17 abril 2013

a falácia anti-poupança

Diz assim: se todos pouparem mais, ninguém poupa porque as pessoas perdem rendimento dado o consumo baixar.

E acrescenta: a tua despesa é o meu rendimento.

A resposta deve ser: se todos aumentarem a poupança, aumenta também o capital monetário disponível para aumentar a produtividade (baixa de custos e preços) o que se traduz depois em rendimento disponível adicional mais cedo do que se esse aumento geral da poupança não tivesse operado. Tal traduz-se na baixa de taxa de juro, que faz aumentar o volume de projectos rentáveis.

Assim: a tua poupança é o meu financiamento.

PS: o problema da baixa artificial da taxa de juro (por expansão da moeda/crédito) é aumentar o volume de projectos rentáveis sem que realmente tenha lugar a poupança real necessária para sustentar o período de prejuízos (é necessário adiantar salários antes de existirem receitas - é para que serve o capital: para grande benefício do trabalho) esses investimentos adicionais. É a ilusão temporária da possibilidade de um maior investimento para um igual ou até maior consumo.

7 comentários:

Ricciardi disse...

CN, já leu o conceito de poupança forçada de Hayek?
.
Anyway, é bom haver poupança interna; é bom haver investimento interno; é bom haver consumo interno. É bom captar poupança externa, é bom captar investimento externo. Mas é preciso ter Procura.
.
Quando a poupança interna é insuficiente, ou é Forçada e portanto pontual, que solução encontraremos para podermos Investir e criar empresas e empregos?
.
- Obtendo poupança externa.
.
Alguém na aldeia global procura Investir o seu excesso de poupança e escolhe países para o efeito. Sejam eles bancos estrangeiros ou multinacionais estrangeiras.
.
Olhe a China. Investiu (e investe) 50% do PiB todos os anos. Foi com Poupança Interna que o fez?
- Não. Foi com poupança externa. Os empresários Gringos injectaram naquele país triliões de dolares. As suas poupanças portanto. Os gringos e os europeus e japoneses.
.
Sabe CN, quando os austriacos elaboraram as suas teses, o mundo era outro. Não estava globalizado. Contava-se com as poupanças de cada país e faziam-se umas guerras para aumenta-las. E serviam-se exclusivamente dessas poupanças internas para investir.
.
Rb

Ricciardi disse...

Portugal passa um momento desses. A poupança forçada aumenta e o Inevstimento diminui. Porquê?
- Porque a poupança é Forçada. A poupança actual (ou o seu aumento) não devém da criação de riqueza adicional. Não devém, em suma, de guardarmos o que sobra depois de satisfeitos os nossos gastos. Nada disso. A poupança devém por motivos de medo do futuro. O pessoal poupa porque tem receio que o amanha seja pior. Eis porque sendo a poupança mais elevado, o investimento tenha baixado. O pessoal poupa mas nãp há ninguém que use essa poupança para empreeder. E porque?
- Por causa da Desvalorização Interna. Sim, porque os empreendedores não percepcionam capacidade ou poder de compra que justifique investir no que quer que seja.
.
Sendo, pois, a confiança a pedra angular de uma economia, a melhor ideia é dotar a procura de mais confiança- mais dinheiro e mais barato por certo e determinado tempo. Se a procura procurar a oferta aparece de supeton. Mas o contrario não acontece; a oferta não oferece porque não existe procura.
.
PS. Refiro-me ao caso concreto portugues. Existem vários casos por esse mundo fora onde o problema não está no que acima referi e aonde se justifica Desvalorização Interna. Olhe, por exemplo na Irlanada que nãi tinha um problema economico (como nós) mas sim um problema estrictamente financeiro.
.
Mas eu já sei. Para o pessoal moderno, das teorias arcaicas, os modelos tem de ser iguais para toda a gente. Internacionalização dos remédios. A cura universal. Somos todos iguais. Uma especie de comunismo de sinal contrario.
.
Rb

Pedro Sá disse...

Essa é a ideia de que só após poupança se pode investir E que o dinheiro poupado será investido.

Ora, bem sabemos que isso não é verdade. Aliás, por essa ordem de ideias ninguém poderia iniciar o seu negócio por falta de dinheiro poupado e teria que esperar, esperar, esperar...mas, claro, que se lixe a livre iniciativa porque o que interessa é só quem já tenha uma boa quantia de dinheiro poder investir e assim se manter a dita ordem natural de rigidez social absoluta não é?

CN disse...

Pedro Sá

Outra vez a ideia que lendo as minhas palavras, conclui que não haveria crédito? Porquê?

O actual sistema prejudica em muito a poupança e acumulação de quem pouco tem.

O actual sistema beneficia em muito os grandes credores (grandes capitalistas) que fazem grandes operações totalmente financiadas e subindo as bolhas e acumulando riqueza indevida.

Estes últimos é que seriam prejudicados por um sistema mais ortodoxo. E bem.

Pedro Sá disse...

Treta. Por essa lógica quem pouco tem não tem qualquer hipótese de ir longe, porque terá que esperar eternamente por ter algum capital que lhe pudesse proporcionar essa possibilidade, e a vida é como é e muito possivelmente não o conseguiria fazer.

Para além disso queremos incentivar o risco ou o medo? Queremos incentivar quem acredita que pode conseguir alguma coisa ou quem só falta meter o dinheiro debaixo do colchão cheio de medo?

O actual sistema beneficia todos, em rigor. Esses preconceitos da escola económica ortodoxa é que estão cheios de disparates.

Fábio Oliveira disse...

O problema? É que a procura contrai e com isto as pequenas e médias empresas (que são quem nos pode garantir oportunidades futuras, potenciais "rising-stars") vão à falência.
Daqui a uns anos, quando tivermos um estado de poupança melhor e a procura aumentar não teremos empresas portuguesas numa posição para responder a essa procura. Quem beneficiará? Certamente não serão empresas portuguesas.

O que apresenta é uma teoria válida mas na prática teremos um país que no futuro terá perdido duas gerações: uma porque emigrou, porque não teve oportunidades de trabalho que lhe permitisse consolidar os conhecimentos; a outra porque não nasceu devido aos projectos de vida adiados de tantas famílias jovens.

Se nos podemos culpar a nós portugueses por esta situação também devemos chamar a quem promove estas políticas junto de nós e que tirará proveito da desgraça a que continuamos a conduzir o nosso país.
Mais, se nos podemos culpar por esta situação, porque continuamos a não fazer melhor?

Fábio Oliveira disse...

@CN, pretende castigar os grandes credores tirando oportunidade aos pequenos de perseguirem um sonho que eventualmente possa bater esses grandes credores? Isso elimina a mobilidade social, que penso ser algo que defende e que é essencial para evitar monopólios, falta de inovação e justiça social.

Para castigar os grandes credores que fazem operações completamente financiadas e que criam bolhas devemos ter uma mão mais forte sobre essas operações. Não é eliminando o poder de financiamento dos mais pequenos.