ver no dia a dia os pais a tentarem "comprar" ou convencer o adiamento de consumo de gelados ou algum lazer a crianças). Pode-se também dizer que os antropófagos denotavam preferências temporais mutíssimo altas, porque perante a possibilidade de escravizar, manter e obrigar pessoas a produzir coisas mais tarde, preferem quando podem, alimentar-se delas "agora", de certa forma preferem consumir "capital" (os escravos constituíam bens de capital para os seus senhores, por isso pagavam um preço) e numa atitude suicidiária presente ainda hoje em dia de forma menos evidente e mais complexa, em falácias económicas propagadas insistentemente , baseadas na ilusão do aumento de nível de vida temporário pelo consumo de capital. É marca da maturidade de uma criança começar a ser capaz de adiar o consumo com o objectivo de uma maior satisfação mais tarde, como é marca de uma civilização em estado mais avançado que outra ter taxas de juro mais baixas, reflectindo a atitude consciente de maior poupança na perspectiva de um maior bem estar mais tarde.
Assim, agir não racionalmente por definição seria não agir, porque aqui o racional não mede "eficiência" ou "eficácia", apenas dispõe que a pessoa humana age com um propósito consciente de prosseguir as suas preferência subjectivas (e isso inclui a escolha dos meios). Ou seja, basta dizer o homem age.
[Outro assunto é então, em que consiste o cálculo económico. Sem ele nenhuma economia de troca complexa é possível e uma das grandes lutas académicas de Mises deu-se com os teóricos do socialismo ao escrever sobre a impossibilidade do socialismo: quanto maior o planeamento menos os preços são verdadeiros preços e assim menos cumprem a sua função de coordenação e sem preços o planeamento não é possível, a prazo, o decaimento económico está assegurado]
Quanto ao teste empírico, dado que as tais propriedades universais são não quantitativas e correspondem no fundo a restrições inerentes à realidade da acção humana (repetindo-me, como: utilidade marginal decrescente, lei da associação, preferência temporal que conduz ao juro, a desutilidade do trabalho, etc) nada existe num teste empírico que possa validar ou falsificar com carácter absoluto uma preposição lógica inerente à acção humana, porque, note-se, da maneira que são formuladas, nem estão em posição de ser refutadas por dados históricos.
Por exemplo, chegados à natureza da moeda como meio de troca, afirmar que:
Se a quantidade de moeda (ou se a quantidade do meio de troca indirecto) aumentar, ceteris paribus, algum preço ou conjunto de preços (denominados em quantidades desse meio de troca) em algum ponto da economia vai ser maior do que seria se essa quantidade não tivesse aumentado.
[Os preços até podem estar nominalmente a descer, como pode acontecer benignamente em períodos de crescimento económico com estabilidade monetária, ou malignamente como resultado de uma bolha que rebentou, mas algum descerá menos do que se esse aumento de quantidade não suceder ... isto pressupondo a mesma procura anterior por moeda]
Tal afirmação é uma verdade em si mesmo, nenhum teste pode validar ou refutar. Nem sequer é uma questão técnica de ser impossível fazer testes reais ou investigar dados históricos com a amostra necessária e suficiente ou ainda a capacidade de identificar todas as variáveis independentes ou "medir", ou ainda de replicar a condição 'ceteris paribus". Se assim fosse seria apenas uma questão de tecnologia. Mas é mais o que isso.
Um dado postulado é verdadeiro em si mesmo ou está enfermo de alguma inconsistência, tal como na própria noção de geometria está inerente o teorema de pitágoras. A questão é que em relação à realidade humana estas verdades são reflexivas e não traduzidas em símbolos matemáticos nem, mais uma vez, dependem da recolha de dados históricos nem podem caracterizar-s por relações cardinais.
Isto nada tem de "racionalismo" no sentido que tem sido comentado aqui e ali. Essa acusação deve ser encontrada em toneladas de trabalhos que pretendem usar dados (e o problema começa logo nos dados) tal como fazem as ciências da natureza para estudar matéria que "não-age". Ora os dados históricos são sempre descritivos e nunca provam causalidade e pressupõem ainda características de medição que não existem na acção humana. Tais modelos pressupõem sim uma racionalização quantitativa possível da acção humana. E no limite que fins e meios seriam determináveis por critérios maximizadores ou minimizadores porque quer preferências de utilidade e relações causais medíveis estariam descobertas. Como digo, a colmeia estaria estudada, o economista passaria a gerir variáveis para calibrar as acções colectivas. Este tem sido o paradigma (umas vezes assumido outras implícito) da economia "mainstream" e que muito serve à justificação do poder político. A própria estatística é uma ideia que nasce aqui. Conhecer números, médias, elasticidades... para... se actuar sobre.
Não está em causa o interesse e validade de estudos práticos aplicados e da construção de modelos e os quais podem pretender investigar por exemplo, aspectos da teoria dos ciclos económicos, comportamento dos preços, etc. A caracterização histórica e a conjectura aplicada têm obviamente lugar. Mas apenas uma teoria pode compreender e atribuir causalidade e por outro afastar-se ou evitar fazer pronunciamentos que não devem ter lugar. O que está em causa é que status se quer conferir [validar, falsificar] ao empirismo.
E a partir de certa altura a chamada síntese keynesiana-neoclássica impôs o empirismo-matemática como a fonte de validação tentando replicar o método das ciências naturais. A escola austríaca tal como de resto o método reflexivo de sempre (os autores clássios) é ofuscado por uma ilusão grave. Mas ainda mais curioso é que os próprios empiristas nas suas obras não deixam de "reflectir" nas suas obras. Não praticam o que dizem na verdade.
Nota: O tratado de economia que mais se assemelha a um tratamento sistemático que se espera de um manual clássico e que constrói passo a passo todos os conceitos económicos relevantes de uma forma integral é o "Man, Economy and the State" de Rothbard e está disponível online e pdf.
Nota2: Acho que uma grande barreira que se foi criando e que atingiu o apogeu no século 20 - e que não estava presente antes, e consequência do empirismo anglo-saxónico (Hume, Locke) reforçado pela emigração dos herdeiros da historicismo alemão (os grandes adversários de Carl Menger e Mises) e o positivismo lógico (empiristas para todos os efeitos, inclui Karl Popper) para Inglaterra e Estados-Unidos - foi o esquecimento da reflexão filosófica lógica argumentativa, de resto, o traço dos intelectuais católicos por séculos. Um ponto protestante versus católicos? Merecia a pena saber. Da mesma forma o positivismo legal também fez desaparecer a lei natural e a descoberta do direito pela reflexão - uma ideia de que as normas justas existem, é preciso descobri-las na natureza das coisas, não decidi-lo por vontade geral. Existe aqui muita matéria para o qual nunca consegui convencer o PA da sua validade ou interesse em inquirir. Nunca se sabe... Não é demais notar as origens dos chamados pré-austríacos: escolásticos ibéricos, economistas franceses e até irlandês. Note-se que a ideia de verdade absoluta não existe no empirismo e isso, como diria PA, é característica protestante.
Economia e direito. Utilitarismo e Ética. Para ambos, uma via empírica, a outra reflexiva, que não deve ser confundida com metafísica ou a-realística. Pensem nisso. Tentem, com esforço, afastar-se da barragem intelectual que o século 20 criou à via reflexiva, qual a sua origem e porquê.
51 comentários:
então , pelo que li e pelo pouco que percebi , essa tal de praxeologia é apenas teoria da acção económica . homo economicus pencudo :)
e nunca me passou pela cabeça que quando alguém diz , por exemplo , mede as consequências ou mede as palavras , pudesse estar à coca um economista de calculadora na mão e que houvesse outros economistas a dizer que isso não se pode medir :))) enfim.
Não estava a espera que fosse psiquiatria?
Agora, o que eu não entendo, é que sendo a definição "austríaca" muito menos "racionalista" [só pressupõe a acção com relações de causalidade - nada de muito complicado - a coisa mais inerente ao ser humano] que todas as outras [pressupõem muito mais...], venham comentar como se fosse ainda mais.
Infelizmente não tenho tempo para lhe responder como deve ser, mas está aqui muito material útil para perceber a confusão entre nós (que parcialmente é semântica). Só alguns pontos:
A palavra "validar" está a ser usada com 2 sentidos diferentes e que não podem ser misturados, porque são coisas diferentes: 1) demonstrar, provar 2) aplicabilidade ao mundo real
As minhas críticas têm a ver com o 2). Eu não duvido que a praxiologia seja internamente consistente (como são infinitas teorias sobre a acção humana e a escolha racional), assim como há infinitas geometrias internamente consistentes, com ou sem teorema de pitágoras. A questão que se coloca é como é que estas teorias se aplicam à realidade.
Eu sei que posso dizer coisas do tipo "Se XX, então YY", mas onde raio é que eu encontro o XX na realidade? Exactamente nas condições pretendidas nunca encontro e é aí que entra o teste empírico.
Sobre como fazer este teste eu não tenho realmente tempo, mas penso que um comentador há algum tempo meteu um link para um artigo onde se explica exactamente como se testam postulados sobre a acção humana, não no sentido de provar que são verdadeiros ou falsos, mas no sentido de que têm alguma a coisa a ver com a realidade à nossa volta.
Se tiver tempo mais tarde vou tentar repescar esse artigo.
ahahahahah
Que diálogo tão engraçado.
As utopias são isto- não têm utilidade prática mas arrastam para ideologias que depois destroem o que tem utilidade prática.
":OP
O que mete medo nesta salgalhada é ser literalmente aquilo que a marina escreveu:
Uma utopia do homo economicus pencudo.
Tal como o marxismo também era uma visão totalitária e fechada da "praxis humana".
Sem este fechamento totalitário que depois garantem que tem um fim e que está subordinado a leis da natureza, estas merdas eram apenas esquentamentos mentais.
O problema é que se tornam ideologias e nem vendem o pacote todo de uma vez- vão fazendo trabalho de sabotagem daquilo que está ordenado e funciona.
Sempre com a pancada que é preciso "corrigir" para dar mais felicidade a todos.
Sempre a usarem o caos para espatifarem o que organicamente e lentamente se foi sedimentando pelo tempo.
Sempre à procura do Ano Zero- da Nova Fundação.
Mas, neste caso, como são idealistas a coisa ainda é mais perversa.
Asseguram que têm a Verdade porque a descobriram e ela é aprioriística.
Mas depois dizem que essa Verdade, que só eles conseguem visionar, não é verificada na prática.
Isto é teologia.
Só que a Teologia nunca se quis impôr como uma Verdade Económica ou algo prático para a organização económica e de propriedade das pessoas.
Qual "utopia" Zazie?
A única utopia que eu aqui vejo é pretenderem matematizar deterministicamente o homem.
Contra isso, que é praticado por quase toda a doutrina económica é que devia apontar.
A consistência lógica e o empirismo são ferramentas complementares e não exclusivas para produzir conhecimento útil. Mais do que conhecimento verdadeiro, eu quero conhecimento útil. Eu não faço nada com verdades inúteis para além de para além de produzir efeitos paliativos no cérebro (o que por si só também pode ser útil :)).
CN- se nunca e deu conta que anda a vender uma utopia, qu quer que lhe faça?
Em que é que isto difere da utopia marxista?
Eu digo-lhe:
Difere porque é idealismo e a dele era materialismo.
Difere porque a dele se fazia por revolução e a vossa julgam que se faz por lobbie e pregação.
O que é verdadeiro sem haver prova é tautológico.
E, sendo tautológico, há-de ser apenas um detalhe de outras coisas que servem para algo.
Este fundamento em Verdades impossíveis de serem verificadas mas que seriam a base de um empirismo- de toda a prática humana é uma coisa de loucos.
É teologia às avessas.
É pegarem na Ordem católica e nos fins teológicos do Bem Universal para dizerem que é outra coisa material que é ideal.
É a divinização do carcanhol como fundamento de tudo e finalidade de tudo.
Ninguém faz nada com verdades inúteis que garantem que nem se podem observar na prática.
Mas faz-se, se essas supostas verdades inúteis, não comprovadas, tiverem como princípio gerador de algo, a destruição do que está e se verifica na prática.
E mais. O problema aqui é querem juntar tudo- Economia com lei divina não verificável, e depois a moral diz-se que é ética e a dita ética é imoral e junta-se a isto umas palpitações psicológicas e um Mundo Novo a fazer-se.
http://www.praxeology.net/praxeo.htm
CN se quer evitar confusões deveria começar por escrever de forma menos atabalhoada. Não está aqui a pregar ao coro, está a pregar a cépticos. E dos bons...
Ah, e a escolha- o livre-arbítrio. Sempre essa pancada calvinista que tudo depois é escolha racional de cada um (porque não existe Bem Comum).
E a dita escolha individual de cada um, que eles juram ser absolutamente racional, serve para quê?
Serve para culpar os que falham!
Serve para se inventar culpados, como dizia o Nietzsche. É literalmente fazer-se do luteranismo da culpa uma forma de triunfo imoral dos protegidos por bens à nascença.
"Mais do que conhecimento verdadeiro, eu quero conhecimento útil."
Se o conhecimento útil não for verdadeiro que lhe adianta a utilidade? A não ser que ache que a ignorância é a mãe da felicidade...O problema da Europa actualmente é que está cheio de coisas úteis e muito pouca verdade
É por isso que para eles nunca existe acaso, nem roda da fortuna, nem imprevistos, nem sequer várias vias que não são escolhas.
Para eles existe tudo traçado a régua e esquadro, sujeito a leis invisíveis, inverificáveis mas afirmadas como sagradas pelos gurus.
É o motor da História. Tal como em Marx essas leis é que fazem a História.
E fazem-na num todo- pela acção humana.
Que ele dizia ser luta de classes e que estes pencudos, na volta, até dizem o mesmo ainda que disfarçado.
Porque é o mundo do Bentham que está por princípio e fim- o máximo de felicidade para todos.
Como não é LSD- ou é sovietes a electricidade, ou protecção do Ter.
"Se o conhecimento útil não for verdadeiro que lhe adianta a utilidade?"
A mecânica de Newton é falsa e eu estou bastante satisfeito com a sua utilidade. Idem para o resto da ciência.
"Mises called the science of human action praxeology. Hendrickson notes that “humans make choices” which are based on their own personal values. He notes: “individual human consciousness, economic values and ethical values coexist and often effect each other. Praxeology acknowledges this reality as does the Bible . . . the Bible lends considerable support to Misesian praxeology.” Now what is he saying? He seems to be saying that Mises says that humans act according to their own values. And the Bible says that humans act according to their own values. And that means what?
That question is left in limbo. Now I suspect that most people will say that human beings act and when they act they act according to their values. This is not particularly innovative thinking. It may be important as a fundamental principle but it is not innovative. Nor is is necessarily found in the Scriptures. Now Hendrickson may argue it is, but his article is devoid of any biblical references to back up his assumptions. But since he was writing for the religiously based Acton Institute, he was preaching to the choir.
Now the fact is that many Christians do not believe that the Bible teaches that man acts by choice. Those who believe in Calvin’s views would argue that God predestines how man acts. Thus man does not act according to his own values but according to a predetermined script written for him by God. And the Calvinist argument is typically heavily footnoted with Biblical references unlike Hendrickson’s article. The basic argument is that God is all knowing. For God to know all things he must know them before they happen. But to know such things in advance is to predetermine them. Omniscience leads to foreknowledge and foreknowledge leads to predestination."
aqui -- http://againstpolitics.com/von-mises-washed-in-the-blood-of-jesus/
"A mecânica de Newton é falsa e eu estou bastante satisfeito com a sua utilidade. Idem para o resto da ciência."
Boa resposta.
" escolha individual de cada um, que eles juram ser absolutamente racional"
Ora bolas, então os austriacos dizem que as escolhas são perfeitamente subjectivas e não medíveis e vêm para aqui acusar de alguma racionalidade extrema...
Isto está desconexo...
O ponto final do CN diz tudo.
Ele não entende que a reflexão existia e tinha sentido, ao ser aplicada como um todo, à Criação, dentro de uma visão meramente religiosa.
A visão religiosa não intervinha em detalhes utilitários.
O mundo desenvolveu-se e fizeram-se avançs técnicos e de saber, sem que a religião impusesse uma única via pragmática ou económica como base de tudo.
De tal modo que até deu liberdade à usura, por pragmatismo.
E a Moral e Justiça e Deus estavam acima da vida humana- Eram um espelho mas não ingeriam nas suas pequeninas coisinhas.
O que sucede no Mundo Moderno é que se destrona Deus para colocar no lugar dele o Cifrão.
E com isso tiveram de deitar fora toda a "reflexão" teórica que subordinava a prática à intenção do Bem e do Bem Comum e de um fim subordinado a uma Ordem divina.
Então, inventam ordens terrenas, verdades das coisas terrenas e materialistas e passam a criar utopias de paraísos terrestres a vapor, a electricidade, a petróleo, a finança.
O que eu gramei mais foi o da ironia do prazer a lSD.
Isto que v.s pregam é uma variante do Admirável Mundo Novo.
É a outra face da mesma moeda.
V. diz que se age racionalmente e se escolhe subjectivamente mas de forma consciente e racional.
Não há contradição na minha leitura.
V. é que não entende o que escreve.
O PA até lhes respondeu com os 20% de escolha racional.
"A consistência lógica e o empirismo são ferramentas complementares"
Francisco, a matemática precisa do empirismo?
Não se medem mas v. garante que são racionais.
Que toda a praxis é uma escolha racional para o melhor fim.
Não é.
O facto de a acção ser subjectiva e por isso não permitir reduzir tudo a número devia preocupá-lo.
Porque se os empiristas acham que depois os modelos se podem aplicar à colmeia com a fábula das abelhas- qeu tudo o que é mau até é útil; v.s fazem pior.
V.s dizem que nem se pode é verificar os erros!
Porque são fatalidades e a Natureza tem leis imutáveis e lá se encarrega de novo salto em frente e de purgas pelo caminho.
A matemática para servir para alguma coisa percisa de utilidade prática e verificação da sua utilidade.
A reza não precisa de verificação experimental. V. pode rezar a Deus que não tem modelo empírico para medir efeitos.
V. reza ao Mises e reza ao Rothbard e a todos esses gurus e eu posso é perguntar-lhe se essas imutabilidades por eles inventadas já deram resultados práticos.
Porque a utopia marxista já se estatelou ao comprido.
E a vossa? já tem séculos no lombo para se perceber para que podia servir.
Ou serve apenas para reza?
Não digo que se age "racionalmente" com essa significado.
Digo que para a praxeologia para ser "racional" basta que exista uma ideia e intenção de causalidade entre meios e fins.
Diria que é a definição mais leve que pode ser encontrada como pressuposto.
Abaixo disto é saltar para o mundo animal ou vegetativo.
Como é que uma definição tão "leve" pode ser posta em causa (incluindpo rejeitar a medição) e depois vêm para aqui dizer que sistemas de equações é que é...
Já é de muito longe ( e já assistiram aqui a isso várias vezes) que no fim da discussão os empiristas acabam numa espécie de nihilismo. Nada se pode saber sobre nada.
OU seja, começam no; é possível conhecer verdades sobre o homem através de dados e medições, e depois á medida que se apercebem da fragilidade sua própria posição... saltam para, nada é possível saber.
Se os dados alguma dissessem determinismo vários seriam ... determinados... e as previsões seriam previsões.
Mas os empiristas nunca provaram (é impossível por natureza) saber alguma coisa.
"Francisco, a matemática precisa do empirismo?"
Para ser verdadeira? Não.
Para ser útil? Sim.
Se não houver empirismo, como raio é que vai aplicar a matemática a algum problema? E sem empirismo, como raio é que vai saber qual é o melhor sistema matemático a usar. P. ex.: como é que você decide se deve partir da geometria Euclideana, Projectiva,Riemanniana, etc, se não fôr à realidade medir qual é a que mais se adequa ao problema em questão?
Zazie
Estamos a falar de economia, para já. Deixe a ideologia para outros posts.
Se se revolta contra definições extremamente cuidadas sobre os limites da razão (por exemplo: as medições não se aplicam à razão do acção humana) o que dizer do resto das doutrinas económicas?
Tem de as rejeitar por completo.
Francisco
O "melhor sistema monetário" é determinado como?
Conjuga as preferências de milhões de pessoas, mede a sua utilidade, faz o input de preços e sistemas e chega a uma conclusão?
Que utopia é essa?
Por "saber alguma coisa" quero significar determinar leis universais.
Como é N experiências validam o que quer que seja? Não é possível que ao fazer mais uma dê um resultado que invalide?
É inconsistente.
Um dos problemas do CN é que acha que a matemática é apenas uma verdade unificada. Não, eu posso trabalhar com diferentes sistemas matemáticos partindo de axiomas diferentes.
A mesma coisa para a acção humana. Eu posso pegar num livro académico sobre Rational Choice theory e encontro uma infinidade de teorias diferentes sobre a acção humana.
Qual delas é a verdadeira? São todas verdadeiras, no sentido em que são logicamente consistentes. Agora aplicá-las à realidade já é outra questão...
Não.
Não estamos a falar de economia para já e não deixo o resto escondido na manga para depois.
V.s faz sempre esse truque de apresentar um modelo e depois parti-lo aos bocadinhos a ver se consegue consensos parciais para ir vendendo o remédio gota a gota.
O seu remédio chama-se praxiologia- a dita cuja é uma utopai totalitária onde a economia não é uma mera parcela- está unida com a moral, com a biologia, com a acção humana.
Portanto, eu pego pelo todo e v. é que tem de explicar o que fazem as partes nesse todo.
A economia não é matemática. E v. acabou de perguntar ao Francisco se a matemática precisava de verificação experimental.
V, contorna as questões e isso ou é demagogia ou é patetice porque não está a pregar para o bando.
E deixe-se dessa truque apatetatdo que também s+o pode servir para o bando.
V. aqui não tem como adversários outros neotontos à amaricana.
Eu estou a deitar abaixo tudo.
Porque não sou sequer liberal.
Porque não sou sequer marxista.
Porque vejo demasiadas semelhanças nesses irmãozinhos todos.
Zazie
O que se está aqui a defender é as únicas leis económicas que podem ser determinadas como universais têm de ser determinadas e expressas na sua consistência com a acção humana.
A matemática não se aplica à economia (embora é o que fazem as restantes escolas) mas a praxeologia é a única forma de chegar a formulações universais.
Peque no exemplo da quantidade de moeda expresso no post.
o que é que o empirismo pode ou não fazer quanto a essa formulação?
A Economia nunca poderia ser a base de um projecto de sociedade humana.
Ponto final.
V.s fazem isso desde o Hobbes. Desde aí que se inventam sistemas económicos para as sociedades.
É esse o erro. É o homo economicus marxista e é o utilitarismo benthiano que são comuns e nasceram do mesmo:
Do iluminismo. Da divinização da Razão humana.
Em todas as áreas esse mito já foi destronado.
Só os economistas ou cieontoinos é que ainda vivem no século XVIII e XIX.
FranciscO: "Qual delas é a verdadeira? São todas verdadeiras"
Porque é que são todas verdadeiras? O marxismo é falso, como muitas falácias na doutrina económica são falsas,porque se demonstra a sua inconsistência e contradição. Outras são meras observações históricas descritivas.
"Por "saber alguma coisa" quero significar determinar leis universais."
Eu gostaria de saber como é que o CN, entre dois sistemas lógicos consistentes, mas incompatíveis, decide qual deles é uma lei universal.
P. ex., qual é a lei universal relativamente à geometria? É a euclideana, é a projectiva, é a afim, é uma que ainda não foi descrita?
"É o homo economicus marxista e é o utilitarismo benthiano que são comuns e nasceram do mesmo:"
Zazie, vamos dizer assim, é o menos possível sem acabar de todo com a ideia de economia. depois de rejeitar a medição e proclamar que o "valor" +e subjectivo a cada pessoa, o que é que fica de "economicus"?
Mas qual marxismo?
Estamos a falar de postulados racionais, e. g. se a ordenação preferencial é forte ou fraca, se há informação perfeita, etc
homo economicus, CN.
Não lhe diz nada?
A Economia não é uma ciência estruturalista com leis imutáveis que se aplicam em qualquer parte do mundo.
V. parte dessa ideia totalitária e vazia de economia.
Para se ser economista é preciso saber muitos mais coisas- a começar por História.
Leia o debate no Portadaloja acerca do Bento versus VPV para perceber de que se fala ao mandar para trás estes "sistemas da praxis humana com base em leis económicas".
Fica de economicus a base- o ser humano é visto como um motor de busca de satisfaçõe económicas.
É um monstrinho de ter e tudo no mundo ser resume a leis do ter e haver.
Eu não quero acabar com a Economia. Gostava é que os economistas tivessem tino e noção das suas limitações e necessidades de saberem muito mais coisas sem pretenderem subordiná-las aos seus esquemas.
O Marx não teve tino e criou uma utopia económica de um homem económico, ainda que nunca conseguisse explicar bem o que faria depois de se libertar da alienação capitalista.
E os neotontos criaram sistemas económicos de engenharias de ubris.
Uns saõ matetrialistas; outros pencudos e vão buscar leis à Torah.
E subordinam a moral a estas merdas utilitárias e depois temos legitimação de tudo, até de escravatura ou venda de õrgãos, ou abandono de crianças, ou abortícios pragmáticos.
Não li, vou tentar.
"o ser humano é visto como um motor de busca de satisfações económicas."
Não vejo nada disso nos "austríacos", mas vejo muito disso nas outras escolas.
Essa accção humana que quer fundir economia com moral e biologia é nisto que dá.
O Rothbard limitou-se a levar ás últimas consequências essas leis naturais.
E o Huxley brincou com a coisa e lá achou que o LSD teria o mesmo efeito e daria paraísos mais rápidos.
V.s podem ter uma data de razões pontuais em luta tribal com os chicagenses e não sei que mais.
Mas são neotontos e a base liberal é a mesma e esta é que está errada.
Porque vem de dogmas das luzes. Porque vem da mitificação da Razão.
Como é qeu não v~e isso nos austríacos se ali atrás citou um frase de Mises que era uma frase de Bentham.
V. nunca se deu conta que o Mises foi beber ao Locke e ao Benham?
"Alguns economistas pensam que a tarefa da ciência econômica é determinar a forma de obter a maior satisfação possível para todos ou, pelo menos, para a grande maioria das pessoas. Não se dão conta de que não há como medir a satisfação alcançada pelos vários indivíduos.»
O que é isto de determinara forma de obter a maior satisfação possível para todos?
Quem disse?
Ele não coloca em causa essa função. Ele apenas diz é que os modos de a atingir não são mensuráveis.
Economia e direito. Utilitarismo e Ética
isto não pode nem deve estar unido num qualquer esquema de leis da natureza.
Os neotontos quiseram-nas unir. O marxismo idem.
As utopias são isso.
O texto e debate no Portadaloja foi este:
http://portadaloja.blogspot.pt/2013/04/economistas-e-historiadores-quem-sabe.html
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